Categoria: Daniel

PROFETA DANIEL
Introdução
O Livro de Daniel foi escrito em tempos de perseguição e sofrimento para o povo judaico. Por meio de histórias e de visões, o autor procura explicar ao povo por que eles estão sendo perseguidos e também os anima a continuarem fiéis a Deus. Chegará o tempo em que Deus acabará com o domínio dos gentios, e mais uma vez Israel será uma nação livre e independente. O livro se divide em duas partes:
1. Histórias a respeito de Daniel e de alguns dos seus companheiros, que estão vivendo na Babilônia, para onde foram levados como prisioneiros. Eles continuam firmes na sua fé em Deus e obedecem às suas leis, e por isso Ele os salva do sofrimento e da morte.
2. As visões de Daniel, que tratam de vários impérios que aparecem e depois desaparecem. Essas visões deixam bem claro que os perseguidores serão derrotados e que a vitória final será do povo de Deus.
Esquema do conteúdo
1. Histórias de Daniel e de seus companheiros (1.1—6.28)
2. Visões apocalípticas de Daniel (7.1—11.45)
a. Os quatro animais (7.1-28)
b. O carneiro e o bode (8.1—9.27)
c. O mensageiro do céu (10.1—11.45)
3. O tempo do fim (12.1-13)

  • Daniel, 12

    A MAIOR DESGRAÇA QUE O MUNDO JÁ VIU
    1-2 “‘Esse será o momento quando Miguel, o grande anjo, que é príncipe defensor do seu povo, entrará em cena. Será um tempo de desgraça, a pior desgraça que o mundo já conheceu. Mas seu povo será salvo da desgraça, todos os que tiverem o nome escrito no Livro. Uma grande multidão, composta daqueles que já morreram e foram sepultados, acordará — alguns para a vida eterna; outros, para a vergonha eterna.

    3 “‘Homens e mulheres que viveram de forma sábia e justa brilharão como a noite sem nuvens, repleta de estrelas. E os que conduziram outras pessoas ao caminho certo brilharão como estrelas para sempre.

    4 “‘Este é um relato confidencial, Daniel, para seus olhos e ouvidos somente. Mantenha-o em segredo. Guarde o livro fechado à chave até o final. Nesse ínterim, haverá uma busca frenética para se tentar entender o que está acontecendo.’”

    5-6 “Enquanto eu, Daniel, ouvia tudo isso, apareceram dois seres, um do lado do rio em que eu estava e outro do outro lado. Um deles perguntou a um terceiro homem, vestido de linho, que estava acima das águas do rio: ‘Até quando vai continuar essa história intrigante?’”.

    7 “O homem vestido de linho, que estava acima das águas do rio, levantou as mãos para o céu. Ouvi quando ele jurou solenemente pelo Eterno que seria um tempo, dois tempos e meio tempo e que, quando o opressor do povo santo fosse derrubado, a história chegaria ao seu final”.

    8 “Ouvi tudo isso claramente, mas não entendi. Por isso, perguntei: ‘Senhor, pode me explicar isso?’

    9-10 “‘Continue a fazer o que está fazendo, Daniel’, ele disse. A mensagem é confidencial e será guardada à chave até o fim, até que tudo chegue à sua conclusão. O povo será purificado e renovado, mas os maus continuarão sendo maus, sem ter a menor ideia do que está acontecendo. Já os que viverem de forma sábia e justa entenderão tudo.’”.

    11 “A partir do momento em que a adoração diária for abolida do templo e a besta da profanação for introduzida no seu lugar, vão se passar mil duzentos e noventa dias.

    12 “Abençoados os que persistirem pacientemente durante os mil trezentos e trinta e cinco dias!

    13 “E você, prossiga em sua jornada, sem ficar ansioso ou preocupado. Fique tranquilo. Quando tudo tiver passado, você se levantará para receber sua recompensa.”

  • Daniel, 11

    1 “‘Eu o tenho ajudado da melhor maneira possível, desde o primeiro ano do reinado de Dario, rei dos medos.’”

    OS REIS DO NORTE E DO SUL
    2 “‘Mas agora deixe-me dizer como estão as coisas. Outros três reis da Pérsia aparecerão, e, depois deles, um quarto rei, que será muito mais rico que os outros. Quando ele achar que já tem poder suficiente, ganho com sua riqueza, declarará guerra contra o reino da Grécia.

    3-4 “‘Nesse momento, aparecerá um rei poderoso, que dominará um enorme território e conduzirá tudo como bem entender. Mas, no auge do seu poder, quando tudo estiver aparentemente bem, seu reino se dividirá em quarto partes: norte, sul, leste e oeste. Mas seus herdeiros não receberão nada. Não haverá continuidade do poder, pois outros o tomarão.

    5-6 “‘Em seguida, o rei do sul se fortalecerá, mas um dos seus príncipes será mais forte que ele e governará um território ainda maior. Depois de alguns anos, os dois se tornarão aliados, e a filha do rei do sul se casará com o rei do norte, para consolidar o acordo. Mas a influência dela enfraquecerá, e seu filho não sobreviverá. Ela, seus servos, seu filho e seu marido serão traídos.

    6-9 “‘Algum tempo depois, alguém da família real aparecerá e assumirá o trono. Ele assumirá o comando do exército, invadirá o norte e alcançará grande vitória. Ele tomará os deuses de metal deles e todos os utensílios de ouro e prata que os acompanham e os levará para o Egito. Passado algum tempo, o rei do norte se recuperará e invadirá a terra do rei do sul, mas não terá sucesso — terá de bater em retirada.

    10 “‘Mas seus filhos formarão um exército gigante e descerão como uma inundação, um ataque impetuoso sobre as defesas do sul.

    11-13 “‘Furioso, o rei do sul sairá e enfrentará o rei do norte, que estará à espera com seu enorme exército, mas, apesar disso, será derrotado. Enquanto os cadáveres forem tirados do campo, o rei, com muita sede de sangue, sairá massacrando dezenas de milhares. Mas sua vitória não vai durar muito, pois o rei do norte reunirá um exército ainda maior que o anterior e, depois de alguns anos, voltará à batalha com inúmeros soldados, muito arsenal e provisões inesgotáveis.

    14 “‘Naqueles dias, muitos outros se engajarão na batalha contra o rei do sul. Revoltosos do seu próprio povo, embriagados por sonhos de poder, se ajuntarão a eles. Mas acabarão frustrados.

    15-17 “‘Quando o rei do norte chegar, fará rampas de cerco e conquistará a cidade fortificada. Os exércitos do sul serão despedaçados diante dele. Nem mesmo suas famosas tropas de choque conterão o agressor. Ele entrará todo arrogante, como se fosse o dono do pedaço. Ele se apossará da Linda Terra e se instalará aí. Depois, prosseguirá para ter controle total. Fará um tratado de paz e até dará sua filha em casamento ao rei do sul, parte de uma trama para destruí-lo de vez. Mas o plano será um fiasco. Não será bem-sucedido.

    18-19 “‘Mais tarde, voltará sua atenção para as regiões costeiras e fará inúmeros prisioneiros, mas um general intervirá e dará um basta às suas ameaças. Quem metia medo ficará amedrontado. Ele voltará para casa e passará a cuidar dos próprios negócios. Mas, a essa altura, já estará acabado, e, logo, já não se ouvirá mais falar dele.

    20 “‘Ele será sucedido por um perdedor, já com seu governo, sua reputação e sua autoridade em frangalhos. Por isso, não durará muito. Sairá da história rapidamente, sem nem mesmo ter lutado.

    21-24 “‘Seu lugar será preenchido por um sujeito desprezado e desprezível. Mas ele surpreenderá todos, saindo como que do nada e se apossando do reino. Ele avançará como um rolo compressor e até o Príncipe da Aliança será esmagado. Depois de negociar um cessar-fogo, ele violará as condições. Que traidor! Com alguns poucos comparsas, assumirá o controle total. Ele invadirá as províncias mais ricas, quando elas menos esperarem. Ultrapassará todos seus antepassados: prenderá e saqueará, viverá com seus amigos num luxo desmedido.

    24-26 “‘Ele fará planos contra as cidades fortificadas, mas não será por muito tempo. Ele ajuntará um grande exército, muito bem armado, para combater o rei do sul. Em resposta, o rei do sul manterá seu exército — ainda maior — a postos, pronto para a batalha. Mas não será capaz de sustentar essa condição por muito tempo, em razão das intrigas nas próprias fileiras: sua corte estará minada por tramas e conspirações. Assim, seu exército será esmagado, e o campo de batalha ficará coberto de cadáveres.

    27 “‘Os dois reis, ambos com planos maldosos um contra o outro, vão se sentar à mesa de conferências e negociarão seus engodos. Nada resultará desse tratado, que não passará de um emaranhado de mentiras. Mas ainda não é o fim. A história não acabou.

    28 “‘O rei do norte irá para casa, carregado de despojos, mas sua mente estará voltada para a destruição da santa aliança enquanto estiver passando pela terra a caminho de casa.

    29-32 “‘Um ano mais tarde, ele comandará nova invasão ao sul. Mas a segunda invasão não será como a primeira. Quando os navios romanos chegarem, ele dará meia-volta e retornará para casa. Mas, ao passar pela terra, seu ódio contra a santa aliança será despertado. Ele fará acordo com todos os que se dispuserem a trair a santa aliança, tomando o partido deles. Suas forças entrarão marchando e profanarão o santuário e a cidadela. Eles irão banir a adoração diária, substituindo-a pela besta da profanação. O rei do norte honrará os que traírem a santa aliança, corrompendo-os ainda mais com sua conversa sedutora, mas os que forem leais a Deus tomarão posição firme a favor dele.

    33-35 “‘Os que mantiverem o bom senso ensinarão o bem às multidões, pelo exemplo. Eles serão submetidos a provas terríveis durante um certo período: alguns serão mortos; outros, queimados; alguns, exilados; outros, roubados. Quando a prova for muito difícil, receberão alguma ajuda, mas não muita. E muitos dos pretensos ajudadores se portarão com indiferença. A provação refinará e purificará os que mantiverem o bom senso e permanecerem leais, porque há ainda mais por vir.

    36-39 “‘Enquanto isso, o rei do norte estará agindo sem impedimento. Ele se elevará a uma posição superior à de qualquer deus e, até mesmo, ousará desafiar o Deus dos deuses. Por um tempo, isso será tolerado, até que se complete esse tempo de juízo, pois o que foi decretado precisa ser cumprido. Ele não terá respeito algum pelos deuses dos seus antepassados, nem mesmo pelo deus predileto das mulheres. Desprezando qualquer deus, o rei do norte se inchará de orgulho e se achará maior que todos eles. Ele chegará a ponto de desprezar o Deus dos santos e, no lugar em que Deus é adorado, colocará em exibição, com generoso ornamento de prata, ouro e pedras preciosas, um deus novo do qual nunca se ouviu falar. Marchando sob a bandeira desse deus estranho, ele atacará as principais fortalezas. Promoverá todos os que seguirem esse deus, dando a eles cargos importantes e recompensando-os com concessões de terras.

    40-45 “‘Na conclusão dessa história, o rei do sul o enfrentará. Mas o rei do norte se lançará contra ele como um furacão, com seus carros e cavalos e uma grande frota de navios e varrerá tudo que estiver no seu caminho. Ao entrar na Linda Terra, as pessoas cairão diante dele como peças de dominó. Só Edom, Moabe e alguns amonitas escaparão. Ele vai avançar, dominando país após país, nem o Egito escapará. Ele confiscará o ouro, a prata e todos os bens valiosos do Egito. Os líbios e os etíopes cairão com ele. Mas, nesse momento, relatos perturbadores virão do norte e do leste e o farão entrar em pânico. Furioso, ele se apressará em suprimir a ameaça. Mas, assim que armar suas tendas entre o mar Mediterrâneo e o monte santo — inúmeras tendas reais —, ele encontrará seu fim. E não haverá uma alma viva por perto para ajudá-lo!’

  • Daniel, 10

    A VISÃO DE UMA GRANDE GUERRA
    1 No terceiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, uma mensagem veio a Daniel, cujo nome babilônico era Beltessazar. A mensagem era verdadeira e falava de uma grande guerra. Ele entendeu, pois seu significado veio por revelação:

    2-3 “Durante aqueles dias, eu, Daniel, guardei luto por Jerusalém durante três semanas. Comi apenas comida simples, sem tempero, e não comi carne nem bebi vinho. Não tomei banho nem me barbeei até que tivessem passado as três semanas.

    4-6 “No dia 24 do primeiro mês, eu estava de pé diante do grande rio, o Tigre. Levantei os olhos e, para minha surpresa, vi um homem vestido de linho com um cinto de ouro puro na cintura. Seu corpo brilhava como se fosse esculpido de pedra preciosa. A face era radiante, e os olhos, vivos e penetrantes como tochas. Os braços e pernas reluziam como bronze polido, e sua voz soava como um grande coral.

    7-8 “Eu, Daniel, fui o único a vê-lo. Os homens que estavam comigo, embora não estivessem vendo, foram tomados de medo e correram para se esconder, temendo o pior. Quando fiquei sozinho depois dessa visão, abandonado pelos meus amigos, meus joelhos ficaram bambos; e o rosto, pálido, sem força nenhuma.

    9-10 “Quando ouvi o som da sua voz, não resisti e desmaiei. Caí com o rosto no chão. Mas uma mão me tocou e me pôs sobre as mãos e os joelhos.

    11 “‘Daniel’, ele disse, ‘homem de valor, Deus ama você demais! Levante-se e preste muita atenção a minha mensagem. Fui enviado para falar dela a você’. “Quando ele disse isso, eu me levantei, mas não conseguia parar de tremer.

    12-14 “‘Fique tranquilo’, ele continuou, ‘não tenha medo. Quando você decidiu se humilhar para receber entendimento, sua oração foi ouvida, e eu me dispus a vir até aqui. Mas fui impedido pelo anjo, que é o príncipe do reino da Pérsia, e isso me atrasou por três semanas. Mas Miguel, um dos anjos supremos, veio em meu socorro e ficou ali com o anjo, que é o príncipe da Pérsia. Estou aqui para ajudar você a entender o que vai acontecer com seu povo, pois a visão fala do o futuro’.

    15-17 “Enquanto ele falava, fiquei só olhando para o chão, não conseguia dizer nada, e fui surpreendido por algo parecido com uma mão humana, que me tocou os lábios. Então, abri a boca e comecei a falar: ‘Quando o vi, fiquei apavorado. Minhas pernas ficaram bambas. Eu não conseguia me mexer. Como é possível que eu, um humilde servo, fale com alguém como o senhor? Estou completamente paralisado. Mal consigo respirar!’.

    18-19 “Aquele ser, que parecia humano, me tocou outra vez e me deu forças. Ele disse: ‘Não tenha medo. Fique em paz. Você é amado demais. Tudo vai ficar bem; tenha coragem. Seja forte!’. “Enquanto ele ainda falava, veio-me coragem e retomei as forças; então, eu disse: ‘Pode falar, porque o senhor me deu forças’.

    20-21 “Ele disse: ‘Você sabe por que vim aqui? Preciso voltar para lutar contra o anjo, que é o príncipe da Pérsia, e, depois que eu o tirar do caminho, chegará o anjo, que é o príncipe da Grécia. Mas, antes, deixe-me contar a você o que está escrito no Livro da Verdade. Ninguém me ajuda na minha luta contra esses seres a não ser Miguel, o anjo, que é o príncipe de vocês?’”.

  • Daniel, 9

    DEUS E O COMPROMISSO DA ALIANÇA
    1-4“Dario, filho de Xerxes, da linhagem dos medos, tornou-se rei da Babilônia. No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, meditava nas Escrituras e, de acordo com a Mensagem do Eterno ao profeta Jeremias, Jerusalém teria de ficar em ruínas durante setenta anos. Recorri ao Senhor Deus, em busca de uma resposta, orava com dedicação e sinceridade, jejuava, vestia pano de saco e me ajoelhava nas cinzas. Derramei meu coração e abri minha alma para o Eterno, meu Deus:

    4-8 “‘Ó Senhor, grande e soberano Deus. Tu nunca falhas em cumprir a tua aliança, nunca desistes daqueles que te amam e obedecem ao que ordenas. Mas nós pecamos de todas as formas possíveis. Cometemos pecados terríveis, fomos rebeldes, enganamos e pegamos atalhos para fugir dos teus caminhos. Fizemo-nos de surdos diante dos teus servos, os profetas, que pregaram tua Mensagem aos nossos reis e líderes, aos nossos pais e a todo o povo da terra. Tu fizeste tudo certo, Senhor, mas tudo que temos a apresentar é culpa e vergonha, todos nós — o povo de Judá, os cidadãos de Jerusalém, Israel no exílio e em todos os lugares por onde fomos espalhados por ter te traído. Ah, sim, fomos envergonhados publicamente, todos nós — nossos reis, líderes, pais —, diante do mundo! Mas foi bem merecido, por causa do nosso pecado.

    9-12 “A tua compaixão é nossa única esperança — ó Senhor, o nosso Deus, porque, na nossa rebeldia, abrimos mão dos nossos direitos. Não prestamos atenção em ti quando nos disseste como deveríamos viver, nem obedecemos ao ensinamento proclamado por teus servos, os profetas. Todos nós, em Israel, optamos por te ignorar. Desprezamos tuas instruções para fazer apenas o que era do nosso agrado. E agora estamos pagando por isso. A maldição expressa claramente na revelação feita a Moisés, servo de Deus, agora está fazendo efeito entre nós. É o salário do nosso pecado contra ti. Fizeste a nossos governantes o que prometeste fazer: trouxeste desgraça sobre nós, em Jerusalém — a pior já registrada!

    13-14 “‘E, como estava escrito na revelação de Deus a Moisés, a catástrofe foi total. Nada foi poupado. Nós nos mostramos obstinados no nosso pecado, sem nunca considerar tuas orientações, ignorando tuas advertências. Assim, com razão, deixaste que a desgraça viesse sobre nós com tudo. Tu, ó Eterno, tens todo o direito de fazer isso, pois nós te ignoramos de maneira persistente, com muita culpa no cartório.

    15-17 “‘Ó Senhor, tu és nosso Deus, pois livraste teu povo da terra do Egito numa grande demonstração de poder — o povo ainda fala nisso! Confessamos que pecamos, que vivemos uma vida de maldades. Como sempre tens agido, consertando as coisas e endireitando as pessoas, por favor, afasta tua tão grande ira contra Jerusalém, que é tua cidade, teu santo monte. Sabemos que foi por culpa nossa que isso aconteceu, tudo por causa do nosso pecado e do pecado de nossos pais e, agora, estamos envergonhados diante de todos. Somos motivo de zombaria na nossa vizinhança. Por isso, ouve, ó Deus, esta oração sincera do teu servo! Tem misericórdia do teu santuário arruinado. Age de acordo com o que és, não segundo o que somos.

    18 “‘Atende nossa oração, ó Deus! Abre os olhos e observa nossa cidade arruinada, a cidade chamada pelo teu nome. Sabemos que não merecemos tua atenção. Nosso apelo é à tua compaixão. Esta oração é nossa única esperança:

    19 “‘Senhor, ouve-nos! Senhor, perdoa-nos! Senhor, olha para nós e faz alguma coisa! Senhor, não nos desprezes! Tua cidade e teu povo são chamados pelo teu nome, defende teus interesses!”’

    SETENTA SEMANAS
    20-21 “Enquanto eu derramava meu coração, confessando meu pecado e o pecado do meu povo, Israel, orava e apresentava toda a minha vida diante do Eterno e intercedia pelo santo monte do meu Deus; enquanto eu estava mergulhado na oração, Gabriel, o ser semelhante a um homem, aquele que eu tinha visto numa visão anterior, aproximou-se de mim, voando como uma ave, na hora da adoração da noite.

    22-23 “Ele se pôs diante de mim e disse: ‘Daniel, vim esclarecer as coisas. Assim que você começou sua oração, a resposta foi dada, e agora estou aqui para entregá-la. Você é muito amado! Por isso, ouça com cuidado para entender o significado da revelação:

    24 “‘Setenta semanas estão decretadas para seu povo e sua santa cidade, como forma de conter a rebelião, dar fim ao pecado, arrancar o crime pela raiz, estabelecer a justiça para sempre, cumprir a profecia e ungir o Lugar Santíssimo.

    25-26 “‘Aqui está o que você precisa entender. Desde o momento em que a ordem for dada para a reconstrução de Jerusalém até a vinda do Líder Ungido, haverá sete semanas. A reconstrução levará sessenta e duas semanas, incluindo a construção de ruas e muros. Serão tempos difíceis. Depois das sessenta e duas semanas, o Líder Ungido será morto — é o seu fim. A cidade e o santuário serão arruinados pelo exército do novo líder que chegar. O fim virá de repente, como uma onda enorme. Haverá guerras até o fim, e a desolação estará na ordem do dia.

    27 “‘Então, no período de uma semana, ele fará muitas alianças importantes, mas, na metade dessa semana, ele acabará com a adoração e as orações. No lugar da adoração, irá se instalar a besta da profanação que permanecerá ali até finalmente ser destruída’.”

  • Daniel, 8

    A VISÃO DE ARREPIAR
    1 “No terceiro ano do reinado de Belsazar, eu, Daniel, tive outra visão. Era a segunda visão.

    2-4 “Nessa visão, eu me vi em Susã, a capital da província de Elão, diante do canal Ulai. Ao olhar em volta, fiquei surpreso de ver um carneiro diante de mim. O carneiro tinha dois chifres enormes, um maior que o outro, mas o chifre maior foi o último a aparecer. Fiquei observando enquanto o carneiro avançava: primeiro, para o oeste; depois, para o norte; e, então, para o sul. Nenhum animal conseguia enfrentá-lo. Ele fazia o que queria, e todo arrogante, posava de rei dos animais.

    5-7 “Enquanto eu observava, tentando entender o significado de tudo aquilo, vi também um bode, que tinha um enorme chifre no meio da testa. Ele vinha do oeste e percorreu toda a terra, sem tocar o solo uma única vez. O bode aproximou-se do carneiro de dois chifres que eu tinha visto antes, diante do canal, e o atacou ferozmente. Observei enquanto ele, louco de raiva, atacava o carneiro. A violência era tanta que ele lhe quebrou os dois chifres. O carneiro não conseguiu resistir. O bode o derrubou e o pisoteou. Nada pode salvar o carneiro.

    8-12 Então, o bode tornou-se cada vez mais arrogante. E, no auge do poder, seu chifre imenso se quebrou, e quatro outros chifres enormes surgiram no lugar, apontando para o norte, o sul, o leste e o oeste. De um desses grandes chifres, surgiu outro chifre, pequeno, mas o seu poder cresceu até atingir o sul e o leste — e a querida terra prometida. Cresceu tanto que atingiu as estrelas, o exército celestial, e lançou algumas delas na terra e as pisoteou. Ele ousou até desafiar o poder de Deus, o Príncipe do Exército Celestial! Ele acabou com a adoração diária e profanou o santuário. Como castigo pelos seus pecados, o santo povo de Deus também foi atacado por ele. O chifre desprezou a verdade de Deus. Extremamente arrogante, dominou tudo que via pela frente.

    13 “Naquele momento, ouvi dois anjos conversando. O primeiro perguntou: ‘Quanto tempo vai durar isso — sem adoração diária, e esse castigo devastador pelo pecado? E o povo de Deus e o santuário vão continuar sendo desprezados e pisoteados?’.

    14 “O outro respondeu: ‘Um período de duas mil e trezentas tardes e manhãs. Então, o santuário será restaurado’.”

    15 “Enquanto eu, Daniel, estava tentando encontrar um sentido no que via, uma figura humana apareceu diante de mim.

    16-17 “Ouvi uma voz de homem, que vinha do canal de Ulai e chamava: ‘Gabriel, diga a este homem o que está acontecendo. Explique a visão a ele’. Ele veio até mim, mas, quando se aproximou, fiquei aterrorizado e me prostrei com o rosto em terra.

    17-18 “Ele disse: ‘Entenda que esta visão diz respeito ao final dos tempos’. Assim que ele falou, eu desmaiei, com o rosto no chão. Mas ele me despertou e me levantou.

    19 “Ele continuou: ‘Vou contar a você o que vai acontecer, nos dias de juízo, pois haverá um fim para tudo isso.

    20-22 “‘O carneiro de dois chifres que você viu representa os dois reis dos medos e dos persas. O bode representa o reino dos gregos e o chifre enorme na testa dele é o primeiro rei. Os quatro chifres que surgiram no lugar dele depois que foi quebrado são os quatro reis que virão depois dele, mas sem o mesmo poder.

    23-26 “‘Quando o reinado deles estiver no fim, e as rebeliões se intensificarem, Surgirá um rei cruel, um mestre da maldade. Seu poder aumentará imensamente. Ele será arrogante, de fala autoritária, Fazendo exatamente o que quer, derrubará poderosos e santos por todos os lados. Suas ações criminosas vão se multiplicar — e como vão! Ele vai achar que é invencível e vai se livrar de todos que cruzarem seu caminho. Mas, quando enfrentar o Príncipe dos príncipes, será esmigalhado — mas não por mãos humanas. A visão das duas mil e trezentas tardes e manhãs, é precisa, mas confidencial. Então, mantenha-a em segredo. Refere-se ao futuro distante!’.”

    27 “Eu, Daniel, acabado, esgotado por alguns dias. Finalmente, encontrei forças para voltar ao trabalho e tratar dos negócios do rei. Mas continuei apavorado com a visão, pois não conseguia entender coisa alguma.”

  • Daniel, 7

    UMA VISÃO DE QUATRO ANIMAIS
    1 No primeiro ano do rei Belsazar da Babilônia, Daniel teve um sonho. O que ele viu enquanto dormia o apavorou — um verdadeiro pesadelo. E ele escreveu seu sonho:

    2-3 “No meu sonho, naquela noite, vi os quatro ventos dos céus soprando e formando uma grande tempestade no mar. Quatro animais enormes, diferentes uns dos outros, subiam do mar.

    4 “O primeiro animal parecia um leão, mas tinha asas de águia. Enquanto eu observava, suas asas foram arrancadas, ele foi levantado e ficou de pé, como um homem. Em seguida, deram-lhe um coração humano.

    5 “Depois, vi um segundo animal, que parecia um urso. Ele se levantou, segurando três costelas nas mandíbulas, e recebeu esta ordem: ‘Ataque! Devore tudo! Encha a barriga!’.

    6 “Em seguida, vi outro animal. Parecia um leopardo. Tinha quatro asas, como de pássaro, na costas. Esse animal tinha quatro cabeças e recebeu autoridade para governar.

    7 “Depois disso, um quarto animal apareceu no meu sonho. Esse era apavorante, medonho. Tinha enormes dentes de ferro, triturava e devorava suas vítimas. Qualquer coisa que sobrava no chão, ele pisava e esmagava. Era diferente dos outros animais, um verdadeiro monstro! — e tinha dez chifres.

    8 “Enquanto eu observava os chifres, tentava imaginar o que significavam, nasceu nele outro chifre, mas este era pequeno. Três dos chifres que já tinha foram arrancados para dar lugar a ele. Havia olhos humanos no pequeno chifre, e uma boca grande que falava com arrogância.

    9-10 “Enquanto eu observava tudo isso, Tronos foram estabelecidos e um Ancião tomou seu lugar. Suas roupas eram brancas como a neve, o cabelo, alvo como a lã. Seu trono estava envolto em chamas, as rodas brilhavam intensamente. Um rio de fogo jorrava do trono. Milhares de milhares o serviam, milhões o atendiam. Pediu-se silêncio no tribunal, e os livros foram abertos.

    11-13 “Continuei observando. O chifre pequeno falava com arrogância, e, enquanto eu observava, o monstro foi morto e seu corpo foi lançado no fogo. Os outros animais viveram ainda algum tempo, mas não fizeram nada: não tinham poder para governar. Meu sonho continuou:

    13-14 “Então, vi alguém, um filho de homem, chegando no meio de nuvens. Ele se aproximou do Ancião e foi apresentado a ele. Ele recebeu poder para governar — toda a glória da realeza. Todas as raças, cores e crenças lhe serviram e o adoraram. Seu reinado será para sempre, não terá fim. Seu governo real nunca será destruído.

    15-16 “Mas, quanto a mim, Daniel, fiquei perturbado. As visões me deixaram apavorado. Por isso, eu me aproximei de alguém que estava perto e perguntei o significado de tudo aquilo, e ele me deu a interpretação:

    17-18 “‘Esses quatro animais enormes’, disse ele, ‘significam quatro reinos que aparecerão na terra. Mas, a certa altura, o povo santo do Deus Altíssimo receberá o reino e o manterá para sempre — sim, para sempre’.

    19-22 “Mas eu queria saber mais. Estava curioso sobre o quarto animal, aquele que era tão diferente dos outros, o monstro medonho com os dentes de ferro e garras de bronze, que engolia o que despedaçava e pisoteava tudo o que via pela frente. E eu queria saber também a respeito dos dez chifres e do chifre pequeno que nasceu, ocupando o lugar de três dos primeiros chifres. Esse novo chifre tinha olhos e, com sua boca grande, falava de forma arrogante, dominando os outros chifres. Observei que esse chifre fazia guerra contra o santo povo de Deus e levava vantagem sobre eles. Mas o Ancião interveio e decidiu a favor do povo do Deus Altíssimo. No final, o povo santo de Deus assumiu o controle do reino.

    23-25 “A pessoa que estava perto de mim explicou: ‘O quarto animal é o quarto reino que aparecerá na terra. Será diferente dos três primeiros, um reino monstruoso, que devorará e pisoteará todos à sua volta. Os dez chifres são dez reis, um após o outro, que procederão desse reino. Mas, então, outro rei aparecerá. Ele será diferente dos reis anteriores. Começará derrubando os outros reis e blasfemando contra o Deus Altíssimo. Ele perseguirá os seguidores do Deus Altíssimo e tentará eliminar a adoração sagrada e a prática da justiça. O santo povo de Deus será perseguido por ele durante um tempo, dois tempos e meio tempo’.

    26-27 “‘Mas, quando for feito silêncio no tribunal, o chifre não terá mais o seu poder e será destruído definitivamente. O governo real, a autoridade e a glória de todos os reinos debaixo do céu serão entregues ao povo do Deus Altíssimo, e esse governo durará para sempre. Todos os outros governantes irão servir e prestar obediência a ele’.

    28 “O sonho acabou assim, e eu, Daniel, continuei chocado, como alguém que tinha acabado de ver um fantasma. Mas guardei tudo para mim”.

  • Daniel, 6

    DANIEL NA COVA DOS LEÕES
    1-3 Dario reorganizou seu reino. Ele designou cento e vinte governadores para administrar todas as províncias do reino. Sobre eles, havia três ministros, e um deles era Daniel. Os governadores se dirigiam aos ministros, que tinham a responsabilidade de manter tudo em ordem. Mas Daniel, era cheio de vitalidade e tinha uma inteligência tão superior aos outros ministros e governadores que o rei decidiu designá-lo responsável por todo o reino.

    4-5 Os ministros e governadores se reuniram para ver se descobriam algum ponto fraco de Daniel que pudessem usar contra ele, mas não conseguiram nada. Ele era exemplar e absolutamente confiável. Não conseguiram achar nenhuma evidência de negligência ou má conduta. Após inúmeras tentativas, desistiram e disseram: “Nunca vamos descobrir nada contra esse Daniel, a não ser que inventemos alguma acusação e tramemos algo contra ele”.

    6-7 Assim, os ministros e governadores tramaram contra ele, e foram ao rei dizer: “Rei Dario, que viva para sempre! Nós, ministros, governadores e todos os principais oficiais nos reunimos e concordamos em que o rei deveria promulgar o seguinte decreto: Durante os próximos trinta dias, ninguém deve orar a nenhum outro deus ou homem, exceto ao rei. Qualquer um que desobedecer será lançado na cova dos leões.

    8 “Promulgue este decreto, ó rei, e assine-o para que seja irrevogável, como inscrição em pedra, conforme todas as leis dos medos e dos persas”.

    9 E o rei Dario assinou o decreto.

    10 Daniel soube que esse decreto havia sido promulgado, mas continuou a orar, como sempre fazia. Sua casa tinha janelas no andar de cima, voltadas para Jerusalém. Três vezes ao dia, ele se ajoelhava ali em oração, agradecendo e louvando a Deus.

    11-12 Os conspiradores vieram e o viram orando, pedindo a ajuda de Deus. Imediatamente, foram ao rei e o lembraram do decreto: “O rei não assinou uma lei, proibindo qualquer pessoa de orar a qualquer deus ou homem, exceto ao rei, durante trinta dias? E qualquer pessoa que fosse apanhada fazendo isso seria jogada na cova dos leões?” “Com certeza’, confirmou o rei. “Como inscrição em pedra, conforme todas as leis dos medos e dos persas.”

    13 Então, eles disseram: “Daniel, um dos exilados judeus, ignora sua ordem e desafia sua lei. Ele ora três vezes ao dia”.

    14 O rei ficou desconcertado e tentou de todas as formas livrar Daniel da complicação em que o havia colocado. Ele pensou nisso o dia todo.

    15 Mas os conspiradores voltaram: “Lembre-se, ó rei. É uma lei conforme todas as leis dos medos e dos persas, irrevogável”.

    16 O rei cedeu e ordenou que Daniel fosse trazido e jogado na cova dos leões. Mas ele disse a Daniel: “Seu Deus, a quem você é tão leal, vai livrar você desta situação”.

    17 Uma pedra foi colocada sobre a entrada da cova. O rei selou a pedra com seu anel e com os anéis de todos os seus nobres, porque não podia ser revogado.

    18 O rei voltou para o palácio, mas não comeu nem conseguiu dormir. Passou a noite preocupado.

    19-20 Ao romper do dia, ele se levantou e foi depressa à cova dos leões. Quando chegou perto, chamou aflito: “Daniel, servo do Deus Altíssimo! Será que seu Deus, a quem você serve tão fielmente, livrou você dos leões?”

    21-22 “Que o rei viva para sempre!”, respondeu Daniel. “Meu Deus enviou seu anjo, que fechou a boca dos leões, para que não me fizessem nenhum mal. Fui considerado inocente diante de Deus e também diante de senhor, ó rei, pois não fiz mal algum ao senhor”.

    23 Quando o rei ouviu essas palavras, ficou muito feliz. Ele ordenou que Daniel fosse retirado da cova. Depois que ele saiu, verificou-se que não havia nem um arranhão sequer. Ele havia confiado em seu Deus.

    24 Então, o rei ordenou que os conselheiros que tinham conspirado contra Daniel fossem jogados na cova dos leões, com suas mulheres e filhos. Antes mesmo de chegar ao fundo da cova, os leões já os agarraram e os despedaçaram.

    25-27 O rei Dario divulgou esta proclamação a todos na terra, de qualquer raça, cor e crença: A paz esteja com vocês! Muita paz! Decreto que o Deus de Daniel seja adorado e temido Em todo o meu reino. Ele é o Deus vivo e permanece para sempre. Seu reino nunca é destruído. Seu governo continua eternamente. Ele é o Salvador e o Redentor. Ele realiza milagres impressionantes nos céus e na terra. Ele livrou Daniel do poder dos leões.

    28 Daniel foi muito bem tratado no restante do reinado de Dario e também no reinado seguinte, de Ciro, o persa.

  • Daniel, 5

    A MÃO QUE ESCREVE NA PAREDE
    1-4 O rei Belsazar convidou mil de seus nobres para um grande banquete. O vinho era muito bem servido. Então, Belsazar, que já estava “alto” por causa do vinho, ordenou que as taças de ouro e prata, que seu pai Nabucodonosor havia tomado do templo de Deus em Jerusalém, fossem trazidas para que ele, seus nobres, suas mulheres e concubinas pudessem beber nelas. Quando as taças de ouro e prata foram trazidas, o rei, os nobres e aquelas mulheres começaram a usá-las. Beberam seu vinho e, já bêbados, louvaram seus deuses de ouro, prata, bronze, ferro, madeira e pedra.

    5-7 Naquele exato momento, os dedos de uma mão humana apareceram e começaram a escrever na parede rebocada do palácio, na parte mais iluminada. Quando o rei viu a mão escrevendo na parede, ficou pálido, muito assustado. Suas pernas ficaram bambas, tremiam sem parar, e os joelhos batiam um no outro. Ele gritou para que chamassem os encantadores, os astrólogos e os adivinhos. E prometeu: “Quem conseguir ler esta escrita na parede e me disser o que significa será famoso e rico — ganhará o manto de púrpura e uma bela corrente de ouro — e será o terceiro mais importante do reino”.

    8-9 Todos tentaram, mas ninguém conseguiu enxergar um sentido nas palavras escritas na parede. Ninguém conseguia entender o que estava escrito, muito menos interpretá-lo. Então, o rei ficou apavorado, pálido, em completo estado de choque. Os nobres também estavam em pânico.

    10-12 A rainha soube que o rei e os nobres estavam em estado de choque e veio ao salão do banquete. Ela disse: “Que o rei viva para sempre! Não se assustem. Não fiquem aí sentados, pálidos desse jeito. Há um homem no reino que é cheio do Espírito Santo divino. Durante o reinado do seu pai, ele ficou conhecido pelo seu brilho intelectual e por sua sabedoria espiritual. Ele era tão capaz que seu pai, o rei Nabucodonosor, fez dele o chefe de todos os magos, encantadores, adivinhos e astrólogos. Não havia ninguém como ele. Ele conseguia fazer qualquer coisa: interpretar sonhos, decifrar mistérios, explicar enigmas. Seu nome é Daniel, mas o rei mudou o nome dele para Beltessazar. Mande chamar Daniel. Ele vai ler o que está escrito aí”.

    13-16 Assim, Daniel foi chamado. O rei perguntou: “Você é o Daniel que foi um dos exilados que meu pai trouxe de Judá? Já ouvi falar que você é cheio do Espírito Santo, tem uma mente brilhante e é incrivelmente sábio. Os sábios e encantadores foram trazidos aqui para ler esta escrita na parede e interpretá-la, mas nenhum deles conseguiu ler nada. Mas ouvi dizer que você interpreta sonhos e decifra mistérios. Então, se você conseguir ler e interpretar, será um homem famoso e rico — ganhará o manto de púrpura e uma bela corrente de ouro — e será o terceiro mais importante do reino”.

    17 Daniel respondeu ao rei: “Pode ficar com os presentes ou dá los a outra pessoa. Mas vou ler a escrita para o rei e interpretar seu significado.

    18-21 “Ouça, ó rei! O Deus Altíssimo deu a seu pai, Nabucodonosor, um grande reino e uma gloriosa reputação. Deus o fez muito poderoso, e pessoas de todos os lugares, de toda raça, cor ou crença se sentiam intimidadas por ele. Ele as matava ou poupava como e quando queria. Promovia ou humilhava as pessoas como bem desejava. Então, Deus o humilhou e o privou de todo poder. Ele foi tirado do convívio dos homens e passou a viver como animal. Comeu capim como boi e se molhou com o orvalho do céu até aprender esta lição: que o Deus Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens e põe no trono quem ele quer.

    22-23 “Você é filho dele e sabe de tudo isso, mas é tão arrogante quanto ele no seu pior momento. Olhe para você mesmo: quer competir com o Senhor do céu! Você mandou buscar as taças sagradas do templo dele só por farra, para que o senhor, seus nobres, suas mulheres e concubinas pudessem beber nelas. O rei usou as taças sagradas para brindar seus deuses de prata e ouro, de bronze e ferro, de madeira e pedra — deuses cegos, surdos e mudos. Mas tratou com desprezo o Deus vivo, que tem a sua vida nas mãos, desde o nascimento até a morte.

    24-26 “Deus enviou a mão que escreveu na parede, e o que está escrito é: Mene, Teqel e Peres, e este é o significado dessas palavras: “Mene. Deus contou os dias do seu governo, e suas contas são negativas.

    27 “Teqel. Você foi pesado na balança, e está em falta.

    28 “Peres. Seu reino foi dividido e entregue aos medos e persas”.

    29 Belsazar fez o que havia prometido: vestiu o manto de púrpura em Daniel, colocou uma bela corrente de ouro em seu pescoço e o promoveu a terceiro mais importante do reino. 30-31 Naquela mesma noite, o rei Belsazar da Babilônia foi morto. Dario, o medo, tinha 62 anos quando o sucedeu como rei.

  • Daniel, 4

    OUTRO SONHO DO REI NABUCODONOSOR
    1-2 O rei Nabucodonosor a todos — de todas as raças, cores e crenças do mundo: “Paz e prosperidade a todos! É um privilégio contar a vocês os grandes milagres que o Deus Altíssimo fez por mim.

    3 “Seus milagres são impressionantes; e suas maravilhas, surpreendentes. Seu reino dura para sempre, e seu governo soberano é eterno.

    4-7 “Eu, Nabucodonosor, vivia tranquilo no meu palácio. Mas tive um sonho — quase um pesadelo — que me deixou abalado. Mandei buscar todos os sábios da Babilônia para que interpretassem o sonho. Quando todos estavam reunidos — magos, encantadores, astrólogos e adivinhos — contei-lhes o sonho, mas ninguém conseguiu dizer o significado.

    8 “Mas veio Daniel, um homem cheio do Espírito Santo divino, e contei a ele o sonho. O seu nome babilônico é Beltessazar, assim chamado em homenagem ao meu deus.

    9 “‘Beltessazar’, eu disse, chefe dos magos, sei que você é um homem cheio do Espírito Santo divino e que não há mistério que você não consiga desvendar. Ouça este sonho que eu tive e interprete-o para mim.

    10-12 “‘Isto foi o que vi deitado na minha cama: havia uma grande árvore no centro do mundo. Eu olhei, e a árvore cresceu, tornando-se maior ainda. Seu topo alcançava o céu e era visto de todos os lugares da terra. Suas folhas eram belas; e seus frutos, fartos, produzindo comida suficiente para todos! Os animais se abrigavam debaixo dela, e as aves faziam ninhos nos galhos: todo mundo dependia dela.

    13-15 “‘E, enquanto eu ainda estava deitado, vi também isto: um anjo desceu do céu e ordenou: Derrubem a árvore, cortem seus galhos, arranquem suas folhas e espalhem seus frutos! Cacem os animais que estão debaixo dela e espantem os pássaros de seus galhos Mas deixem o toco e as raízes, presos com ferro e bronze junto à relva do campo.

    15-16 Deixem que ele seja molhado pelo orvalho do céu e se alimente de capim com os animais. Que ele perca a mente humana e seja como um animal, E assim seja até que se passe sete tempos.

    17 Os anjos anunciam esse decreto, as santas sentinelas trazem essa sentença, Para que todos que vivem saibam que o Deus Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens. Ele conduz tudo conforme seu querer e, de gente simples, faz poderosos”.

    18 “‘Isso é o que eu, rei Nabucodonosor, sonhei. Beltessazar, agora é sua vez de interpretar o sonho para mim. Ninguém entre os sábios da Babilônia conseguiu ver sentido algum nele, mas tenho certeza de que você pode interpretá-lo, pois é cheio do Espírito Santo divino.’”

    “COMERÁ CAPIM COMO BOI”
    19 Daniel, Beltessazar, ficou tão apavorado por um momento, que nem conseguia falar. “Beltessazar”, disse o rei, “fique calmo. Não deixe que o sonho e a interpretação o assustem”. “Meu senhor”, disse Beltessazar, “gostaria que esse sonho fosse sobre seus inimigos; e a interpretação, para seus adversários.

    20-22 “A árvore que você viu e que cresceu e ficou tão alta, que o topo alcançava o céu, visível dos quatro cantos da terra; a árvore de folhagem viçosa e fartos frutos, suficiente para todos; a árvore sob a qual os animais buscavam refúgio e na qual as aves faziam seus ninhos — é o senhor, ó rei! Vossa Majestade é a árvore! “Você cresceu e ficou forte. Sua majestade atinge o céu, e seu governo se estende aos quatro cantos da terra.

    23-25 “E os anjos que desciam do céu, proclamando: ‘Derrubem a árvore, destruam-na, mas deixem o toco e suas raízes na terra, presos com ferro e bronze junto à relva do campo; deixem que ele seja molhado pelo orvalho do céu e que se alimente de grama com os animais durante sete tempos; isso, ó rei, também se refere ao senhor. Significa que o Deus Altíssimo proclamou uma sentença contra o rei. Será tirado do convívio dos homens e viverá com os animais; se alimentará de capim como os bois e se molhará com o orvalho do céu. Isso durará sete tempos, e o senhor aprenderá que o Deus Altíssimo tem o domínio dos reinos dos homens e conduz tudo conforme seu querer.

    26 “A parte sobre o toco da árvore e suas raízes, que são deixados, significa que seu reino ainda será devolvido depois que o senhor reconhecer que é Deus quem tem domínio sobre tudo.

    27 “Portanto, ó rei, aceite meu conselho: abandone seus pecados e comece a viver diferentemente. Deixe essa vida de maldades, viva com justiça e cuide dos necessitados e desamparados. Só assim, o senhor continuará a viver tranquilo.

    A PERDA E A RESTAURAÇÃO
    28-30 Tudo isso aconteceu ao rei Nabucodonosor. Passados apenas doze meses, ele estava andando pela sacada do palácio real, na Babilônia, e, de repente, exclamou, orgulhoso: “Olha para tudo isto, é a Grande Babilônia! E eu a construí sozinho, como capital do meu reino para minha honra e glória!”

    31-32 Assim que as palavras saíram da sua boca, ouviu-se uma voz do céu: “Este é o decreto contra você, rei Nabucodonosor: seu reino foi tomado de você. Você será tirado do convívio dos homens, viverá com os animais do campo e comerá capim como boi. A sentença é para sete tempos, o suficiente para você aprender que o Deus Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens e põe no trono quem ele quer”.

    33 Isso aconteceu imediatamente. Nabucodonosor foi tirado da convivência dos homens, comeu capim como boi e se molhou com o orvalho do céu. Seu cabelo cresceu como as penas da águia; suas unhas, como as garras do falcão.

    34-35 “Ao final daquele período, eu, Nabucodonosor, olhei para o céu. Recobrei o juízo e bendisse o Deus Altíssimo, agradecendo e glorificando ao Deus que vive para sempre: “Seu domínio dura para sempre, seu reino nunca será decadente. A vida na terra é insignificante, Deus faz tudo conforme seu querer. Ninguém pode opor-se à sua vontade, ninguém pode questioná-lo ou desafiá-lo.

    36-37 “Ao mesmo tempo em que recobrei o juízo, recuperei a majestade e a glória do meu reino. Todos os líderes e gente importante vieram me ver. Fui restabelecido como rei no meu reino e me tornei maior que antes. E é por isso que eu, Nabucodonosor, canto e louvo ao Rei do céu: “Tudo que ele faz é justo, e ele o faz da maneira certa. Ele sabe como tratar gente orgulhosa e tem o poder para torná-los humildes.”

  • Daniel, 3

    QUATRO HOMENS NA FORNALHA
    1-3 O rei Nabucodonosor construiu uma estátua de ouro, com vinte e sete metros de altura e dois metros e setenta centímetros de largura. Ele a ergueu na planície de Dura, na província da Babilônia. Em seguida, ordenou a todos os líderes importantes da província que comparecessem à cerimônia de dedicação da estátua. Todos vieram para a cerimônia e tomaram seus lugares diante da estátua que Nabucodonosor havia erguido.

    4-6 Um arauto apareceu e proclamou em voz alta: “Atenção, todos! Ouçam vocês de todas as raças, cores e crenças! Quando ouvirem o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério e da flauta dupla, dobrem os joelhos e adorem a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor ergueu. E quem não se ajoelhar, não adorar a estátua, não importa quem seja, será jogado imediatamente na fornalha”.

    7 O som começou a tocar — todos os instrumentos musicais da Babilônia — e gente de todas as raças, cores e crenças dobraram os joelhos e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor havia erguido.

    8-12 Foi, então, que os astrólogos da Babilônia se manifestaram e acusaram os judeus. Eles disseram ao rei Nabucodonosor: “Que o rei viva para sempre! Vossa Majestade deu ordens severas para que, ao ouvir o som tocar, deveríamos nos ajoelhar e adorar a estátua de ouro, e que quem não o fizesse seria jogado na fornalha. Mas, os judeus — Sadraque, Mesaque e Abede-Nego —, a quem o rei designou cargos elevados na província da Babilônia, ignoraram a ordem, ó rei. Eles não respeitam os nossos deuses e se negam a adorar a estátua de ouro que mandou erguer.

    13-15 Furioso, o rei Nabucodonosor ordenou que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego fossem trazidos. E, quando eles chegaram, Nabucodonosor perguntou: “Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, é verdade que vocês não respeitam meus deuses e se negam a adorar a estátua de ouro que mandei erguer? Vou dar a vocês uma segunda chance, mas, a partir de agora, quando o som começar a tocar, vocês devem se ajoelhar e adorar a estátua. E, se não o fizerem, serão jogados numa fornalha e ponto final. E que deus vai livrá-los de mim?”

    16-18 Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam: “Sua ameaça não nos assusta. Se nos jogar na fornalha, o Deus a quem servimos pode nos salvar não só da fornalha como de qualquer outra coisa. E, mesmo que ele não o faça, não importa, ó rei. Ainda assim, não vamos servir aos seus deuses nem adorar a estátua de ouro que mandou erguer”.

    19-23 Nabucodonosor estava prestes a explodir de tanta raiva. Imediatamente ordenou que a fornalha fosse aquecida sete vezes mais que o normal e que alguns homens fortes do seu exército os amarrassem e os jogassem na fornalha. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, com os pés e mãos amarrados e vestidos em suas roupas, foram jogados na fornalha extremamente quente. Por causa da ordem do rei, a fornalha estava tão quente que só as chamas foram suficientes para matar os homens que carregaram Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; e eles acabaram caindo fornalha adentro.

    24 De repente, o rei Nabucodonosor levantou-se num salto e perguntou: “Não jogamos três homens com os pés e as mãos amarradas?” “Isso mesmo, senhor”, responderam os homens.

    25 “Vejam!”, exclamou o rei. “Estou vendo quatro homens, andando pra lá e pra cá no fogo, e eles estão bem! E o quarto homem parece um filho dos deuses! Não é possível!”

    26 Nabucodonosor foi até a entrada da fornalha ardente e chamou: “Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saiam, venham para cá!” E Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo.

    27 Todos os líderes do governo e os conselheiros do rei se reuniram para examiná-los e viram que o fogo não havia causado nem um arranhão nos três — nem um fio de cabelo queimado, nem cheiro de fumaça na roupa deles!

    28 Nabucodonosor exclamou: “Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego! Ele enviou seu anjo e salvou seus servos! Eles confiaram no Deus a ponto de ignorar as ordens do rei e arriscaram sua vida, mas não serviram nem adoraram outros deuses.

    29 “Por isso, decreto: todos, de qualquer lugar, cor, raça ou crença que disser alguma coisa contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego será despedaçado, e sua casa será destruída. Nunca houve um deus que salvasse como esse!”

    30 Então, o rei promoveu Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na província da Babilônia.