Categoria: Juízes

O Livro dos Juízes
Introdução
O Livro de Juízes conta a história de Israel desde a conquista da terra de Canaã até o começo da monarquia. Nesse tempo surgiram os “juízes”, que eram principalmente chefes militares, mas também resolviam as questões legais do povo.
Este livro ensina que o povo de Israel só continuaria a existir se fosse fiel a Deus, enquanto a infidelidade sempre levaria à desgraça. Porém há mais do que isso. Mesmo quando a nação era infiel e a desgraça vinha, Deus estava sempre pronto a salvar o seu povo quando eles se arrependiam e voltavam para ele.
Esquema do conteúdo
1. Introdução geral ao período dos juízes (1.1—3.6)
a. Os israelitas se estabelecem em Canaã (1.1—2.5)
b. Síntese histórica do período dos juízes (2.6—3.6)
2. Os juízes de Israel (3.7—16.31)
a. De Otniel a Sangar (3.7-31)
b. Débora, a profetisa (4.1—5.31)
c. Gideão e Abimeleque (6.1—9.57)
d. Tola e Jair (10.1-5)
e. Jefté (10.6—12.7)
f. De Ibsã a Abdom (12.8-15)
g. Sansão (13.1—16.31)
3. Apêndices (17.1—21.25)
a. O sacerdote Mica e os danitas (17.1—18.31)
b. O levita e a sua concubina. A guerra contra os benjamitas (19.1—21.25)

  • Juízes, 11

    1-3 Jefté, o gileadita, era um guerreiro valente. Ele era filho de uma prostituta, e seu pai era Gileade. A mulher de Gileade também deu filhos a ele. Quando eles cresceram, expulsaram Jefté de casa, pois diziam: “Você não receberá nenhuma herança da família. Você é filho de outra mulher.” Por isso, Jefté fugiu dos irmãos e foi morar na terra de Tobe. Alguns marginais se juntaram a ele e formaram um bando.

    4-6 Algum tempo depois, os amonitas tomaram a iniciativa do ataque contra Israel. Diante daquela ameaça, os líderes de Gileade foram procurar Jefté na terra de Tobe. Disseram a Jefté: “Venha! Seja o nosso general para que possamos atacar os amonitas.”

    7 Mas Jefté respondeu aos líderes de Gileade: “Vocês me odeiam. Vocês me expulsaram da casa de minha família. Por que vieram me procurar agora? É porque estão em apuros, não é?”

    8 Os líderes de Gileade reconheceram: “Exatamente. Viemos atrás de você para que nos ajude a lutar contra os amonitas. Você será comandante de todos nós, de todos os moradores de Gileade.”

    9 Jefté perguntou aos líderes de Gileade: “Se vocês me levarem de volta para lutar contra os amonitas e o Eterno me dera vitória, serei chefe de vocês, correto?”

    10-11 Eles responderam: “O Eterno é testemunha entre nós: faremos tudo o que você mandar.” Assim, Jefté concordou emir com os líderes de Gileade. O povo o tornou chefe e comandante deles. Jefté repetiu o que tinha dito diante do Eterno em Mispá.

    12 Jefté enviou mensageiros ao rei dos amonitas com a seguinte mensagem: “O que está acontecendo, para que vocês venham procurar briga na minha terra?”

    13 O rei dos amonitas respondeu aos mensageiros de Jefté: “É que Israel tomou a minha terra quando veio do Egito: desde o Arnom até o Jaboque e o Jordão. Devolvam tudo pacificamente, e deixarei vocês em paz.”

    14-27 Jefté enviou novamente os mensageiros ao rei dos amonitas com esta mensagem: “Jefté mandou dizer: ‘lsrael nunca tomou terra dos moabitas nem dos amonitas. Quando os israelitas vieram do Egito, eles vieram pelo deserto desde o mar Vermelho até Cades. Dali, Israel enviou mensageiros ao rei de Edom dizendo: Deixe-nos atravessar a sua terra. Mas o rei de Edom não os deixou passar. Israel também pediu permissão ao rei de Moabe, mas ele também não os deixou passar. Eles ficaram parados em Cades. Então, eles atravessaram o deserto e rodearam a terra de Edom e de Moabe. Eles chegaram a leste da terra de Moabe e acamparam do outro lado do Arnom — nem sequer pisaram em território moabita, pois Amom ficava na fronteira de Moabe. Em seguida, Israel enviou mensageiros a Seom, rei dos amorreus, em Hesbom, pedindo: Deixe-nos atravessar o seu território de passagem para a nossa terra. Mas Seom não acreditou que Israel iria apenas atravessar seu território e convocou todo o seu exército. Eles acamparam em Jaza e lutaram contra Israel. Mas o Eterno, o Deus de Israel, entregou Seom e todas as suas tropas nas mãos de Israel. Israel os derrotou e conquistou toda a terra dos amorreus, desde o Arnom até o Jaboque e desde o deserto até o Jordão. Foi o Eterno, o Deus de Israel, quem expulsou os amorreus em benefício de Israel. Então, quem você pensa que é para reclamar a posse desta terra? Por que não se contenta com o que o seu deus Camos deu a você, e nós nos contentaremos com o que o Eterno, o nosso Deus, nos deu? Você acha que é melhor que Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe? Ele conseguiu alguma coisa fazendo oposição a Israel? Ele arriscou lutar contra nós? Todo esse tempo, e já se passaram trezentos anos desde que Israel viveu em Hesbom e seus povoados, em Aroer e seus povoados e em todas as cidades ao longo do Arnom, por que você não tentou conquistá-las? Você está enganado. Não tiramos nada de você. Mas você estará cometendo um grande erro, se pretende declarar guerra contra nós. Hoje o Eterno, o verdadeiro Juiz, decidirá entre o povo de Israel e o povo de Amom’.”

    28 Mas o rei dos amonitas não deu atenção a nada que Jefté dizia.

    29-31 O Espírito do Eterno veio sobre Jefté. Ele atravessou Gileade e Manassés, passou por Mispá de Gileade e, de lá, se aproximou dos amonitas. Jefté fez um voto ao Eterno: “Se me deres a vitória sobre os amonitas, dedicarei ao Eterno aquele que sair da porta da minha casa para me encontrar, quando eu retornar a salvo da guerra contra os amonitas. Será oferecido a ti como oferta queimada.”

    32-33 Depois disso, Jefté saiu para lutar contra os amonitas. O Eterno os entregou em suas mãos. Ele os atacou com todo ímpeto, desde Aroer até a região de Minite, até Abel-Queramim, e conquistou vinte cidades! Foi um verdadeiro massacre! Os amonitas foram dominados pelo povo de Israel.

    34-35 Jefté voltou para Mispá, e sua filha saiu de casa para encontrá-lo, dançando ao som de tamborins! Ela era filha única, porque ele não tinha outros filhos e filhas. Quando ele percebeu quem era, rasgou a própria roupa e gritou: “Ah, minha filha querida! Estou envergonhado! Você é a causa do meu desprezo. Meu coração está partido. Fiz um voto ao Eterno e não posso deixar de cumpri-lo!”

    36 Ela disse: “Meu pai, se você fez um voto ao Eterno, faça comigo o que prometeu. O Eterno fez a parte dele, livrando você dos amonitas.”

    37 Ela disse também a seu pai: “Só vou pedir uma coisa. Dê-me dois meses, para que eu possa ir às montanhas com as minhas amigas chorar por causa da minha virgindade, já que nunca vou poder me casar.”

    38-39 Ele respondeu: “Você pode ir.” E deu a ela o prazo de dois meses. Ela e as suas amigas foram para as montanhas, chorando por ela não poder se casar. Dois meses depois, ela estava de volta. Ele cumpriu o voto que tinha feito a respeito dela. Ela nunca teve relações com homem algum.

    39-40 Tornou-se costume em Israel que todos os anos, as moças de Israel se reuniam durante quatro dias para chorar pela filha de Jefté de Gileade.

  • Juízes, 10

    TOLÁ
    1-2 Tolá, filho de Dodô, foi o sucessor de Abimeleque. Ele também foi um libertador de Israel. Era da tribo de Issacar e vivia em Samir, nas montanhas de Efraim! Ele governou Israel vinte e três anos; depois, morreu e foi sepultado em Samir.

    JAIR
    3-5 Depois dele, Jair, de Gileade, assumiu a liderança. Ele governou Israel durante vinte e dois anos. Tinha trinta filhos, que montavam trinta jumentos e tinham trinta cidades em Gileade. Até hoje, as cidades são chamadas Povoados de Jair. Ele morreu e foi sepultado em Camom.

    6-8 O povo de Israel voltou a agir mal diante do Eterno. Eles adoraram os deuses de Baal e as deusas de Astarote: deuses de Aram, Sidom e Moabe, além dos deuses dos amonitas e dos filisteus. Eles se desviaram e abandonaram o Eterno, deixando de servi-lo. A ira do Eterno se acendeu contra Israel, e ele os entregou aos filisteus e aos amonitas. Naquele ano, eles oprimiram sem dó o povo de Israel. Durante dezoito anos, eles tiranizaram o povo de Israel que vivia a leste do Jordão, na terra dos amorreus, em Gileade.

    9 Então, os amonitas atravessaram o Jordão para atacar Judá, Benjamim e Efraim, e Israel ficou profundamente angustiado!

    10 O povo de Israel clamou ao Eterno: “Pecamos contra ti! Abandonamos o nosso Deus para adorar os deuses de Baal!”

    11-14 O Eterno respondeu ao povo de Israel: “Quando os egípcios, os amorreus, os amonitas, os filisteus, os sidônios — até os amalequitas e os midianitas — os oprimiram, vocês clamaram a mim e eu os libertei. Agora, vocês me abandonaram outra vez, adorando outros deuses. Não vou ajudar desta vez. Façam assim: Clamem aos deuses que vocês escolheram, para que eles os livrem da encrenca em que vocês se meteram!”

    15 Mas o povo de Israel disse ao Eterno: “Nós pecamos. Depois, podes fazer conosco o que achares melhor, mas livra-nos desta opressão!”

    16 Eles baniram os deuses estrangeiros das suas casas e passaram a adorar apenas ao Eterno. O Eterno não deixou de ter compaixão das aflições de Israel.

    JEFTÉ
    17-18 Os amonitas se prepararam para a guerra, acampando em Gileade. O povo de Israel acampou contra eles em Mispá. Os líderes de Gileade disseram: “Quem comandará a guerra contra os amonitas? Nós o faremos chefe de todos os moradores de Gileade.”

  • Juízes, 9

    1-2 Abimeleque, filho de Jerubaal, foi para Siquém, onde estavam seus tios e todos os parentes de sua mãe, e disse a eles: “Perguntem aos homens de Siquém: ‘O que vocês preferem, que setenta homens reinem sobre vocês, isto é, todos os filhos de Jerubaal, ou apenas um homem? Lembrem-se de que eu também sou da família de vocês’.”

    3 Os parentes de sua mãe discutiram o assunto com as autoridades de Siquém, e eles optaram por Abimeleque, argumentando: “Afinal, ele é um dos nossos.”

    4-5 Eles deram a Abimeleque setenta peças de prata do santuário de Baal-Berite. Com esse dinheiro, ele contratou o serviço de um bando de marginais. Ele foi até Ofra, na casa de seu pai, e matou seus meios-irmãos, filhos de Jerubaal. Matou todos os setenta sobre uma rocha, menos o mais jovem, Jotão, que conseguiu se esconder. Foi o único sobrevivente.

    6 Todos os líderes de Siquém e Bete-Milo se reuniram debaixo do carvalho, perto da coluna de Siquém, e coroaram Abimeleque rei.

    7-9 Quando deram a notícia a Jotão, ele subiu ao topo do monte Gerizim e discursou: “Ouçam-me, líderes de Siquém. Assim, Deus ouvirá vocês! Um dia, as árvores decidiram ungir um rei para si. Disseram à oliveira: ‘Reine sobre nós’. Mas a oliveira respondeu: ‘Acham que vou deixar o meu azeite, Que honra os deuses e os homens, para dominar sobre as árvores?’.

    10-11 Então, as árvores disseram à figueira: ‘Venha! Reine sobre nós’. Mas a figueira respondeu: ‘Acham que vou deixar a minha doçura, Os meus frutos que dão água na boca, para dominar sobre as árvores?’.

    12-13 As árvores, então, disseram à videira: ‘Venha! Reine sobre nós.’ Mas a videira respondeu: Acham que vou deixar o meu vinho, Que alegra os deuses e os homens, para dominar sobre as árvores?’.

    14-15 Finalmente, as árvores disseram ao espinheiro: ‘Venha! Reine sobre nós’. Mas o espinheiro disse às árvores: ‘Se vocês realmente desejam que eu seja o seu rei, Refugiem-se na minha sombra. Mas se não quiserem, que saia fogo do espinheiro e queime até os cedros do Líbano!’.

    16-20 “Agora, ouçam: Vocês acham que fizeram certo, coroando Abimeleque rei? Acham que respeitaram Jerubaal e sua descendência? Deram a Gideão o que ele merecia? Meu pai lutou por vocês, arriscou a própria vida e os libertou da opressão dos midianitas, mas vocês acabam de traí-lo. Vocês massacraram seus filhos — setenta homens sobre uma rocha! Vocês coroaram Abimeleque, filho de sua concubina, rei sobre os líderes de Siquém só porque ele é parente de vocês. Se acham que honraram Jerubaal, então, comemorem com Abimeleque e que ele se alegre com vocês. Do contrário, que saia fogo de Abimeleque e queime os líderes de Siquém e Bete-Milo. Ou saia fogo dos líderes de Siquém e de Bete-Milo para queimar Abimeleque.”

    21 Depois desse discurso, Jotão fugiu para se salvar. Foi para Beer e fixou residência ali, porque tinha medo de seu irmão Abimeleque.

    22-24 Abimeleque reinou sobre Israel três anos. Então, Deus provocou um atrito entre Abimeleque e os líderes de Siquém, que começaram a agir traiçoeiramente contra ele. A violência voltou-se contra ele: o derramamento de sangue dos setenta irmãos, filhos de Jerubaal, caiu sobre Abimeleque e os líderes de Siquém que o ajudaram no massacre.

    25 Os líderes de Siquém puseram homens de emboscada na subida das montanhas para assaltar os viajantes. Mas Abimeleque ficou sabendo.

    26-27 Nesse meio-tempo, Gaal, filho de Ebede, chegou com seus parentes para residir em Siquém e conquistou a confiança dos líderes da cidade. Na época da vindima, foram para o campo pisar as uvas e fizeram uma festa no santuário do deus deles, um banquete com muita comida e bebida. A certa altura, começaram a criticar Abimeleque.

    28-29 Gaal, filho de Ebede, perguntou: “Quem é esse Abimeleque? E por que nós, siquemitas, temos de obedecer a ele? Não é aquele filho de Jerubaal? O braço direito dele não se chama Zebul? Ora, nós pertencemos a Hamor e honramos o nome de Siquém. Por que haveríamos de bajular Abimeleque? Se eu estivesse no comando desse povo, a primeira coisa que faria seria me livrar desse Abimeleque! Eu diria na cara dele: ‘Mostre a sua força, Abimeleque! Vamos ver quem manda aqui!’.”

    30-33 Zebul, governador da cidade, ouvindo o que Gaal, filho de Ebede, dizia, ficou furioso e enviou secretamente alguns mensageiros a Abimeleque com este recado: “Gaal, filho de Ebede, e seus parentes vieram para Siquém e estão tramando contra você. Faça o seguinte: traga suas tropas esta noite e arme uma emboscada no campo. De manhã, logo ao nascer do sol, ataque a cidade. Gaal e suas tropas sairão ao seu encontro. Daí em diante, você sabe o que fazer.”

    34-36 Abimeleque e as suas tropas, divididas em quatro companhias, saíram naquela noite e armaram uma emboscada perto de Siquém. De manhã, Gaal, filho de Ebede, foi para a entrada da cidade. Abimeleque e suas tropas deixaram o esconderijo. Quando Gaal os viu, disse a Zebul: “Veja, parece que tem gente descendo das montanhas!” Zebul disfarçou: “Parecem homens, mas são apenas sombras nas montanhas.” E mudou de assunto.

    37 Gaal insistiu: “Veja, são tropas descendo de Tabur-Eres (O Umbigo da Terra). Uma companhia inteira está descendo pelo caminho do Carvalho dos Adivinhadores!”

    38 Zebul disse: “Onde está aquela sua coragem? Não foi você que disse: ‘Quem é esse Abimeleque? Por que temos de obedecer a ele?’. Pois aí está ele com as tropas de que você fez pouco caso. É a sua chance. Lute contra ele!”

    39-40 Gaal, com o apoio dos líderes de Siquém, enfrentou Abimeleque. Mas Abimeleque venceu. Gaal virou as costas e fugiu, deixando muitos feridos pelo caminho até a entrada da cidade.

    41 Abimeleque permaneceu em Arumá, e Zebul expulsou Gaal e seus parentes de Siquém.

    42-45 No dia seguinte, o povo fugiu para os campos, e alguém deu a notícia a Abimeleque. Ele convocou suas tropas, dividiu-as em três companhias e armou emboscada nos campos. Quando viu que o povo estava em campo aberto, saiu e o atacou. Abimeleque e a companhia que estava com ele avançaram até a entrada da cidade. As outras duas companhias perseguiram os que haviam saído da cidade e os mataram. Abimeleque lutou contra a cidade o dia todo, até que a subjugou e massacrou todos os moradores. Ele deixou a cidade em ruínas e jogou sal sobre ela.

    46-49 Quando os líderes da torre de Siquém ficaram sabendo disso, foram até a fortaleza do templo do Deus da aliança. Alguém informou Abimeleque de que o grupo da torre de Siquém estava reunido. Então, ele e suas tropas subiram ao monte Zalmom (Montanha Escura). Abimeleque pegou seu machado, cortou lenha e a carregou nos ombros. Ele ordenou aos seus homens: “Façam o que estou fazendo. Depressa!” Então, cada um dos homens cortou um feixe de lenha e foi atrás de Abimeleque. A lenha foi empilhada sobre o abrigo da torre, e eles puseram fogo em tudo. Todos os que estavam na torre de Siquém morreram, cerca de mil homens e mulheres.

    50-54 Abimeleque prosseguiu para Tebes. Ele sitiou Tebes e a conquistou. No centro da cidade, havia uma torre bem protegida, e todos os habitantes da cidade, com os seus líderes, se refugiaram ali, trancaram a porta por dentro e subiram para o topo. Abimeleque resolveu atacar a torre. Ele se aproximou da entrada para incendiá-la. Naquele momento, uma mulher jogou lá de cima uma pedra de moinho, que esmagou seu crânio. Ele chamou seu escudeiro e ordenou: “Pegue a sua espada e me mate, para que eles não digam: ‘Ele foi morto por uma mulher’”. O jovem pegou a espada e matou Abimeleque.

    55 Quando os israelitas viram Abimeleque morto, voltaram para casa.

    56-57 Deus vingou o mal que Abimeleque tinha feito contra seu pai matando seus setenta irmãos. Deus fez recair sobre os homens de Siquém todo o mal que tinham feito — a maldição de Jotão, filho de Jerubaal.

  • Juízes, 8

    1 Os efraimitas perguntaram a Gideão: “Por que você não nos chamou quando foi lutar contra os midianitas?” Eles estavam indignados e o criticavam. Mas Gideão respondeu: “O que foi que eu fiz, comparado a vocês? Acaso as sobras das uvas de Efraim não são melhores que toda a colheita de Abiezer? Deus entregou a vocês os comandantes dos midianitas, Orebe e Zeebe. O que eu fiz em comparação a isso?” Depois de ouvir sua resposta, eles se acalmaram e não protestaram mais.

    4-5 Gideão e os trezentos homens que o acompanhavam chegaram ao Jordão e atravessaram o rio. Eles estavam exaustos, mas continuavam a perseguição. Ele perguntou aos homens de Sucote: “Por favor, providenciem alimento para os homens que estão comigo. Eles estão exaustos, e eu estou perseguindo Zeba e Zalmuna, os reis midianitas.”

    6 Mas os líderes de Sucote responderam: “Vocês estão perdendo o seu tempo. Por que iríamos colaborar com uma empreitada inútil?”

    7 Gideão retrucou: “Seja como quiserem. Mas, depois que o Eterno me entregar Zeba e Zalmuna, vou debulhar vocês, vou rasgar a carne de vocês com espinhos e espinheiros do deserto.”

    8-9 Dali, partiu para Peniel e fez o mesmo pedido. Os homens de Peniel, como os de Sucote, também se recusaram a ajudar. Gideão prometeu: “Quando eu voltar são e salvo, vou destruir esta torre.”

    10 Zeba e Zalmuna estavam em Carcor com um exército de quinze mil homens — os que sobraram dos exércitos dos povos do leste. Eles haviam perdido cento e vinte mil soldados.

    11-12 Gideão subiu pela rota dos nômades, a leste de Noba e Jogbeá e encontrou o acampamento sem defesa e o atacou. Zeba e Zalmuna fugiram, mas ele perseguiu e capturou os dois reis midianitas. O acampamento inteiro entrou em pânico.

    13-15 Gideão, filho de Joás, voltou da guerra, passando pela subida de Heres. Capturou um jovem de Sucote e o interrogou. O jovem escreveu o nome das setenta e sete autoridades de Sucote. Então, Gideão procurou os homens de Sucote e disse: “Aqui estão Zeba e Zalmuna. Vocês zombaram de mim, dizendo que eu nunca iria capturá-los. Vocês não quiseram dar nem sequer uma sobra de pão para os meus homens exaustos e ainda nos ridicularizaram, dizendo que o nosso esforço seria inútil.”

    16-17 Gideão prendeu os setenta e sete líderes de Sucote e os rasgou com espinhos e espinheiros. Depois, destruiu a torre de Peniel e matou todos os homens da cidade.

    18 Ele perguntou a Zeba e Zalmuna: “Contem-me sobre os homens que vocês mataram em Tabor.” Eles responderam: “Eram homens muito parecidas com você, cada um deles com fisionomia de príncipe.”

    19 Gideão disse: “Eram meus irmãos, filhos da minha mãe. Juro pelo Eterno que, se vocês não os tivessem matado, eu não mataria vocês.”

    20 Dito isso, ordenou a Jéter, seu filho mais velho: “Mate esses dois!” Mas ele não conseguia, não teve coragem de usar a espada contra eles, porque era muito jovem.

    21 Zeba e Zalmuna disseram: “Faça você mesmo se for homem!” Assim, o próprio Gideão pôs fim á vida de Zeba e Zalmuna. Ele confiscou os enfeites do pescoço dos camelos deles.

    22 Os israelitas pediram a Gideão: “Seja o nosso rei, você, seu filho e seu neto. Você nos libertou da tirania dos midianitas.”

    23 Mas Gideão respondeu: “De modo algum eu ou meu filho reinaremos sobre vocês. O Eterno é que reinará.”

    24 Gideão prosseguiu: “Mas tenho um pedido. Cada um de vocês me entregue um brinco do despojo que tomaram.” Os ismaelitas usavam brincos de ouro; por isso, todos os homens estavam com a bolsa cheia desses brincos.

    25-26 Eles responderam: “Sem problema. São seus!” Eles estenderam um pano e cada um depositou ali os brincos do despojo. Os brincos de ouro que Gideão pediu pesaram cerca de vinte quilos — fora os enfeites, os pingentes e as roupas luxuosas dos reis midianitas e os enfeites do pescoço dos camelos.

    27 Gideão usou o ouro para fazer um colete sacerdotal e a exibiu em sua cidade, em Ofra. Todo o Israel cometeu profanação ali. Gideão e sua família também foram seduzidos por ela.

    28 Os israelitas quebraram a tirania dos midianitas, e não se ouviu mais falar deles. Enquanto Gideão viveu, a terra esteve em paz — por quarenta anos.

    29-31 Jerubaal, filho de Joás, voltou para casa e ali ficou. Gideão teve setenta filhos. Ele foi o pai de todos eles, pois tinha muitas mulheres! Sua concubina de Siquém também deu a ele um filho, que recebeu o nome de Abimeleque.

    32 Gideão, filho de Joás, morreu em idade avançada. Foi sepultado no túmulo de seu pai, em Ofra dos abiezritas.

    ABIMELEQUE
    33-35 Mal Gideão foi sepultado, e o povo de Israel se desviou e se prostituiu com Baal — elegeram Baal-Berite como seu deus. O povo de Israel se esqueceu do Eterno, o seu Deus, que os tinha livrado de todos os seus opressores. Também não foram leais para com a família de Jerubaal (Gideão), considerando-se o bem que ele havia feito a Israel.

  • Juízes, 7

    1 Jerubaal (Gideão) levantou-se bem cedo no dia seguinte, e também suas tropas. Eles armaram acampamento perto da fonte de Harode. Os midianitas acamparam no vale, ao norte, próximo do monte Moré.

    2-3 O Eterno disse a Gideão: “Este exército está muito grande. Não posso entregar os midianitas em suas mãos desse jeito. Seus homens vão ficar orgulhosos e dizer: ‘Fizemos tudo sozinhos’ e se esquecerão de mim. Faça o seguinte anúncio: ‘Quem estiver com medo ou estiver inseguro pode ir embora para o monte Gileade e voltar para casa.” Vinte e dois mil homens partiram. Restaram dez mil.

    4-5 O Eterno disse a Gideão: “Ainda tem, muita gente. Desça com eles até a beira da água para que eu faça a última seleção. Quando eu disser: ‘Este vai com você’, ele irá. Quando disser: ‘Este não vai’, ele não irá.” Assim, Gideão levou todo o exército para a beira do riacho.

    5-6 O Eterno disse a Gideão: “Separe aqueles que beberem a água lambendo como cachorro. Do outro lado, reúna os que se ajoelharam e abaixam o rosto para beber água.” Foram trezentos os homens que lamberam água tirada com a mão. Os demais se ajoelharam para beber.

    7 O Eterno disse a Gideão: “Vou usar os trezentos homens que lamberam água do riacho para libertar o povo. Os midianitas serão entregues nas mãos deles. O restante poderá voltar para casa.”

    8 Depois de reunir as provisões necessárias para o grupo e as trombetas, Gideão mandou o restante dos israelitas para casa e assumiu o comando dos trezentos. O acampamento dos midianitas ficava abaixo deles, no vale.

    9-12 Naquela noite, o Eterno disse a Gideão: “Levante-se e desça até o acampamento. Eu os entreguei nas suas mãos. Se estiver receoso de descer, leve Pura, seu guarda-costas, com você. Depois que você ouvir os comentários no acampamento deles, terá toda a coragem e confiança de que precisa.” Ele e seu guarda-costas desceram até onde estavam as sentinelas. Os midianitas, os amalequitas e vários povos do leste estavam espalhados no vale como enxame de gafanhotos. Os camelos eram tantos que pareciam os infinitos grãos de areia da praia!

    13 Gideão chegou no exato momento em que um homem contava um sonho a seu amigo. Ele disse: “Tive este sonho: Um pão de cevada vinha rolando na direção do nosso acampamento. Chocou-se contra a tenda tão violentamente que ela caiu. A tenda desmontou inteira!”

    14 Seu amigo respondeu: “Deve ser a espada de Gideão, filho de Joás, o israelita! Deus entregou os midianitas — e todo o acampamento! — nas mãos dele.”

    15 Quando Gideão ouviu o relato do sonho e a interpretação, ajoelhou-se perante Deus e orou. Em seguida, voltou para o acampamento israelita e disse: “Vamos, levantem-se! O Eterno nos entregou o exército midianita!”

    16-18 Ele dividiu os trezentos homens em três companhias. Entregou a cada homem uma trombeta e um jarro vazio com uma tocha dentro, dando a seguinte instrução: “Observem e façam o que eu fizer. Quando eu chegar perto do acampamento, façam exatamente o que eu fizer. Quando eu e os meus companheiros tocarmos a trombeta, vocês também, em volta do acampamento, tocarão as trombetas e gritarão: ‘Pelo Eterno e por Gideão!’.”

    19-22 Gideão e os cem homens que estavam com ele aproximaram-se do acampamento no início da vigília da meia-noite, logo após a troca da guarda. Eles tocaram as trombetas, ao mesmo tempo em que quebravam os jarros. As três companhias tocaram as trombetas e quebraram os jarros. Os homens seguravam as tochas com a mão esquerda e as trombetas com a mão direita. Eles tocavam e gritavam: “À espada pelo Eterno e por Gideão!” Eles estavam posicionados ao redor do acampamento, cada um em seu posto. Todo o acampamento midianita despertou, assustado. Quando os trezentos homens tocaram a trombeta, o Eterno fez que os midianitas atacassem uns aos outros e, depois, fugissem para Bete-Sita, na direção de Zererá e da fronteira de Abel-Meolá, perto de Tabate.

    23 Os israelitas de Naftali e de Aser e todos os homens de Manassés vieram ajudar e puseram os midianitas para correr.

    24 Gideão enviou mensageiros a toda a região montanhosa de Efraim, convocando todos: “Venham lutar contra os midianitas! Bloqueiem a passagem do Jordão até Bete-Bara.”

    25 Todos os homens de Efraim se reuniram e bloquearam a passagem do Jordão até Bete-Bara. Eles também capturaram dois comandantes midianitas, Orebe (R na) e Zeebe (Lobo). Eles mataram Orebe na rocha de Orebe e mataram Zeebe no lagar de Zeebe. Depois de perseguir os midianitas, trouxeram a cabeça de Orebe e a de Zeebe a Gideão, do outro lado do rio.

  • Juízes, 6

    GIDEÃO
    1-6 Outra vez o povo de Israel agiu mal perante o Eterno. O Eterno os deixou sob o domínio dos midianitas durante sete anos. Os midianitas oprimiram Israel. Por causa deles, os israelitas eram obrigados a se esconder nas cavernas ou a construir lugares seguros. Quando Israel plantava sua lavoura, os midianitas e os amalequitas, os que viviam no leste, invadiam os campos e acampavam neles, destruindo as plantações até Gaza. Não deixavam nada para o sustento dos israelitas: nem ovelhas, nem bois, nem jumentos. Com os seus rebanhos e tendas, chegavam e tomavam conta da terra, como numa invasão de gafanhotos. Eles possuíam uma quantidade incrível de camelos, que pisoteavam o solo e destruíam tudo. O povo de Israel, reduzido à pobreza pelos midianitas, clamou pela ajuda do Eterno.

    7-10 Depois que certa vez o povo de Israel clamou ao Eterno por causa dos midianitas, o Eterno lhes enviou um profeta com esta mensagem: “O Eterno, o Deus de Israel, declarou: ‘Eu libertei vocês do Egito, Eu libertei vocês da escravidão, Resgatei vocês da crueldade do Egito e depois de todos opressores; Eu os eliminei da sua presença e entreguei a vocês a terra deles’. “Ele disse a vocês: ‘Eu sou o Eterno, o seu Deus. Não tenham medo, nem por um instante, dos deuses dos amorreus, que existem na terra em que vocês estão vivendo. Mas vocês não deram ouvidos a mim’.”

    11-12 Um dia, o anjo do Eterno sentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, pertencente a Joás, o abiezrita. Gideão, seu filho, malhava o trigo num tanque de esmagar uvas, escondido dos midianitas. O anjo do Eterno apareceu a ele e disse: “O Eterno está com você, poderoso guerreiro!”

    13 Gideão respondeu: “Comigo, senhor? Se o Eterno está conosco, por que estamos nesta situação? Onde estão todas as maravilhas que nossos pais e avós nos contavam, afirmando: ‘O Eterno nos libertou do Egito’. Na verdade, o Eterno não quer saber de nós — ele nos entregou nas mãos dos midianitas.”

    14 Mas o Eterno insistiu: “Use a força que você tem. Liberte Israel da opressão dos midianitas. Sou eu quem está enviando você.”

    15 Gideão respondeu: “Eu, Senhor? Como e com que eu poderia libertar Israel? Olhe para mim. Meu clã é o menos importante de Manassés, e, na minha família, eu sou o menor.”

    16 O Eterno disse: “Eu estarei com você. Confie em mim: você derrotará os midianitas como se fossem um só homem.”

    17-18 Gideão respondeu: “Se você está dizendo a verdade, faça-me um favor: dê-me um sinal, para que eu possa acreditar no que você está dizendo. Não saia daqui até eu voltar com um presente para você.” Ele disse: “Pode ir. Eu espero.”

    19 Gideão foi preparar um cabrito e providenciou uma grande quantidade de pães sem fermento (utilizou mais de uma arroba de farinha!). Arrumou a carne num cesto e o caldo numa panela e depositou a comida à sombra do carvalho — uma refeição sagrada.

    20 O anjo do Eterno disse: “Tome a carne e o pão sem fermento, ponha-os sobre aquela pedra e despeje o caldo em cima.” Gideão fez conforme a instrução do anjo.

    21-22 O anjo do Eterno estendeu a ponta do cajado que carregava e tocou a carne e o pão. Na mesma hora, saíram chamas da pedra, e elas queimaram a carne e o pão, enquanto o anjo do Eterno sumia de vista. Gideão finalmente entendeu que aquele era o anjo do Eterno! Gideão disse: “Ah! Senhor, Eterno! Eu vi teu anjo face a face!”

    23 Mas o Eterno o tranquilizou: “Não se preocupe. Não se apavore. Você não morrerá.”

    24 Gideão construiu ali um altar ao Eterno e deu a ele o nome de A Paz do Eterno, ainda chamado assim em Ofra dos abiezritas.

    25-26 Naquela mesma noite, o Eterno disse a Gideão: “Tome o melhor novilho de sete anos de seu pai. Destrua o altar de Baal, que é de seu pai, e derrube o poste sagrado de Aserá, que está do lado do altar. Depois, construa um altar dedicado ao Eterno, o seu Deus, no topo do monte. Tome o novilho escolhido e ofereça como oferta queimada, utilizando a madeira do poste sagrado de Aserá que você derrubou.”

    27 Gideão escolheu dez homens entre seus empregados e fez exatamente o que o Eterno tinha ordenado. Mas, por causa dos seus familiares e vizinhos, teve medo de oferecer o sacrifício em público; então, fez isso à noite.

    28 De manhã cedo, o povo da cidade ficou chocado ao ver o altar de Baal destruído, o poste de Aserá derrubado e o novilho queimando sobre o altar recém-construído.

    29 Eles perguntavam: “Quem fez isso?” E continuaram perguntando, até que veio a resposta: “Foi Gideão, filho de Joás.”

    30 Os homens da cidade exigiram de Joás: “Traga seu filho para fora! Ele deve ser morto, porque destruiu o altar de Baal e derrubou o poste de Aserá!”

    31 Mas Joás enfrentou a multidão que o pressionava, dizendo: “Vocês vão lutar a favor de Baal? Vocês querem salvá-lo? Quem quiser defender Baal estará morto amanhã. Se Baal é mesmo deus, deixem que ele mesmo lute e defenda seu altar.”

    32 Naquele dia, o povo apelidou Gideão de Jerubaal porque, depois de ter destruído o altar de Baal, ele disse: “Deixem que Baal se defenda.”

    33-35 Depois disso, todos os midianitas e amalequitas (os povos do leste) se uniram, atravessaram o rio e acamparam no vale de Jezreel. O Espírito do Eterno se apoderou de Gideão. Ele tocou a trombeta, e os abiezritas se prontificaram a combater do lado dele. Ele enviou mensageiros por todo o território de Manassés, convocando os homens para a guerra. Enviou mensageiros também a Aser, Zebulom e Naftali, e todos atenderam a convocação.

    36-37 Gideão disse a Deus: “Se for isso mesmo, se quiseres libertar Israel como disseste, vou deixar um pedaço de lã no lugar em que malhamos trigo. Se, de manhã, o orvalho estiver apenas na lã e o chão ao redor estiver seco, vou entender que desejas me usar para libertar Israel, como prometeste.”

    38 E foi o que aconteceu. Quando ele se levantou, logo cedo, espremeu a lã — e havia orvalho suficiente para encher uma tigela!

    39 Gideão disse a Deus: “Não te irrites comigo, mas tenho outro pedido. Vou fazer mais um teste com a lã. Só que desta vez a lã deve ficar seca, e o chão, encharcado de orvalho.”

    40 Deus fez acontecer isso naquela mesma noite. Apenas a lã ficou seca, enquanto o chão ao redor estava molhado de orvalho.

  • Juízes, 5

    1-2 Naquele dia, Débora e Baraque, filho de Abinoão, cantaram este cântico: Quando os guerreiros soltaram o cabelo em Israel e o deixaram esvoaçar ao vento forte, O povo, numa exclamação voluntária, bendisse o Eterno!

    3 Ouçam, ó reis! Escutem, ó príncipes! Ao Eterno, sim, ao Eterno cantarei. Vou compor um hino ao Eterno, ao Deus de Israel.

    4-5 O Eterno, quando saíste de Seir, atravessando os campos de Edom, A terra tremeu, até os céus derramaram chuva, e as nuvens transformaram-se em rios. Os montes saltaram diante do Eterno, o Deus do Sinai, perante o Eterno, o Deus de Israel.

    6-8 Na época de Sangar, filho de Anate, e na época de Jael, As estradas públicas foram abandonadas, os viajantes pegavam estradas vicinais. Os guerreiros ficaram gordos e relaxados, não tinham mais ânimo para lutar. Até que surgiu você, Débora; você, mãe em Israel, apareceu. Deus escolheu novos líderes que lutaram diante das portas. Não foram vistos escudos nem lanças entre os quarenta mil soldados de Israel.

    9 Entregue seu coração, ó Israel, seja voluntário e dedicado, e todo o povo bendiga o Eterno!

    10-11 Vocês que cavalgam jumentos de raça, confortavelmente montados em suas selas; Vocês que caminham pelas ruas, ponderem, prestem atenção! Reúnam-se à volta do poço da cidade e ouçam-nos cantar, Celebrando as vitórias do Eterno, as vitórias conquistadas em Israel. Então, o povo do Eterno desceu até as portas da cidade.

    12 Desperta, desperta, Débora! Desperta, cante uma canção! Levante-se, Baraque! Leve com você os seus prisioneiros, filho de Abinoão!

    13-18 Então, os restantes desceram para saudar os heróis. O povo do Eterno se uniu aos poderosos. Os c tães de Efraim desceram para o vale, seguindo você, Benjamim, com as suas tropas. Os comandantes marcharam de Maquir, de Zebulom vieram líderes do alto escalão. Os chefes de Issacar se uniram a Débora, Issacar permaneceu firme com Baraque, cobrindo a retaguarda nos campos de batalha. Mas, entre as divisões de Rúben, havia muita crítica. Por que tanta discussão em torno das fogueiras dos pastores? As divisões de Rúben, dispersas e distraídas, não conseguiam se decidir. Gileade não se arriscou a atravessar o Jordão, e Dã, por que partiu com os seus navios? Aser manteve distância, preferindo a segurança dos seus portos. Mas Zebulom arriscou a sua vida, desafiou a morte, assim como Naftali nos altos campos de batalha.

    19-23 Os reis vieram e atacaram, e os reis de Canaã lutaram. Lutaram em Taanaque, junto às águas de Megido, mas não levaram prata nem tomaram os despojos. ” As estrelas do céu se uniram na batalha, de suas órbitas, lutaram contra Sísera. O rio Quisom os arrastou, as torrentes os atacaram, a correnteza do Quisom. Oh! Você pisará o pescoço dos poderosos! Os cascos dos cavalos faziam tremer o chão, garanhões galopando em fuga. “Amaldiçoem Meroz”, diz o anjo do Eterno. “Amaldiçoem duplamente seu povo, Porque não compareceram quando o Eterno precisou deles, não se uniram ao Eterno com os seus valentes guerreiros.”

    24-27 Mais bendita entre todas as mulheres é Jael, mulher de Héber, o queneu; a mais bendita entre as mulheres que cuidam do lar. Ele pediu água, ela trouxe leite; Numa linda tigela, ofereceu coalhada. Ela segurou uma estaca da tenda com a mão esquerda e, com a mão direita, pegou um martelo. Ela cravou Sísera, esmagou sua cabeça, traspassou suas têmporas. Ele se curvou aos pés dela. Caiu e ficou estendido. Ele se curvou aos pés dela. Ele caiu. Curvado. Prostrado. Morto.

    28-30 A mãe de Sísera aguardava à janela, esperava incomodada e ansiosa. Dizia: “O que teria detido seu carro? Por que não se ouve o ruído dos carros?” A mais sábia de suas damas respondia calmamente, tentando animá-la: “Não seria porque estão ocupados, buscando e repartindo os despojos? Uma moça, talvez duas, para cada soldado. Para Sísera, uma túnica de seda lustrosa, uma roupa luxuosa! Um ou dois cachecóis coloridos, para ornar o pescoço do espoliador.”

    31 Assim, que pereçam todos os inimigos do Eterno, e os seus amados brilhem como o Sol. A terra teve paz durante quarenta anos.

  • Juízes, 4

    DÉBORA
    1-3 O povo de Israel voltou a agir mal diante do Eterno. Depois da morte de Eúde, o Eterno os entregou a Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor. Sísera, que vivia em Harosete-Hagoim, era comandante do exército. O povo de Israel clamou ao Eterno, pois, durante vinte anos, Jabim oprimiu cruelmente os israelitas. Ele possuía novecentos carros de ferro.

    4-5 Débora, esposa de L dote, era profetisa. Na época, ela governava Israel e dava expediente debaixo da palmeira de Débora, que ficava entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim. O povo de Israel a procurava para resolver suas disputas.

    6-7 Débora mandou dizer a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes, em Naftali: “Está claro para mim que o Eterno, o Deus de Israel, ordena isto a você: ‘Suba ao monte Tabor e prepare-se para a guerra. Leve dez mil soldados de Naftali e Zebulom. Eu me encarregarei de mandar Sísera, o comandante do exército de Jabim, ao rio Quisom com os seus carros e tropas. Garanto que você vencerá a batalha’.”

    8 Baraque respondeu: “Se você me acompanhar, eu vou. Mas, se não me acompanhar, não vou.”

    9-10 Ela disse: “Claro que vou acompanhá-lo. Mas entenda que, com essa atitude, a honra não será sua. O Eterno usará uma mulher para liquidar Sísera.” Débora se preparou e partiu com Baraque para Quedes. Baraque convocou Zebulom e Naftali para irem a Quedes. Dez mil homens o acompanharam. Débora já estava com ele.

    11-13 Nessa época, Héber, o queneu, havia se separado dos outros queneus, descendentes de Hobabe, sogro de Moisés. Ele vivia perto do carvalho de Zaanim, nas proximidades de Quedes. Foi quando informaram a Sísera que Baraque, filho de Abinoão, tinha subido ao monte Tabor. Sísera imediatamente levou todos os seus carros para o rio Quisom — novecentos carros de ferro! — e todos os soldados que estavam com ele em Harosete-Hagoim.

    14 Débora disse a Baraque: “Ataque! Hoje, o Eterno deu a você a vitória sobre Sísera. O Eterno irá à sua frente.” Baraque desceu do monte, seguido por seus dez mil soldados.

    15-16 O Eterno derrotou Sísera — todos aqueles carros, todas aquelas tropas! — diante de Baraque. Sísera pulou do seu carro e correu. Baraque perseguiu os carros e as tropas até Harosete-Hagoim. O exército de Sísera foi massacrado — não sobrou um soldado sequer.

    17-18 Enquanto isso, Sísera, em sua fuga, chegou à porta da tenda de Jael, esposa de Héber, o queneu. Jabim, rei de Hazor, e Héber, o queneu, eram amigos. Jael saiu para encontrar-se com Sísera e disse: “Entre, senhor. Fique comigo. Não tenha medo.” Então, ele entrou na tenda, e ela o cobriu com uma coberta.

    19 Ele disse: “Por favor, dê-me um pouco de água. Estou com sede.” Ela abriu uma vasilha de leite, deu de beber a ele e, depois, o cobriu outra vez.

    20 Sísera disse à mulher: “Fique na entrada da tenda. Se alguém passar por aqui e perguntar se há alguém aqui dentro, responda: ‘Não, ninguém’.”

    21 Ele caiu num sono pesado, por causa da exaustão. Então, Jael pegou uma estaca da tenda e um martelo, aproximou-se de mansinho e cravou a estaca na têmpora dele, atravessando-a até fincar a estaca no chão. Ele se contorceu e morreu.

    22 Baraque, que perseguia Sísera, chegou logo depois. Jael foi a seu encontro e disse: “Venha, vou mostrar onde está aquele que você procura.” Ele a acompanhou e encontrou Sísera deitado, morto, com uma estaca fincada na têmpora.

    23-24 Naquele dia, Deus tirou o poder de Jabim, rei de Canaã, sobre o povo de Israel, que continuou a apertar o cerco em torno de Jabim até que não sobrou nada dele.

  • Juízes, 3

    1-4 Estas são as nações que o Eterno deixou para testar os israelitas que não tinham experiência nas guerras de Canaã. Ele permitiu que ficassem na terra a fim de treinar os descendentes de Israel, os que não tinham experiência de guerra; na arte de lutar. Ele deixou os cinco opressores filisteus, todos os cananeus, os sidônios e os heveus que viviam no monte Líbano, desde o monte Baal-Hermom até Lebo-Hamate. Eles foram deixados para testar a obediência de Israel aos mandamentos que o Eterno transmitiu aos seus antepassados por meio de Moisés.

    5-6 Mas o povo de Israel se sentiu à vontade com os cananeus, os hititas, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Eles tomaram as filhas deles em casamento e deram suas filhas aos filhos desses povos. Também adoraram os seus deuses.

    OTONIEL
    7-8 O povo de Israel agiu mal perante o Eterno. Esqueceram-se do seu Deus e adoraram os deuses de Baal e as deusas de Astarote. A ira do Eterno se acendeu contra Israel. Ele os entregou a Cuchã-Risataim, rei de Arã Naaraim. O povo de Israel serviu Cuchã-Risataim por oito anos.

    9-10 Mas Israel clamou ao Eterno, e o Eterno designou um libertador para salvá-los: Otoniel, sobrinho de Calebe, filho de Quenaz, irmão mais novo de Calebe. O Espírito do Eterno veio sobre ele, e Israel se reuniu sob sua liderança. Otoniel foi à guerra, e o Eterno entregou Cuchã-Risataim, rei de Arã Naaraim. Ele derrotou esse rei.

    11 A terra teve paz por quarenta anos. Então, morreu Otoniel, filho de Quenaz.

    EÚDE
    12-14 Logo depois, o povo de Israel voltou a agir mal diante do Eterno. O Eterno instigou Eglom, rei de Moabe, a dominar os israelitas, porque agiram mal diante do Eterno. Eglom convocou os amonitas e os amalequitas, e eles atacaram Israel, conquistando a Cidade das Palmeiras. O povo de Israel ficou catorze anos sob o domínio de Eglom.

    15-19 O povo de Israel clamou ao Eterno, e ele designou um libertador para eles: Eúde, filho de Gera, um benjamita. Ele era canhoto. O povo de Israel enviou tributo por meio dele ao rei Eglom de Moabe. Eúde fez para si uma espada curta de dois gumes e a prendeu à coxa direita por baixo da roupa. Ele entregou o tributo a Eglom, rei de Moabe. Eglom era muito gordo. Depois de entregar o tributo, ele saiu com os carregadores do tributo. Mas, quando chegou até as imagens de pedra, perto de Gilgal, ele deu meia-volta, retornou e disse: “Tenho um assunto particular com você, ó rei!” O rei ordenou aos que estavam na sala: “Retirem-se!” E todos saíram.

    20-24 Eúde aproximou-se dele — o rei estava sozinho em sua sala de verão, no pavimento superior — e disse: “Tenho uma mensagem da parte de Deus para você.” Eglom levantou-se do trono. Com a mão esquerda, Eúde pegou a espada presa à coxa direita e esfaqueou o rei na barriga. A lâmina penetrou nele, e também o cabo. A gordura se fechou sobre a arma; por isso, não foi possível retirá-la. Eúde escapou pelo terraço e, depois de trancar a porta da sala, desapareceu. Quando os servos do rei chegaram, ficaram surpresos ao ver a porta da sala trancada. Disseram: “Provavelmente ele está no banheiro, fazendo suas necessidades.”

    25 Eles aguardaram, mas, depois de um tempo, ficaram preocupados, porque ele não abria a porta. Finalmente, encontraram uma chave e entraram na sala. Encontraram seu senhor deitado no chão — morto!

    26-27 Enquanto confabulavam ao redor do morto, tentando decidir o que fazer, Eúde já estava longe. Já tinha passado pelas imagens de pedra e fugido para Seirá. Quando chegou ali, tocou a trombeta nas montanhas de Efraim. O povo de Israel desceu dos montes e se uniu ao novo líder.

    28 Ele disse: “Sigam-me, pois o Eterno entregou o inimigo — Moabe — a vocês!” Eles desceram com ele e ocuparam a travessia do Jordão que ficava perto de Moabe. Assim, ninguém podia atravessar o rio.

    29-30 Na ocasião, eles mataram cerca de dez mil moabitas, todos bem alimentados e fortes. Ninguém escapou. Naquele dia, Moabe foi subjugado por Israel. A terra teve paz por oitenta anos.

    SANGAR
    31 Sangar, filho de Anate, sucedeu Eúde como juiz. Com uma aguilhada de bois, ele matou sozinho seiscentos filisteus. Ele também libertou Israel.

  • Juízes, 2

    1-2 O anjo do Eterno subiu de Gilgal para Boquim e disse: “Eu tirei vocês do Egito. Eu conduzi vocês para a terra que prometi aos seus antepassados. Eu prometi que nunca quebraria minha aliança com vocês — nunca! Alertei que jamais fizessem aliança com o povo que vive nesta terra, que destruíssem seus altares! Mas vocês não me obedeceram! O que é que vocês estão fazendo?

    3 “Então, agora, aviso que não vou mais expulsar essa gente da presença de vocês. Eles serão um tropeço; e seus deuses, uma armadilha para vocês.”

    4-5 Quando o anjo do Eterno falou todas essas palavras a todo o povo de Israel, eles choraram. E como choraram! Tanto que deram ao lugar o nome de Boquim (Chorões). Então, ofereceram sacrifícios ao Eterno ali. 6-9 Depois de Josué despedir o povo de Israel, cada um foi para o território de sua herança e tomou posse da terra. O povo serviu ao Eterno durante toda a vida de Josué e dos líderes que o sucederam, mas que também tinham presenciado todas as grandes coisas que o Eterno fez por Israel. Josué, filho de Num, servo do Eterno, morreu. Ele tinha 110 anos de idade. Foi sepultado na terra de sua herança em Timnate-Heres, nas montanhas de Efraim, no norte do monte Gaás.

    10 Tempos depois, toda aquela geração morreu e foi sepultada. E surgiu outra geração que não conhecia o Eterno nem as grandes coisas que ele tinha feito por Israel.

    11-15 Então, o povo de Israel agiu mal diante do Eterno: eles começaram a servir aos deuses de Baal. Abandonaram o Eterno, o Deus de seus pais que os tirou do Egito, e seguiram os deuses dos povos ao redor. Começaram até a adorá-los! Provocaram a ira do Eterno, adorando o deus Baal e a deusa Astarote. O Eterno ficou furioso com Israel e os entregou aos saqueadores, que os assaltaram. Ele os entregou aos inimigos ao redor. Israel não pôde fazer nada contra os inimigos. Sempre que saíam para uma batalha, o Eterno os acompanhava, mas, para lutar contra eles, como ele mesmo tinha advertido e conforme tinha jurado. Eles ficaram muito aflitos.

    16-17 Então, o Eterno passou a designar juizes, que os livravam dos saqueadores. Mas eles não deram ouvidos aos juizes: continuaram a se prostituir com outros deuses — eles os adoraram! Não demoraram a deixar o caminho dos seus antepassados, o caminho da obediência aos mandamentos do Eterno. Eles se negaram a seguir esse caminho.

    18-19 Quando o Eterno levantava um juiz para defendê-los, ele apoiava o juiz e livrava o povo da opressão dos inimigos durante toda a vida daquele juiz, pois o Eterno sentia compaixão sempre que pediam socorro por causa daqueles que os afligiam e os atacavam. Mas, quando morria o juiz, o povo retornava à velha maneira de viver e eles se tornavam piores que seus antepassados! Seguiam outros deuses, servindo-os e adorando-os. Eram teimosos como mulas: não deixavam as suas práticas perversas.

    20-22 Por isso, a ira do Eterno se acendeu contra Israel. Ele disse: “Já que este povo desprezou a aliança que fiz com seus antepassados, não dando ouvidos a mim, não expulsarei mais nenhum cidadão das nações que Josué deixou quando morreu. Elas servirão de teste, para ver se o povo de Israel permanece nos caminhos do Eterno, como seus antepassados fizeram.”

    23 Foi por isso que o Eterno deixou aquelas nações ali. Ele não as expulsou nem permitiu que Josué as eliminasse.