Categoria: Ester

O Livro de Ester
Introdução
Este livro conta a história de Ester, a moça judia que se torna rainha por causa do seu casamento com Assuero, rei da Pérsia. Hamã, o primeiro-ministro do reino, planeja acabar com todos os judeus do reino, mas Ester e o seu primo Mordecai conseguem fazer com que o plano perverso de Hamã fracasse, e ele acaba morrendo na forca que havia mandado construir para enforcar Mordecai. Para festejar a vitória contra os inimigos, os judeus começaram a comemorar a Festa de Purim, o que fazem até hoje.
Esquema do conteúdo
1. Ester se torna rainha (1.1—2.23)
2. Hamã planeja a morte dos judeus (3.1—5.14)
3. Hamã é denunciado e morto (6.1—7.10)
4. Os judeus acabam com seus inimigos (8.1—9.19)
5. A Festa de Purim (9.20—10.3)

  • Ester, 10

    1-2 O rei Xerxes impôs tributos a todo o seu Império, aos lugares mais longínquos. Quanto aos demais atos do rei Xerxes, suas inúmeras realizações, com o acréscimo do relato do brilhantismo de Mardoqueu, a quem o rei promoveu, estão registrados nas Crônicas dos Reis da Média e da Pérsia.

    3 O judeu Mardoqueu foi o segundo no comando depois do rei Xerxes. Tornou-se popular entre os judeus e foi muito respeitado. Ele lutou a favor do seu povo e buscava a paz e o bem-estar dos judeus.

  • Ester, 9

    1-4 No dia 13 do décimo segundo mês, no mês de adar, a ordem do rei entraria em vigor. Foi justamente o dia que os inimigos dos judeus haviam planejado exterminá-los, mas a situação se inverteu: os judeus venceram aqueles que os odiavam! Os judeus, em todas as cidades espalhadas pelas províncias do rei Xerxes, se uniram para atacar os que tentavam matá-los. Ninguém conseguiu derrotá-los, pois todos estavam com medo deles. Além do mais, todos os governadores, as autoridades e os que trabalhavam para o rei apoiaram os judeus, por causa de Mardoqueu. Eles o respeitavam muito. A essa altura, Mardoqueu exercia muita influência no palácio. À medida que ele se tornava mais influente, sua reputação crescia entre as províncias.

    5-9 Os judeus causaram muitas baixas nos inimigos: havia gente morta em todo lugar. Eles fizeram o que bem entenderam aos que os odiavam. No complexo real de Susã, os judeus massacraram quinhentos homens. Também mataram os dez filhos de Hamã, filho de Hamedata, o inimigo número um dos judeus: Parsandata, Dalfom, Aspata, Porata, Adalia, Aridata, Farmasta, Arisai, Aridai, Vaisata.

    10-12 Mas eles não saquearam nada. Depois de tudo terminado, foi apresentado ao rei um relatório com o número das pessoas mortas na ctal. O rei disse à rainha Ester: “Só aqui na ctal, Susã, os judeus mataram quinhentos homens, além dos dez filhos de Hamã. Imagine como foi a matança nas demais províncias! O que mais você deseja? Pode dizer. Seu desejo é uma ordem.”

    13 A rainha respondeu: “Se for do agrado do rei, dê aos judeus de Susã permissão para prorrogar a ordem do rei por mais um dia. Permita que os corpos dos dez filhos de Hamã sejam pendurados e fiquem expostos ao público nas forcas.”

    14 O rei mandou que se prorrogasse a ordem. Os corpos dos dez filhos de Hamã foram pendurados à vista do povo.

    15 No dia 14 de adar, os judeus de Susã mataram outros trezentos homens em Susã. Mais uma vez, não saquearam nada.

    16-19 Enquanto isso, nas demais províncias, os judeus se organizaram para se defender, libertando-se da opressão. No dia 13 do mês de adar, mataram setenta e cinco mil dos que os odiavam, mas não saquearam nada. No dia 14, celebraram a vingança com muita comida. Mas, em Susã, uma vez que os judeus haviam promovido a matança nos dias 13 e 14, a celebração foi no dia 15, com muita alegria e festança. É por isso que os judeus que vivem na região rural guardam o dia 14 de adar para a celebração, dia festejado com troca de presentes.

    20-22 Mardoqueu registrou essas ocorrências e mandou cópias a todos os judeus espalhados por todas as províncias do rei Xerxes, até mesmo as mais distantes, convocando para uma celebração anual nos dias 14 e 15 de adar, para lembrar o dia em que os judeus se livraram dos seus inimigos, o mês em que a sua aflição se transformou em alegria, e o seu lamento, em dia de festa, diversão e alegria, ocasião para trocar presentes e ajudar os pobres.

    23 E assim foi feito. A celebração virou uma tradição, pois adotaram de modo permanente a prática que Mardoqueu havia determinado para eles.

    24-26 Hamã, filho de Hamedata, o agagita, o inimigo número um dos judeus, havia planejado destruir o inimigo. Ele lançou o pur, isto é, a sorte, para aterrorizá-los e matá-los. Mas, quando a rainha Ester intercedeu diante do rei, ele deu ordens escritas para que o plano maléfico de Hamã fosse executado contra ele mesmo. Ele e seus filhos foram pendurados na forca. Por isso, essa celebração é chamada Purim, da palavra pur, sorte.

    26-28 Portanto, por causa de tudo que foi escrito nessa carta e de tudo que sofreram, os judeus decidiram manter a celebração. Tornou-se tradição para eles, para seus filhos e para os futuros convertidos ao judaísmo, para lembrar, todos os anos, aqueles dois dias, de acordo com as datas prescritas na carta. Elas deviam ser lembradas e celebradas por todas as gerações, em cada família, cada província e cada cidade. Os dias de Purim nunca deverão ser negligenciados entre os judeus e nunca deverão ser esquecidos por seus descendentes.

    29-32 A rainha Ester, filha de Abiail, apoiou o judeu Mardoqueu e, com sua autoridade real, escreveu uma segunda carta sobre o Purim, para ratificar a primeira. Foram enviadas cópias aos judeus das cento e vinte e sete províncias do Império de Xerxes. Na carta, eles tranquilizavam os judeus e desejavam paz a eles, decretando que os dias de Purim passassem a fazer parte do calendário religioso. Eles deveriam observar as datas que o judeu Mardoqueu e a rainha Ester haviam escolhido para si e para seus descendentes com respeito ao jejum e às lamentações. As palavras de Ester confirmaram a tradição e foram escritas no livro.

  • Ester, 8

    1-2 Naquele mesmo dia, o rei Xerxes deu à rainha Ester todas as propriedades de Hamã, o inimigo número um dos judeus. Mardoqueu apresentou-se ao rei, porque a rainha Ester tinha explicado a Xerxes o relacionamento deles. O rei tirou seu anel de selar, que havia tomado de volta de Hamã, e o entregou a Mardoqueu. Ester nomeou Mardoqueu administrador das propriedades de Hamã.

    3-6 Ester foi conversar outra vez com o rei. Ela se prostrou aos pés dele e implorou com lágrimas que revogasse o decreto mal-intencionado de Hamã, o agagita, contra os judeus. O rei estendeu o cetro de ouro a Ester. Ela se levantou e ficou de pé diante dele. Ela disse: “Se for do agrado do rei e ele tiver alguma consideração por mim, e se isso for certo e o rei tiver algum sentimento por mim, que cancele por escrito a decisão de executar o plano de Hamã, filho de Hamedata, o agagita, de exterminar o povo judeu em todas as províncias do rei. Como eu poderia assistir à extinção do meu povo? Como vou suportar a ideia de ver meus parentes massacrados?.”

    7-8 O rei Xerxes disse à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: “Eu entreguei as propriedades de Hamã a Ester, e ele foi enforcado porque atentou contra os judeus. Portanto, vão em frente! Escrevam o que acharem melhor a favor dos judeus. Depois, selem com o meu anel.” (Uma ordem escrita em nome do rei e selada com o seu anel não podia ser revogada).

    9 Assim, no dia 23 do terceiro mês, no mês de sivã, os secretários do rei foram chamados, e foi escrita, detalhadamente, conforme Mardoqueu ditava, a ordem com respeito aos judeus. Ela estava endereçada a todos os governadores de província e às demais autoridades, desde a Índia até a Etiópia, ao todo, cento e vinte e sete províncias. As cópias do documento foram enviadas na escrita e na língua de cada povo, até mesmo para os judeus, de acordo com sua escrita e seu idioma.

    10 Ele escreveu em nome do rei Xerxes e selou com o anel real. Enviou os comunicados por meio de emissários, nos cavalos mais velozes do palácio, criados no haras real.

    11-13 A ordem do rei autorizava os judeus, em todas as cidades, a se defender com armas contra as ameaças de morte, a matar qualquer um que ameaçasse a eles, as suas mulheres e os seus filhos e a confiscar os bens dos seus inimigos. A data escolhida, válida para todas as províncias do rei Xerxes, foi o dia

    13 do décimo segundo mês, o mês de adar. A ordem foi afixada em todos os lugares públicos de cada província, para que todos a pudessem ler. Ela autorizava os judeus a se preparar, no dia determinado, para reagir aos ataques dos inimigos.

    14 Os emissários saíram depressa em cavalos velozes do rei. Ao mesmo tempo, a ordem foi divulgada no complexo real de Susã.

    15-17 Quando saiu da presença do rei, Mardoqueu vestia um traje real violeta e branco e trazia uma enorme coroa de ouro na cabeça e uma capa roxa de linho fino. A população de Susã explodiu de alegria. Para os judeus, foi um alívio e motivo de muita alegria e honra. Por todo o Império, em todas as províncias, em cada cidade em que a ordem do rei era anunciada, os judeus saiam às ruas para festejar. Por causa disso, muitos não judeus se tornaram judeus, pois, desde então, era perigoso não ser judeu.

  • Ester, 7

    1-2 Então, o rei e Hamã foram participar do segundo banquete com a rainha Ester. Enquanto ainda bebiam vinho, o rei perguntou mais uma vez: “Rainha Ester, o que você deseja? Pode pedir até metade do meu reino.”

    3 Ester respondeu: “Se o rei se agrada de mim e for do seu querer, preserve a minha vida e a vida do meu povo.

    4 “Nós, eu e meu povo, fomos vítimas de um conluio, e agora vamos ser massacrados e exterminados. Se tivéssemos sido vendidos como escravos, eu nem teria tocado no assunto, pois o rei não merece ser incomodado com os nossos problemas.”

    5 O rei Xerxes esbravejou: “Mas quem foi que fez isso? Onde está ele? Isso é inadmissível!”

    6 Ester respondeu: “É um inimigo nosso: este mau-caráter chamado Hamã.” Hamã ficou aterrorizado diante do rei e da rainha.

    7-8 Furioso, o rei levantou-se, deixou o vinho de lado e saiu para o jardim do palácio. Hamã continuou ali, implorando misericórdia à rainha Ester. Ele percebeu que o rei já havia decidido condená-lo e que era o fim da linha para ele. Quando o rei voltou do jardim para a sala do banquete, Hamã estava prostrado no sofá em que a rainha se reclinava. O rei gritou: “Será que ele ainda quer molestar a rainha em minha casa, no instante que virei as costas?” Assim que o rei disse isso, cobriram o rosto de Hamã.

    9 Harbona, um dos oficiais que estavam a serviço do rei, disse: “Vejam! Há uma forca que Hamã mandou construir para Mardoqueu, o que salvou a vida do rei. Fica do lado da casa de Hamã e tem vinte metros de altura!” O rei ordenou: “Enforquem-no lá!”

    10 Assim, Hamã foi executado na própria forca que tinha mandado fazer para Mardoqueu. Só então, o rei se acalmou.

  • Ester, 6

    1-2 Naquela noite, o rei não conseguia dormir e pediu que trouxessem o livro dos registros históricos, o diário da corte, para que pudesse ler. Durante a leitura, deparou com o registro do incidente em que Mardoqueu descobriu a conspiração de Bigtã e Teres, os dois eunucos da corte, guardas da entrada do palácio, que haviam planejado assassinar o rei Xerxes.

    3 O rei perguntou: “Que recompensa deram a Mardoqueu por isso?” Os oficiais do rei que estavam de plantão responderam: “Nenhuma. Nada foi feito por ele.”

    4 O rei quis saber: “Tem alguém aí no pátio?” Hamã havia acabado de chegar ao pátio externo do palácio real para conversar com o rei sobre o enforcamento de Mardoqueu, na forca que ele tinha mandado fazer.

    5 Os oficiais do rei disseram: “Hamã está esperando no pátio.” O rei respondeu: “Tragam-no para dentro.”

    6-9 Quando Hamã entrou, o rei perguntou a ele: “O que seria correto fazer a um homem a quem o rei quer homenagear?” Hamã pensou consigo mesmo: “Ele deve estar querendo me homenagear, pois que outra pessoa seria?” Então, respondeu ao rei: “Faça o seguinte ao homem a quem o rei quer homenagear: Mande trazer uma das vestimentas reais e um cavalo que o rei costuma montar, um que tenha o brasão do rei na cabeça. Depois, entregue a roupa e o cavalo a um dos príncipes mais nobres do rei. Peça para que ele vista o homem a quem o rei quer homenagear e o conduza montado no cavalo por toda a cidade, proclamando: “É assim que se faz ao homem a quem o rei quer homenagear!”

    10 O rei disse a Hamã: “Pois faça exatamente isso. Não perca tempo. Pegue a roupa e o cavalo e faça o que você sugeriu ao judeu Mardoqueu, que está sempre ali perto da porta do palácio. E não se esqueça de nenhum detalhe do que você sugeriu.”

    11 Hamã foi buscar a roupa e o cavalo. Depois, vestiu Mardoqueu e o conduziu por toda a cidade, proclamando: “É assim que se faz ao homem a quem o rei quer homenagear!”

    12-13 Encerrada a homenagem, Mardoqueu voltou à porta do palácio, mas Hamã correu para casa. Inconsolável, não queria ver ninguém. Quando Hamã terminou de contar à sua mulher Zeres e aos seus amigos o que havia acontecido com ele, seus amigos mais sábios e sua mulher Zeres disseram: “Se esse Mardoqueu é judeu mesmo, isso é só o começo da sua desgraça. Sentimos muito, mas você não tem chance alguma, já está arruinado.”

    14 Estavam ainda conversando, quando os oficiais do rei chegaram para levar Hamã ao banquete que Ester tinha preparado.

  • Ester, 5

    1-3 Três dias depois, Ester vestiu seu traje real e ficou no pátio interior do palácio, em frente da sala do trono do rei. O rei estava em seu trono de frente para a entrada. Quando percebeu que a rainha Ester estava no pátio, ficou contente em vê-la e estendeu para ela o cetro de ouro que tinha na mão. Ester se aproximou e tocou a ponta do cetro. O rei perguntou: “O que você deseja, rainha Ester? Qual é o seu pedida? Prometo dar o que você pedir, mesmo que seja metade do reino!.”

    4 Ester respondeu: “Se for do seu agrado, venha com Hamã participar de um banquete que preparei.”

    5-6 O rei disse: “Chamem Hamã imediatamente, para irmos ao banquete de Ester.” O rei e Hamã foram ao banquete que Ester tinha preparado. Enquanto bebiam vinho, o rei perguntou: “Então, o que você deseja? Para você, metade do reino não será pedir demais! Pode pedir o que quiser.”

    7-8 Ester respondeu: “Se o rei se agrada de mim e estiver disposto a atender ao meu pedido e meu desejo, quero que amanhã o rei e Hamã participem de outro banquete que vou preparar. Então, vou responder com toda a clareza à pergunta do rei.”

    9-13 Hamã saiu do palácio muito feliz naquela noite. Ao sair, viu Mardoqueu sentado perto da porta do palácio, e este o ignorou. Hamã ficou furioso. Mas ele se conteve e voltou para casa. Chamou seus amigos e, com sua mulher, Zeres, ficou se gabando do dinheiro que possuía, dos muitos filhos, das frequentes homenagens que recebia do rei, da promoção ao posto mais elevado do governo, e acrescentou: “Além do mais, a rainha Ester me convidou para um banquete particular, que ela ofereceu ao rei. Só nós três estávamos lá. Ela também me convidou para outro banquete amanhã. Mas, ainda assim, não estarei satisfeito enquanto o judeu Mardoqueu estiver sentado à entrada do palácio.”

    14 Sua mulher, Zeres, e todos os seus amigos disseram: “Mande fazer uma forca de vinte metros de altura. Fale com o rei logo cedo e consiga dele permissão para enforcar Mardoqueu. Depois, vá festejar com o rei no banquete.” Hamã gostou da sugestão e mandou construir a forca.

  • Ester, 4

    1-3 Quando Mardoqueu descobriu o que tinha acontecido, rasgou a própria roupa, vestiu pano de saco e pôs cinzas na cabeça. Depois, saiu para a rua, chorando em voz alta. Ele chegou até a porta do palácio, mas ficou do lado de fora, pois ninguém vestido de pano de saco podia entrar. Enquanto a decisão do rei era divulgada entre todas as províncias, houve muito choro no meio dos judeus: eles jejuavam, choravam e lamentavam a situação. A maioria deles vestia pano de saco e punha cinzas na cabeça.

    4-8 Os eunucos e as servas de Ester vieram contar o que havia acontecido. A rainha ficou inconformada. Mandou roupas para Mardoqueu, sugerindo que ele abandonasse o pano de saco, mas ele não aceitou. Ester chamou Hatá, um dos oficiais do palácio, a quem o rei havia designado para assisti-la, e pediu que fosse conversar com Mardoqueu para saber o que, de fato, estava acontecendo. Hatá encontrou Mardoqueu na praça da cidade, diante da porta do palácio. Mardoqueu contou tudo que tinha acontecido. Informou até a exata quantia de dinheiro que Hamã tinha prometido depositar nos cofres do palácio para financiar a execução dos judeus. Mardoqueu entregou uma cópia do comunicado sobre o massacre que fora divulgado em Susã para que ele o mostrasse a Ester quando fosse apresentar seu relatório, e pediu que ela intercedesse perante o rei a favor do seu povo.

    9-11 Hatá voltou e contou a Ester tudo que Mardoqueu tinha dito. Ester conversou sobre o assunto com Hatá e, depois, o mandou de volta a Mardoqueu com este recado: “Todos os que trabalham aqui para o rei, e mesmo os moradores das províncias, sabem qual é o destino de qualquer homem ou mulher que se aproxime do rei sem ser convocado: é morte na certa. A única exceção é se o rei estender à pessoa o seu cetro de ouro. Só assim, a pessoa será poupada. E já se passaram trinta dias desde a última vez que fui convidada a comparecer diante do rei.”

    12-14 Hatá repetiu as palavras de Ester a Mardoqueu, e ele mandou este recado de volta: “Não pense que só porque você mora no palácio real será a única judia a sobreviver. Se você insistir em ficar quieta numa situação como esta, o socorro e o livramento para os judeus virão de outra parte, mas você e sua família serão exterminadas. Quem sabe não foi justamente para isso que você foi escolhida rainha?”

    15-16 Ester mandou dizer a Mardoqueu: “Convoque todos os judeus que moram em Susã. Jejuem a meu favor. Não comam nem bebam nada durante três dias e três noites. Eu e minhas assistentes faremos o mesmo. Se fizerem isso, vou arriscar comparecer diante do rei, mesmo sendo proibido. Se eu tiver de morrer, morrerei.”

    17 Mardoqueu fez o que Ester havia pedido.

  • Ester, 3

    1-2 Algum tempo depois, o rei Xerxes promoveu Hamã, filho de Hamedata, descendente de Agague, ao posto mais alto do seu governo. Todos os oficiais do rei que transitavam pela porta do palácio saudavam Hamã, curvando-se e ajoelhando-se, conforme determinação do rei. Exceto Mardoqueu.

    2-4 Mardoqueu não se curvava nem se ajoelhava. Então, os oficiais do rei reunidos na porta do palácio perguntaram a Mardoqueu: “Por que você não acata a determinação do rei?” Todos os dias, ele era questionado, mas não dava a mínima atenção a eles. Até que alguém foi contar a Hamã, para ver se alguém tomava alguma providência. Mardoqueu já tinha dito que era judeu.

    5-6 Quando Hamã viu que Mardoqueu não se curvava nem se ajoelhava diante dele, ficou indignado. Sabendo que ele era judeu, Hamã não se contentou em descarregar sua fúria contra um único judeu e ficou pensando num jeito de eliminar não só Mardoqueu, mas todos os judeus de todo o Império de Xerxes.

    7 No primeiro mês, o mês de nisã, no décimo segundo ano de Xerxes, lançaram o pur, isto é, a sorte, na presença de Hamã, para determinar o dia e o mês da execução do plano. Foi escolhido o dia 13 do décimo segundo mês, o mês de adar.

    8-9 Então, Hamã expôs seu caso ao rei Xerxes: “Há um povo estranho espalhado por todas as províncias do Império que não se enquadra aqui. Seus costumes e seu modo de vida são diferentes dos demais povos. Além do mais, eles não respeitam as leis do rei e representam uma ameaça. O rei não deveria tolerá-los. Se for do agrado do rei, determine que eles sejam eliminados. Eu mesmo me encarregarei das despesas. Depositarei trezentas e cinquenta toneladas de prata no tesouro real para custear a operação.”

    10 O rei retirou o anel de selar do dedo e o entregou a Hamã, filho de Hamedata, de Agague, inimigo número um dos judeus.

    11 O rei disse a Hamã: “Vá em frente! Fique com o dinheiro. Faça o que quiser com esse povo.”

    12 No dia 13 do primeiro mês, os secretários do rei foram chamados. A decisão foi registrada exatamente como Hamã ditou e endereçada a todos os governadores de todas as províncias e às autoridades de cada povo. Foi registrada na escrita e na língua de cada província e de cada povo, em nome do rei Xerxes, e selada com o selo real. 13-14 Foram enviados os comunicados pelos emissários a todas as províncias do Império. A ordem era massacrar e, assim, eliminar os judeus, jovens e velhos, mulheres e crianças, no mesmo dia, o dia

    13 do décimo segundo mês, no mês de adar, e confiscar todos os seus bens. Em cada província, foram publicadas cópias da decisão, a fim de que todos se preparassem para aquele dia.

    15 Em obediência à ordem do rei, os emissários partiram. A decisão também foi comunicada no complexo real de Susã. O rei e Hamã sentaram-se para beber, enquanto a cidade de Susã se alvoroçava com a notícia.

  • Ester, 2

    1-4 Passado um tempo, quando o rei Xerxes já estava mais calmo, ele se lembrou do que Vasti havia feito e do que ele tinha determinado contra ela. Os auxiliares do rei sugeriram que fossem trazidas as virgens mais bonitas para o rei. Disseram: “Designe oficiais de todas as províncias para escolher e enviar as moças mais belas a Susã. Elas devem ser recolhidas ao harém administrado por Hegai, o eunuco do rei, responsável pelas mulheres, para que ele dê a elas um tratamento de beleza completo. Depois, a moça que mais agradar ao rei ocupará o lugar de Vasti.” O rei gostou do conselho e o pôs em prática.

    5-7 Havia um judeu que trabalhava no complexo real de Susã chamado Mardoqueu. Ele era filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis, da tribo de Benjamim. Seus antepassados foram levados cativos de Jerusalém pelo rei Nabucodonosor da Babilônia com o rei Joaquim de Judá. Mardoqueu criou sua prima Hadassa, que não tinha pai nem mãe. Ela era também conhecida pelo nome de Ester. Era elegante e muito atraente. Depois da morte dos pais dela, Mardoqueu a adotou como filha.

    8 Quando a ordem do rei foi divulgada, muitas moças foram levadas para o complexo real de Susã e entregues a Hegai, encarregado de cuidar das mulheres. Ester estava entre elas.

    9-10 Hegai se agradou de Ester e deu uma atenção especial à moça. Submeteu-a a tratamentos de beleza, determinou uma dieta especial para ela, chamou sete moças do palácio para servi-la e designou um quarto separado para ela e as moças. A conselho de Mardoqueu, Ester não disse nada a respeito da sua origem ou do seu povo.

    11 Todos os dias, Mardoqueu passava pelo pátio do harém para saber de Ester e ter notícias dela.

    12-14 Depois de doze meses de preparação e tratamentos de beleza — seis meses de tratamento com óleo de mirra e seis meses com perfumes e vários cosméticos —, cada moça era levada ao rei Xerxes. Quando chegava a vez de uma moça comparecer diante do rei, ela podia levar consigo para o palácio do rei o que quisesse. Ela ia à tarde e, na manhã seguinte, era encaminhada para outro harém, supervisionado por Saasgaz, o oficial do rei encarregado das concubinas. Ela nunca mais voltava à presença do rei, a não ser que o rei gostasse dela e a chamasse pelo nome.

    15 Na vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu, que a adotou como filha, ela não quis levar nada, a não ser o que Hegai, o encarregado do harém, recomendou. Ester, com seu comportamento, conquistava a admiração de todos os que conviviam com ela.

    16 Ela foi levada ao rei Xerxes no palácio real no décimo mês, no mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado.

    17-18 O rei apaixonou-se por Ester, muito mais que por qualquer outra mulher ou outra virgem. Ele entregou a coroa real a ela e a constituiu rainha no lugar de Vasti. Em seguida, o rei ofereceu um grande banquete a todos os seus nobres e oficiais. Era o banquete de Ester. Ele decretou feriado em todas as províncias e distribuiu presentes com generosidade reaL

    19-20 Quando as virgens foram reunidas novamente, Mardoqueu estava sentado à porta do palácio. Até então, Ester não havia revelado nada sobre sua origem ou seu povo, conforme Mardoqueu havia instruído. Ela continuava acatando o que Mardoqueu dizia, como na infância, quando foi criada por ele.

    21-23 Certo dia, quando Mardoqueu estava sentado à porta do palácio, Bigtã e Teres, dois dos eunucos, que guardavam a entrada, estavam revoltados com o rei Xerxes e tramaram o assassinato dele. Mas Mardoqueu descobriu a conspiração e a contou à rainha Ester, que levou a informação ao rei Xerxes, dizendo que foi Mardoqueu quem tinha descoberto o plano. Depois de investigarem o caso e confirmarem sua veracidade, os dois homens foram condenados à forca. Tudo isso foi registrado no histórico do reinado, na presença do rei.

  • Ester, 1

    1-3 Nos dias de Xerxes, que reinou sobre cento e vinte e sete províncias desde a Índia até a Etiópia, a sede do reino ficava no complexo real de Susã. No terceiro ano do seu reinado, ele ofereceu um banquete a todos os seus oficiais e ministros. Também estavam presentes as autoridades militares da Pérsia e da Média, além dos príncipes e governadores das províncias.

    4-7 Durante seis meses, ele exibiu o imenso patrimônio do seu Império e o impressionante luxo da realeza. Para concluir, o rei deu uma festa de uma semana para todos os moradores da ctal, Susã. Participaram desde os nobres até os mais simples. A festa aconteceu no jardim do pátio do palácio de verão do rei. O jardim foi decorado com tecidos brancos e azuis, fixados com cordas de linho branco e roxo em argolas de prata, fixadas em colunas de mármore. As poltronas eram de prata e de ouro; o piso era um mosaico de pórfiro, mármore, madrepérola e pedras preciosas. A bebida era servida cm taças de ouro personalizadas. O vinho real era servido à vontade, por conta da generosidade do rei.

    8-9 O rei autorizou os convidados a beber quanto quisessem. Os mordomos ficavam à disposição para servi-los sempre que desejassem. Enquanto isso, dentro do palácio do rei Xerxes, a rainha Vasti oferecia um banquete à parte para as mulheres.

    10-11 No sétimo dia da festa, o rei, já alterado de tanto beber, ordenou a sete oficiais, seus auxiliares particulares Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas, que fossem buscar a rainha Vasti em trajes suntuosos e com sua coroa real. Ela era muito bonita.

    12-15 Mas a rainha se recusou a ir e não acompanhou os oficiais. O rei ficou indignado. Furioso com a recusa da rainha, convocou seus conselheiros e todos os especialistas em questões de leis e de direito. O rei tinha o costume de consultar os assessores especializados. Os assessores mais próximos, os sete principais ministros da Pérsia e da Média, que faziam parte do círculo restrito do rei, eram: Carsena, Setar, Adamata, Társis, Meres, Marsena e Memucã. Ele perguntou que medida legal deveria ser tomada contra a rainha Vasti por ter recusado atender a uma ordem do rei Xerxes transmitida por seus oficiais.

    16-18 Memucã tomou a palavra diante dos conselheiros e dos ministros do rei: “Não foi apenas ao rei que a rainha Vasti ofendeu. Todos nós, as autoridades e todo o povo de todas as províncias do rei Xerxes, fomos ofendidos. Não tenham dúvida de que a notícia vai se espalhar: ‘Você soube o que a rainha Vasti fez? O rei Xerxes ordenou que ela se apresentasse diante dele, e ela se recusou!’. Quando as mulheres ouvirem isso, vão começar a tratar o marido com desprezo. O dia em que as mulheres dos oficiais da Pérsia e da Média ficarem sabendo da recusa da rainha, perderemos o controle. É isso que queremos? Um país cheio de mulheres rebeldes, que não aceitam sua condição?

    19-20 “Então, se o rei estiver de acordo, promulgue um decreto real e registre-o nas leis dos persas e dos medos, de modo que não possa ser revogado, que a rainha Vasti está terminantemente proibida de comparecer perante o rei Xerxes. Assim, o rei terá a liberdade de substituí-la por uma mulher que aceite sua condição. Quando o decreto do rei for conhecido por todo o império, por mais vasto que seja, toda mulher, de qualquer posição social, terá maior respeito por seu marido.”

    21-22 O rei e os ministros gostaram desse conselho. O rei fez exatamente o que Memucã propôs. Enviou comunicados a todas as partes do Império, para cada província e para cada povo em sua própria escrita e língua, dizendo: “Todo homem é senhor de seu lar; o que ele disser deve ser respeitado.”