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O Livro de Jó
Introdução
O Livro de Jó trata do sofrimento humano. Jó era um homem bom, rico e feliz, mas Deus permitiu que, da noite para o dia, perdesse os filhos e tudo o que tinha e que fosse atacado por uma doença terrível. Depois Jó e os seus amigos conversam, em diálogos poéticos, procurando achar explicação para tanta desgraça. No fim Deus aparece e dá a resposta.
Pensava-se, naquele tempo, que o sofrimento é sempre resultado do pecado. Para os amigos de Jó, Deus sempre recompensa os bons e castiga os maus. Portanto, se Jó está sofrendo, é porque pecou, mesmo que tenha sido em segredo. Mas Jó reage contra essa explicação. Ele não entende como Deus deixou que tamanha desgraça caísse sobre ele, visto que sempre foi um homem bom e honesto. Nesse estado de angústia e de dúvida, Jó chega a desafiar a Deus. Ele exige uma explicação para que finalmente possa ser aceito por Deus e considerado pelos outros como um homem bom e correto.
E Deus tem a última palavra. Ele não responde às perguntas de Jó, mas fala do seu próprio poder e sabedoria. Humildemente Jó reconhece que ele não é nada diante de um Deus tão poderoso e sábio e se arrepende de haver usado palavras duras e violentas.
No final fica provado que Jó tinha razão e que os seus amigos estavam errados. Ele tinha toda a razão de rejeitar o modo de pensar dos seus amigos. E para Jó tudo vai melhor ainda do que no começo da história. Deus repreende os amigos de Jó por não haverem entendido a razão do seu sofrimento e por haverem defendido ideias erradas a respeito de Deus. Jó, ao contrário, mesmo com a sua impaciência, as suas reclamações e os seus
protestos, conservou a fé num Deus que é justo. Ele reconheceu que os seres humanos não podem compreender tudo, nem explicar bem a razão por que às vezes também os inocentes sofrem.
Esquema do conteúdo
1. Cena inicial: Jó é posto à prova (1.1—2.13)
a. Jó e a sua família (1.1-5)
b. Deus, Satanás e Jó (1.6—2.10)
c. Jó e os seus amigos (2.11-13)
2. Diálogos entre Jó e os seus amigos (3.1—37.24)
a. Queixa de Jó (3.1-26)
b. Primeiro diálogo (4.1—14.22)
c. Segundo diálogo (15.1—21.34)
d. Terceiro diálogo (22.1—27.23)
e. Elogio da sabedoria (28.1-28)
f. Defesa final de Jó (29.1—31.40)
g. As falas de Eliú (32.1—37.24)
3. Intervenção do Senhor e respostas de Jó (38.1—42.6)
a. Primeira resposta de Deus (38.1—40.2)
b. Primeira resposta de Jó (40.3-5)
c. Segunda resposta de Deus (40.6—41.34)
d. Última resposta de Jó (42.1-6)
4. Cena final (42.7-17)
a. Os três amigos de Jó (42.7-9)
b. Jó e a sua nova família (42.10-17)

  • Jó, 42

    JÓ LOUVA A DEUS – FALEI SOBRE COISAS ALÉM DA MINHA COMPREENSÃO
    1-6 Jó respondeu ao Eterno: “Estou convencido: tu podes fazer tudo, qualquer coisa! Nada, nem ninguém pode frustrar teus planos. Tu perguntaste: ‘Quem é este ignorante, que critica meus propósitos, se nada sabe?’. Admito, fui eu. Falei sobre coisas além da minha compreensão, fiz pouco das maravilhas que estão acima do meu entendimento. Tu me disseste: ‘Tenho algumas perguntas para você, e quero respostas diretas’. Agora confesso: antes eu ouvi falar a teu respeito; mas agora te conheço, pois vi com meus próprios olhos! Por isso, retiro tudo que disse, sou um miserável! E me arrependo profundamente, perdoa-me.”

    DEUS RESTAURA JÓ – VOU ACEITAR SUA ORAÇÃO
    7-8 Depois de acabar de falar com Jó, o Eterno virou-se para Elifaz, o temanita, e disse: “Agora é com você e seus dois amigos. Estou farto de vocês, pois não foram honestos comigo nem no que disseram de mim a meu servo Jó. Portanto, eis o que vocês devem fazer. Peguem sete touros e sete carneiros e levem para o meu servo Jó. Entreguem uma oferta de sacrifício, e meu servo Jó orará por vocês; e, assim, vou aceitar a oração de vocês. Ele clamará a mim para não tratar vocês como merecem, depois de terem falado tanta mentira a meu respeito e também por não terem sido honestos comigo, como meu servo Jó.”

    9 Assim eles fizeram. Elifaz, o temanita, Bildade, de Suá, e Zofar, de Naamate, fizeram o que o Eterno ordenou. E o Eterno aceitou a oração de Jó.

    10-11 Depois que Jó intercedeu por seus amigos, o Eterno restaurou sua fortuna — melhor dizendo, dobrou-a! Todos os seus irmãos e irmãs e amigos vieram à sua casa e deram uma festa. Eles se confessaram arrependidos e o consolaram por todos os problemas que o Eterno havia causado a ele. E cada um trouxe um generoso presente de reinauguração da casa.

    12-15 O Eterno abençoou a vida de Jó mais que no início. Ele obteve catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentos. Também teve sete filhos e três filhas. Ele chamou a primeira filha de Juriti, a segunda de Cássia e a terceira de Fascínio. Não havia mulheres tão lindas no país como as filhas de Jó. Seu pai as tratava da mesma maneira que a seus irmãos, dando a elas igual herança.

    16-17 Jó viveu mais 140 anos e chegou a ver quatro gerações de seus descendentes. Então, ele morreu com bastante idade, depois de uma vida bem vivida.

  • Jó, 41

    EU CONDUZO O UNIVERSO
    1-11 “Você seria capaz de pescar com um anzol o Leviatã e guardá-lo no cesto? Poderia laçá-lo com uma corda ou fisgá-lo com um gancho? Será que ele suplicaria por misericórdia, ou bajularia você com doces palavras? Será que ele faria um acordo com você e se disporia a servi-lo pelo resto da vida? Você brincaria com ele, como se faz com um peixinho dourado? Faria dele o mascote das suas crianças? Você o poria à venda no mercado, determinaria um preço aos compradores? Você o furaria com arpões, como alfinetes numa almofada, ou fincaria lanças de pesca em sua cabeça? Se você apenas encostasse nele, não viveria para contar a história. Que chance teria com uma criatura dessas? Com um olhar ele mataria você! Se você não aguenta olhar para ele por ser assustador, como espera se manter diante de mim? Quem poderia me confrontar e sair ileso? Eu estou no comando de tudo — eu conduzo o Universo!

    12-17 “Mas tenho ainda o que dizer sobre o Leviatã, o monstro do mar, de seu enorme tamanho, de sua bela forma. Quem sonharia em furar aquela pele forte ou pôr freios naquelas mandíbulas? Quem ousaria chegar perto de sua boca, cheia de dentes superafiados? Uma fileira de escudos forma seu dorso, fortemente ligados entre si — é seu orgulho! É invencível, nada pode reduzir a soberba. Nada pode atravessar sua pele — Tão grossa e resistente, simplesmente impenetrável!

    18-34 “Ele ronca, e o mundo se incendeia; ele pisca, e o dia amanhece. Estalos de fogo saem de sua boca, um monte de fagulhas de fogo estala. Fumaça sai de suas narinas, como vapor de uma caldeira. Ele espirra, e começa um incêndio, chamas de fogo saltam de sua boca. Sua força é tanta que amedronta. Encontrar-se com ele é brincar com a morte. Vigoroso e ágil, é rígido por todos os lados, duro como rocha, invulnerável. Até os poderosos correm e se escondem quando ele aparece, encolhem-se de medo diante do violento agitar da cauda. Dardos são inofensivos em sua pele, os arpões batem e voltam sem fazer uma arranhão. Barras de ferro são como cortiça para ele; armas de bronze, sem comentários. As flechas nem mesmo o fazem piscar; os dardos não têm diferença dos pingos de chuva. Um machado parece lasca de graveto para ele. A ponta da lança ele leva na brincadeira. Sua barriga é tão forte que parece blindada, e quando anda, deixa marcas profundas na terra. Ele agita as profundezas das águas do oceano, como se agitam as águas com a fervura. Deixa um rastro luminoso que se estica atrás dele, parece até longas barbas das profundezas do oceano. Não há nada neste mundo como ele, nem um grama de medo reside naquela criatura! Ele domina os grandes e poderosos: é o rei do oceano, o rei das profundezas!”

  • Jó, 40

    1-2 O Eterno, então, perguntou a Jó diretamente: “Agora, o que você tem a dizer em sua defesa? Vai arrastar a mim, o Poderoso, para um tribunal e fazer acusações?”

    JÓ RESPONDE A DEUS – ESTOU PRONTO PARA ME CALAR E OUVIR
    3-5 Jó respondeu: “Estou sem palavras, pasmado — fogem-me as palavras. Não deveria nunca ter aberto a boca! Falei demais, muito mesmo. Estou pronto para me calar e ouvir.”

    O SEGUNDO CONJUNTO DE PERGUNTAS DE DEUS – QUERO RESPOSTAS DIRETAS
    6-7 O Eterno se dirigiu a Jó do meio da tempestade e disse: “Tenho mais algumas perguntas para você, e quero respostas diretas.

    8-14 “Você supõe ser capaz de dizer algo que eu tenha feito de errado? Está me chamando de pecador, para sair como santo? Você tem um braço como o meu? Consegue gritar no trovão, como eu? Vamos, mostre-me o que pode fazer! Dê asas à sua indignação. Olhe bem nos olhos dos arrogantes e destrua-os. Olhe nos olhos dos arrogantes e ponha-os de joelhos. Interrompa os ímpios em seus caminhos — acabe com eles! Cave uma sepultura enorme e jogue-os lá dentro — enterre-os como indigentes sem nome. Eu dou liberdade e todo espaço de que você precisar. Aí, sem dúvida, vou acreditar que você pode se salvar sem a minha ajuda!

    15-24 “Olhe para o grande Beemote. Eu o criei, assim como criei você. Ele pasta sobre a grama e é dócil como um boi — Apenas olhe para a força de seu lombo, os músculos poderosos da barriga. A cauda balança como o cedro ao vento; as enormes pernas são como palmeiras. Seu esqueleto é feito de aço; cada osso de seu corpo é duro como ferro. É um animal imponente entre as minhas criaturas, mas eu o conduzo como a um cordeiro! As colinas cobertas de grama servem de comida para ele, enquanto os ratos do campo brincam à sua sombra. Ele tira uma soneca à tarde debaixo da sombra das árvores, refresca-se nos pântanos lamacentos. Preguiçoso, refresca-se nas sombras frondosas, enquanto a brisa se move por entre os salgueiros. E, quando o rio se agita, ele não sai do lugar, apático e tranquilo, mesmo quando o Jordão fica bravio. Mas você não o desejaria como animal de estimação: você não seria capaz de domesticá-lo!”

  • Jó, 39

    1-4 “Você sabe em que mês as cabras da montanha dão à luz? Já observou uma corça parir sua cria? Você sabe por quantos meses ela fica prenhe? Sabe dizer a hora de seu parto, quando ela se agacha e dá a luz? Seus filhotinhos crescem e tornam-se independentes, vão embora e não voltam.

    5-8 “Quem você acha que deixou o burro selvagem solto, abriu os portões do curral e o deixou escapar? Eu dei a ele toda a selva para morar, as planícies e as terras secas. Ele ri de seus primos da cidade, que são arreados. Ele ignora os gritos dos carroceiros. Ele pasta solto pelas colinas e mordisca tudo que é verde.

    9-12 “Será que o búfalo selvagem aceitaria servir você? Passaria a noite em seu celeiro? Você imagina amarrar o seu arado num búfalo e levá-lo para o campo? Ele é muito forte, sim, mas você confiaria nele? Ousaria confiar o trabalho a ele? Você não confiaria, nem por um minuto, que ele faria o que você mandou, não é?

    13-18 “A avestruz bate as asas, mas não voa — todas aquelas penas lindas! Ela bota ovos no chão batido, deixa-os lá para que a areia os aqueça, não se importa que possam ser pisados ou quebrados por algum animal selvagem. Ela é negligente com os filhotes, como se nem fossem dela. Não se importa com nada. Ela não foi criada muito esperta, isso é claro, não foi dado a ela um pingo de bom senso. Mas, quando ela corre…, ah, como corre! Brincando, ela deixa o cavalo e o cavaleiro comendo poeira.

    19-25 “Foi você quem deu ao cavalo a coragem e o adornou com uma bela crina? Você o criou para cavalgar orgulhosamente e espalhar medo com seus nobres relinchos? Impetuoso, ele bate com as patas no chão, impulsivo e determinado, e depois sai à luta. Ele ri do perigo, destemido, não tem medo da espada. O barulho e o tinido da aljava e da lança não o amedrontam. Ele se agita e, ao soar da trombeta, sai correndo a galope. Ao som da trombeta, ele relincha poderoso, sente a excitação da batalha a distância, e capta o estrondo dos gritos de guerra.

    26-30 “Foi depois de uma aula sua que o falcão aprendeu a voar, a estender as asas seguindo seu caminho? Você ordenou que a águia levantasse voo, e ensinou a fazer seu ninho nas alturas, Perfeitamente à vontade no alto do precipício, invulnerável no cume do penhasco? De sua posição, ela procura pela presa, espia a uma grande distância. Seus filhotes se alimentam de cadáveres; onde houver um animal morto, ali você a verá”

  • Jó, 38

    DEUS QUESTIONA JÓ VOCÊ ENCONTROU O VERDADEIRO SENTIDO
    1-11 Finalmente, o Eterno respondeu a Jó, do meio de uma violenta tempestade. Ele disse: “Por que você complicou tanto a questão? Por que você fala sem saber do que está falando? Recomponha-se, Jó! Ponha-se de pé! Erga a cabeça! Tenho algumas perguntas para você, e quero que responda de forma direta. Onde você estava quando criei a terra? Diga-me, já que sabe tanto! Quem decidiu seu tamanho? Por certo você sabe essa! Quem planejou as medidas? Como sua fundação foi moldada, e quem pôs a pedra principal Enquanto as estrelas da manhã cantavam e todos os anjos entoavam louvor? Quem tomou conta do oceano quando ele irrompeu tal qual o bebê sai do ventre materno? Fui eu! Eu o envolvi em suaves nuvens e o deixei confortável durante a noite. Depois, fiz uma cerca para ele, bem forte para que ele não saísse correndo, E disse: ‘Fique aqui, este é seu lugar. Mesmo quando estiver furioso, não passe deste ponto!’.

    12-15 “Alguma vez você ordenou à manhã: ‘Levante-se!’, ou disse qual era o lugar do amanhecer? Do mesmo modo, poderia segurar a Terra nas mãos e sacudir os ímpios para fora dela? Assim como o Sol traz tudo à luz e exibe todas as cores e formas, O manto da escuridão é arrancado dos ímpios — eles são pegos com a boca na botija!

    16-18 “Você encontrou o verdadeiro sentido das coisas? Explorou as cavernas obscuras do fundo do oceano? Você conhece os segredos da morte? Tem viu os mistérios da morte? Você faz ideia da largura da terra? Fale, se é que você consegue!

    19-21 “Você sabe de onde vem a luz e onde mora a escuridão? É capaz de tomá-las pela mão e conduzi-las de volta à sua morada, caso venham a se perder? Ora, é claro que você sabe! Você as conhece a vida inteira, você é tão sábio e experiente!

    22-30 “Você já viajou para onde a neve é feita, viu o armazém onde o granizo é estocado, Os arsenais de granizo e neve que mantenho para períodos de confusão ou de guerra? Você é capaz de encontrar o caminho por onde os raios são lançados, ou o lugar de onde os ventos sopram? Quem você supõe que entalhou os cânions para as chuvas torrenciais e traçou a rota das tempestades de trovão? Quem você imagina que levou água a lugares não habitados, a desertos que ninguém jamais viu, Molhando os solos improdutivos, para que ficassem tomados de flores silvestres e grama? E quem você acha que é o pai da chuva e do orvalho, a mãe do gelo e da geada? Você não pensou, nem por um minuto, que essas maravilhas simplesmente acontecem, não é?

    31-33 “Você pode chamar a atenção das belas irmãs Plêiades, ou distrair o Órion de sua caçada? Você pode fazer Vênus surgir no céu, ou fazer a Ursa Maior e seus filhotes sair para brincar? Você conhece a lei dos céus e das constelações? Sabe como elas afetam as coisas na Terra?

    34-45 “Você pode chamar a atenção das nuvens e decretar uma pancada de chuva? Pode controlar os relâmpagos e fazê-los obedecer às suas ordens?”

    O QUE VOCÊ TEM A DIZER EM SUA DEFESA
    36-38 “Quem deu sabedoria ao coração, e entendimento à mente? Alguém sabe o bastante para contar todas as nuvens ou virar os barris de chuva do céu Quando a terra está fendida e seca, e o chão, duro como tijolo?

    39-41 “É você que ensina a leoa a se aproximar silenciosamente de sua presa e satisfazer o apetite de seus filhotes Quando eles se arrastam em sua toca, esperando famintos pela comida? E quem alimenta os corvos quando seus filhotes gritam para Deus, batendo as asas porque não têm comida?”

  • Jó, 37

    1-13 “Quando isso acontece, meu coração para — fico atordoado, não consigo recuperar o fôlego. Ouça! Ouça seu trovão, o trovão ecoa sua voz. Ele solta seus raios de horizonte a horizonte, Iluminando a terra de um polo a outro. Em sua trilha, o trovão ecoa sua voz poderosa e majestosa. Ele faz o possível e o impossível, nada o detém. Ninguém pode se enganar com aquela voz — Sua palavra troveja tão maravilhosamente, seus poderosos feitos vão além da compreensão. Ele ordena à neve: ‘Cubra a terra como uma manta!’, e à chuva: ‘Encharque o campo todo!’. E todos reconhecem a sua obra, ninguém pode escapar de Deus! Os animais selvagens procuram abrigo, rastejando para a toca, Quando a nevasca surge no norte, e a geada forma uma camada na terra. É o sopro de Deus que forma o gelo, e congela lagos e rios. Sim, é Deus quem enche as nuvens de água e lança os raios de dentro delas. Ele as faz funcionar no ritmo que deseja e ordena que elas façam conforme tudo que determina. Seja por disciplina, seja por graça ou amor extravagante, ele se certifica de que se cumpra.”

    A TEMÍVEL BELEZA QUE FLUI DE DEUS
    14-18 “Jó, você está me ouvindo? Captou tudo? Considere as maravilhas de Deus! Você tem ideia de como Deus faz tudo isso, como faz brilhar o raio no meio da tempestade tenebrosa, Como ele ajunta as nuvens e as mantém carregadas — todas essas maravilhas do perfeito conhecimento? Ora, você nem consegue se refrescar num dia de calor insuportável e abafado, Então, como acha que poderá ajudar a estender o céu que é como bronze?

    19-22 “Se você é tão esperto, nos ensine a nos dirigirmos a Deus. Estamos perdidos e nem imaginamos como fazer. Acha que não tenho juízo para desafiar Deus? Assim não arranjaria problemas? Ninguém, em sã consciência, fica olhando direto para o sol num dia claro e sem nuvens. Assim como o ouro vem das montanhas do norte, uma temível beleza flui de Deus.

    23-24 “Poderoso Deus, tão longe do nosso alcance! Insuperável em poder e justiça! É impensável que ele trate alguém com parcialidade. Portanto, curvem-se diante dele em profunda reverência! Quem é sábio certamente o louvará.”

  • Jó, 36

    OS QUE APRENDEM COM O SOFRIMENTO
    1-4 Eliú suspirou profundamente, mas continuou: “Acompanhe mais um pouco meu raciocínio. Vou convencer você. Há ainda muita coisa a ser dita a favor de Deus. Aprendi tudo isso em primeira mão, direto da Fonte. Tudo que eu sei sobre justiça devo ao meu Criador. Confie em mim, estou oferecendo a você a pura verdade. Acredite, conheço essas coisas muito bem.

    5-15 “É verdade que Deus é Todo-poderoso, mas ele não intimida os inocentes. Para o ímpio, no entanto, a história é diferente — ele não dá colher de chá para eles, mas advoga os direitos dos aflitos. Ele nunca tira os olhos dos justos, e sempre os honra e promove. Quando as coisas vão mal, quando a aflição e o sofrimento vêm sobre eles, Deus revela onde foi que erraram, mostra como o orgulho deles causou a tribulação. Ele os obriga a escutar sua advertência e exige que se arrependam de sua má conduta. Se eles obedecem e se submetem a ele, obtêm um vida boa, longa e próspera. Mas, se desobedecem, são cortados fora, e nunca deixarão de ser ignorantes. Os ressentidos, sem Deus, vão guardando as queixas, e sempre culpam os outros por seus problemas. Vivendo de modo vergonhoso, desperdiçam seu vigor e morrem jovens. Mas os que aprendem com o sofrimento alcançam o livramento de Deus.”

    OBCECADO EM CULPAR DEUS
    16-21 “Ah, Jó! Não vê que Deus quer livrar você das garras do perigo? Não percebe que ele quer levar você ao ar livre, para festejar à volta de uma mesa farta? Mas aqui está você, farto da culpa dos ímpios, obcecado em culpar Deus! Não permita que suas riquezas o corrompam. Não pense que poderá se livrar disso com suborno. Acha que pode comprar sua liberdade? Claro que não! E não pense que a noite, quando as pessoas descansam dos problemas, trará a você algum alívio. Acima de tudo, não piore as coisas, com mais maldade, pois é isso que está por trás do seu sofrimento!

    22-25 “Você faz ideia de como Deus é poderoso? Já viu um mestre como ele? Alguma vez alguém precisou dizer a ele o que fazer, ou corrigi-lo, dizendo: ‘Você fez tudo errado!’? Lembre-se, então, de louvar sua obra, tão celebrada por meio de canções. Todos conseguem vê-la. Ninguém está tão longe que não possa contemplá-la.”

    NINGUÉM PODE FUGIR DE DEUS
    26 “Dê uma boa olhada. Veja como Deus é grande, infinito, maior que tudo que você possa imaginar ou compreender!

    27-33 “Ele tira a água do mar, enche as nuvens de chuva. Os céus se abrem e solta gota por gota, que caem como ele chuvas sobre todos. Alguém faz ideia de como isso acontece? Alguém sabe como ele organiza as nuvens e fala através do trovão? Apenas olhe para aquele raio: sua luz que enche o céu, e ilumina as profundezas escuras do mar! Esses são os sinais da soberania, da generosidade e do cuidado amoroso de Deus. Ele lança flechas de luz, mirando com todo cuidado. O Soberano Deus ruge no trovão, pois contra o mal está irado.”

  • Jó, 35

    O TERCEIRO DISCURSO DE ELIÚ DEUS ENSINA ATRAVÉS DE TODA A SUA CRIAÇÃO
    1-3 Eliú continuou: “Esse discurso faz algum sentido? Primeiro você diz: ‘Sou inocente diante de Deus’ Depois diz: ‘Que vantagem eu tenho? Não faz a menor diferença se pequei ou não’!

    4-8 “Bem, vou provar agora que você não sabe do que está falando, nem você nem seus amigos. Olhe para o céu. Dê uma boa olhada. Vê aquelas nuvens lá em cima? Se você pecar, que diferença faria para Deus? Não importa quanto você pecou: fará diferença para ele? Mesmo que você fosse bom, o que Deus ganharia com isso? Você acha que ele depende de suas obras? Os únicos que são afetados por você ser bom ou mau são sua família, amigos e vizinhos. Deus não depende do seu comportamento.

    9-15 “Quando a situação piora, as pessoas pedem socorro. Suplicam para que não sejam mais maltratadas. Mas nunca pensam em Deus quando as coisas vão bem, quando Deus inspira canções no coração delas, Ensinando através de toda a sua criação, ao usar pássaros e animais para dar sabedoria. As pessoas se mostram arrogantes e indiferentes para com Deus — até que estejam em perigo, e, por isso, Deus não responde. Não há nada por trás de tais orações exceto o pânico, e o Todo-poderoso não dá atenção a elas. Então, por que ele notaria você? Só porque você está cansado de esperar para ser ouvido, Ou de esperar que o seu caso chegue a ele e faça alguma coisa a respeito?

    16 “Jó, você só fala bobagens — nem sabe o que diz!.”

  • Jó, 34

    O SEGUNDO DISCURSO DE ELIÚ É IMPOSSÍVEL DEUS FAZER O MAL
    1-4 Eliú continuou: “Então me ouçam, sábios amigos, e depois me digam o que pensam disso. Pois o ouvido distingue as palavras, assim como o paladar distingue as comidas. Vamos trabalhar juntos para descobrir o que é certo e bom?

    5-9 “Todos ouvimos Jó dizer: ‘Eu estou no meu direito, mas Deus não me dá um julgamento justo. Quando eu me defendo, sou chamado de mentiroso. Não fiz nada de errado e fui punido do mesmo jeito’. Já ouviram algo que superasse isso? Nada intimida esse tal de Jó? Passou tempo demais em má companhia, andando com gente complicada, Pois agora anda a falar como eles: ‘É perda de tempo tentar agradar a Deus’?

    10-15 “Vocês que sabem de tudo, até mesmo lidar com o assunto, ouçam o que digo. É impossível Deus fazer o mal; o Poderoso não age com maldade, de jeito nenhum! Ele nos faz pagar o que é justo — nem mais, nem menos. Cada um tem exatamente o que merece! É impossível Deus fazer algo reprovável, o Poderoso não perverte a justiça. Nem pensar! É ele quem governa a terra! Ele sustenta o mundo inteiro em sua mão! Se ele decidisse reter seu sopro, todos seriam varridos do mundo.”

    DEUS TRABALHA NOS BASTIDORES
    16-20 “Então, Jó, use a cabeça, porque tudo é tão óbvio! Pode alguém que detesta a ordem manter a ordem? E você ousa condenar aquele que é infinitamente justo? Deus não diz sempre como as coisas são, expõe a podridão dos governantes corruptos? Por acaso ele prefere os ricos e famosos aos pobres? Não é ele responsável por todos? As pessoas que merecem não morrem sem aviso, e os governantes ímpios caem em sua maldição. E não fizemos nada para destruir os ‘grandes’, mas sabemos que Deus trabalha nos bastidores.

    21-28 “Ele está de olho em cada pessoa, e não deixa passar nada em branco. Não há escuridão nem sombra densa demais, que esconda os que praticam o mal. Deus não precisa de mais provas contra eles, pois o pecado deles é o bastante. Ele destrói os poderosos sem dar satisfação, e coloca outros em seu lugar. Ninguém passa despercebido; durante a noite, Deus julga, pois conhece tudo o que fazem. Ele pune o ímpio por causa de suas impiedades e faz isso onde todos possam ver, Porque eles deixaram de segui-lo, nem cogitavam mais seguir seus caminhos. Isso foi denunciado pelo clamor dos pobres; o choro dos aflitos chamou a atenção de Deus.”

    VOCÊ SE RECUSOU A VIVER NOS TERMOS DE DEUS
    29-30 “Se Deus permanecer calado, o que você tem com isso? Se ele vira o rosto, o que você pode fazer a respeito? Mas no silêncio e no oculto ele ainda reina, para evitar que quem odeia Deus tome o controle e arruine a vida de seu povo.

    31-33 “Então, por que as pessoas não confessam seu pecado a Deus, dizendo: ‘Pequei, mas não vou fazer isso de novo? Ensina-me a ver o que ainda não vejo. Qualquer que tenha sido meu pecado, não voltarei a praticá-lo’. E você, só porque se recusou a viver nos termos de Deus, acha que ele deve concordar em viver de acordo com os seus? Agora, você decide. Não posso fazer isso por você. Diga-me, depois, o que você decidiu.

    34-37 “Todas as pessoas de bom senso dizem — e os sábios que me ouviram concordam: ‘Jó é um ignorante, e fala absurdos’. Jó precisa ser posto contra a parede: tem de prestar contas de sua atitude a Deus. Você agravou a sua situação, rebelou-se contra a disciplina de Deus, Desafiou-o de modo arrogante e multiplicou acusações contra o Todo-poderoso.”

  • Jó, 33

    1-4 “Então, Jó, escute-me, preste atenção ao que tenho a dizer, As palavras estão na ponta da língua, prontas para serem ditas. Não tenho outro interesse nisso: sou sincero, falo do fundo do coração. O Espírito de Deus fez de mim o que sou, o sopro do Todo-poderoso me deu vida!”

    DEUS SEMPRE RESPONDE, DE UM JEITO OU DE OUTRO
    5-7 “Se acha que pode provar que estou errado, tente. Apresente seus argumentos. Defenda-se! Mas veja, sou homem como você, iguais diante de Deus, fomos feitos do mesmo barro. Então, vamos trabalhar juntos nisso. Não fique receoso nem se sinta intimidado.

    8-11 “Eis o que você disse, e eu ouvi muito bem. Disse: ‘Eu sou puro, não fiz nada de errado. Acreditem, estou limpo. Minha consciência está tranquila. Mas Deus continua me perseguindo. Ele me trata como se eu fosse seu inimigo. Ele me atirou numa espécie de prisão e me mantém sob constante vigilância.

    12-14 “Mas deixe-me dizer, Jó, você está completamente errado! Deus é muito maior do que o homem. Então, como ousa levá-lo a julgamento, e reclamar que ele não responde às suas acusações? Deus sempre responde, de um jeito ou de outro, mesmo quando não conseguimos reconhecer.

    15-18 “Num sonho ou numa visão, quando mergulham num sono profundo, deitados em sua cama, Deus pode falar aos ouvidos deles e os intimida com advertências Para afastá-los de sua própria maldade, de alguma escolha negligente, Ou para guardá-los da morte, ou ainda, de uma situação sem volta.

    19-22 “Deus pode chamar a atenção deles por meio da dor, atirando-os num leito de sofrimento, De modo que não consigam nem olhar para a comida e fiquem enjoados até de seus pratos favoritos. Eles perdem tanto peso que ficam reduzidos a osso. Eles se aproximam do desfiladeiro da morte, sabendo que podem estar respirando pela última vez.

    23-25 “Mas, se viesse um anjo, e dentre os milhares que existem, um defensor para o seu caso, Um mensageiro que interviesse, dando testemunho de que é inocente, dizendo: ‘Livra-o, pois vim com o resgate dele!’, Antes que percebesse, você estaria curado, suas forças voltariam e ficaria tinindo!

    26-28 “Então, ajoelhe-se e ore a Deus! Você veria o sorriso de Deus e celebraria, e voltaria a ficar de bem com Deus. Você não economizaria louvores a Deus, testificando: ‘Quase arruinei minha vida, e posso dizer a vocês que não valeu a pena. Mas Deus interveio e me salvou da morte certa. Estou vivo outra vez! Posso ver a luz de novo!’.

    29-30 “É assim que Deus age com as pessoas, muitas vezes é o que faz; Livra nossa alma da destruição certa, para continuarmos a viver na luz!.”

    31-33 “Continue ouvindo, Jó. Não me interrompa — não terminei ainda. Mas, se sabe de alguma coisa que eu não sei, diga-me. Não há nada que eu deseje mais do que ver o seu nome limpo. Por isso, continue ouvindo e não me interrompa, vou ensinar o bê-á-bá da sabedoria a você.”