Categoria: Rute

O Livro de Rute
Introdução
A história de Rute passa-se no tempo em que o povo de Israel era governado por juízes. Rute, uma jovem do país de Moabe, casa com um israelita. Este morre, e então Rute se apega à sua sogra, demonstrando profunda devoção ao Deus de Israel. Noemi e Rute vão morar em Belém e, depois de algum tempo, Rute casa de novo, agora com um parente do seu primeiro marido. E foi por causa desse segundo casamento que Rute veio a ser bisavó de Davi, o maior rei de Israel.
As histórias dos juízes mostram as desgraças que vieram quando o povo de Deus se afastou dele. Este livro conta as bênçãos que recebe uma estrangeira quando se volta para o Deus de Israel e assim passa a fazer parte do seu povo.
Esquema do conteúdo
1. A família de Elimeleque em Moabe (1.1-5)
2. Noemi e Rute vão para Belém (1.6-22)
3. Rute no campo de Boaz (2.1-23)
4. Boaz compromete-se com Rute (3.1-18)
5. Boaz recebe Rute como a sua esposa (4.1-17)
6. Os antepassados do rei Davi (4.18-22)

  • Rute, 4

    1 Boaz foi direto para a praça da cidade e ficou aguardando. Logo, apareceu o parente mais próximo, que Boaz tinha mencionado. Boaz o chamou: “Chegue aqui, amigo! Sente-se.” O homem o atendeu.

    2 Boaz chamou dez líderes da cidade e disse: “Sentem-se conosco. Precisamos tratar de um assunto.” Eles se sentaram.

    3-4 Então, Boaz disse a seu parente: “A propriedade que pertencia ao nosso parente Elimeleque foi vendida pela viúva, que voltou recentemente de Moabe. Eu queria que você soubesse disso. Se quiser, você poderá comprá-la de volta. Pode oficializar o resgate na presença dos que estão sentados aqui e dos líderes da cidade. A preferência para resgatar a propriedade é sua. Mas, se não quiser, diga-me, para que eu saiba o que fazer. Você tem preferência, e o próximo da lista sou eu.” Ele respondeu: “Eu comprarei.”

    5 Boaz acrescentou: “Sem dúvida, você está ciente de que, quando você comprar o campo de Noemi, terá de assumir Rute, a moabita, viúva de nosso falecido parente, como parte da responsabilidade de resgatador, e ter filhos com ela, para manter a herança da família.”

    6 Mas aí o homem disse: “Nesse caso, não posso resgatar a propriedade, porque estaria arriscando o que já é minha herança. Você está livre para fazê-lo. Cedo meus direitos, pois não posso resgatá-la.”

    7 Antigamente, em Israel, era assim que se tratavam negócios de propriedade e herança: o homem tirava as próprias sandálias e as entregava para a outra pessoa. Em Israel, isso correspondia a um selo oficial ou uma assinatura.

    8 Então, quando o parente resgatador de Boaz disse: “Você está livre para comprar a propriedade”, ele tirou as sandálias para selar o acordo.

    9-10 No mesmo dia, Boaz declarou aos líderes e a todos os habitantes da cidade que estavam na praça: “Vocês são testemunhas de que comprei de Noemi tudo que pertencia a Elimeleque, a Quiliom e a Malom. Também assumi a responsabilidade pela estrangeira Rute, viúva de Malom. Eu a tomarei por mulher, para preservar a herança do falecido. A lembrança e a reputação do falecido não desaparecerão da família dela nem de sua cidade natal. Vocês hoje são testemunhas disso.”

    11-12 O povo da cidade e os líderes concordaram: “Sim, somos testemunhas. Que o Eterno torne essa mulher que entra em sua família como Raquel e Lia, as mulheres que constituíram a família de Israel. Que o Eterno o torne uma coluna em Efrata e famoso em Belém! Que os filhos concedidos a você pelo Eterno por meio dessa jovem constituam uma família tão forte quanto a de Perez, filho que Tamar deu a Judá.”

    13 Boaz casou-se com Rute. Ela passou a ser sua mulher. Ele teve relações com ela, e, pela graça do Eterno, ela engravidou e deu à luz um filho.

    14-15 As mulheres da cidade disseram a Noemi: “Bendito seja o Eterno! Ele não deixou você sem descendente para cuidar. Que esse filho cresça e seja respeitado em Israel! Ele fará você se sentir jovem outra vez e cuidará de você na velhice. E sua nora, que o trouxe ao mundo e a ama tanto, sem dúvida é uma bênção maior que sete filhos!”

    16 Noemi pegou o menino e o segurou no colo. Acariciou-o, beijou-o e cuidou dele com todo carinho.

    17 As vizinhas começaram a chamá-lo “o menino da Noemi”! Mas seu nome verdadeiro era Obede. Obede foi o pai de Jessé, e Jessé foi o pai de Davi.

    18-22 Esta é a descendência de Perez: Perez foi o pai de Hezrom; Hezrom foi o pai de Rão; Rão foi o pai de Aminadabe; Aminadabe foi o pai de Naassom; Naassom foi o pai de Salmom; Salmom foi o pai de Boaz; Boaz foi o pai de Obede; Obede foi o pai de Jessé; Jessé foi o pai de Davi.

  • Rute, 3

    1-2 Certo dia, Noemi disse a Rute: “Minha filha, não acha que está na hora de procurarmos um lar para você, para que você seja feliz? Boaz, aquele que deixou você trabalhar com as empregadas dele, é nosso parente próximo. Talvez seja o momento de fazer alguma coisa. Hoje à noite, ele vai debulhar cevada na eira.

    3-4 “Por isso, tome um banho e use perfume. Arrume-se e desça para a eira. Mas não deixe ele saber que você está ali até depois de ter comido e bebido. Quando você o vir saindo para se deitar, observe para onde ele vai e siga-o. Deite-se aos seus pés, para que ele saiba que você está disponível para se casar com ele. Depois, aguarde para ver o que ele dirá. Ele dirá a você o que fazer.”

    5 Rute respondeu: “Vou fazer tudo conforme a senhora disse.”

    6 Ela desceu à eira e pôs em prática o plano da sogra.

    7 Boaz se divertiu, comendo e bebendo, e ficou muito alegre. Na hora de dormir, deitou-se perto da cevada. Rute o seguiu de mansinho e se deitou ali também, para mostrar sua disponibilidade para se casar.

    8 No meio da noite, o homem acordou de repente, levantou-se e ficou surpreso quando viu a mulher dormindo a seus pés.

    9 Ele perguntou: “Quem é você?” Ela respondeu: “Sou Rute, sua serva. Proteja-me debaixo das suas asas. O senhor é meu parente próximo e, como sabe, é resgatador: tem o direito de se casar comigo.”

    10-13 Ele disse: “O Eterno abençoe você, minha filha! Que demonstração de amor! Você poderia ter escolhido qualquer outro jovem. Mas não se preocupe. Farei tudo que você quiser ou pedir. Todos na cidade sabem que você é uma mulher corajosa —uma pérola! Você está certa. Sou seu parente próximo, só que há outro mais próximo que eu. Portanto, fique aqui o restante da noite. Amanhã, se esse parente quiser cumprir os seus direitos e deveres de resgatador, ele terá prioridade. Mas, se ele não estiver interessado, juro pelo Eterno que eu o farei. Volte a dormir.”

    14 Rute dormiu aos pés dele até de madrugada, mas se levantou enquanto ainda estava escuro, para não ser reconhecida. Boaz acordou e disse: “Ninguém pode saber que você esteve aqui.”

    15 Ele disse também: “Abra a manta que você trouxe.” Ela abriu a manta, e ele a encheu com seis medidas de cevada e ajeitou o embrulho nos ombros dela. Então, ela voltou para a cidade.

    16-17 Quando ela voltou para sua sogra, Noemi perguntou: “Como foi, minha filha?” Rute contou tudo que o homem tinha feito e disse: “Ele me deu toda esta cevada — seis medidas! — porque me disse: ‘Você não voltará de mãos vazias para a casa de sua sogra!’.”

    18 Noemi disse: “Agora descanse, minha filha, até vermos o que acontecerá. Esse homem não vai perder tempo. Preste atenção no que eu estou dizendo: ele vai resolver a questão hoje mesmo.”

  • Rute, 2

    1 Noemi tinha um parente próximo, homem conhecido e rico, da família de Elimeleque. Ele se chamava Boaz.

    2 Certo dia, Rute, a moabita, disse a Noemi: “Vou sair para trabalhar. Vou apanhar espigas atrás do ceifeiro que me tratar bem.” Noemi concordou: “Vá, minha filha!”

    3-4 Então, ela partiu. Começou a colher espigas atrás dos ceifeiros. Sem perceber, entrou no campo de Boaz, parente de seu falecido sogro. Naquele momento, Boaz chegou de Belém e saudou os trabalhadores: “O Eterno esteja com vocês!” Eles responderam: “O Eterno abençoe o senhor!”

    5 Boaz perguntou ao jovem encarregado dos trabalhadores: “Quem é aquela jovem? De onde ela veio?”

    6-7 O encarregado respondeu: “Ora, ela é a moabita, a que veio com Noemi de Moabe. Ela me pediu: ‘Permita-me recolher e juntar espigas atrás dos ceifeiros’. Desde então, ela está aí, desde cedo até agora, trabalhando quase sem descanso.”

    8-9 Boaz disse a Rute: “Ouça, minha filha. De agora em diante, não vá colher em nenhum outro campo. Fique aqui, com minhas jovens. Observe onde elas estão colhendo e acompanhe-as. Não se preocupe. Dei ordem aos meus servos para não perturbarem você. Quando ficar com sede, beba água dos potes que os trabalhadores encheram.”

    10 Ela se prostrou com o rosto em terra: “Por que o senhor me trata com bondade, logo eu, uma estrangeira?”

    11-12 Boaz respondeu: “Já me falaram a seu respeito. Soube que você tratou bem sua sogra depois da morte de seu sogro e que deixou seu pai, sua mãe e sua terra natal para morar no meio de desconhecidos. Que o Eterno a recompense pelo que você fez e que o Deus de Israel, a quem pediu abrigo, seja generoso para com você.”

    13 Ela disse: “Senhor, quanta generosidade e quanta bondade! Eu não mereço! Fico comovida de ser tratada dessa maneira, pois nem sou daqui.”

    14 Na hora de comer, Boaz convidou-a: “Venha cá. Coma um pedaço de pão, molhe-o no vinho.” Ela se juntou aos trabalhadores. Boaz passou o grão torrado para ela. Ela comeu a porção dela, e ainda sobrou.

    15-16 Quando ela se levantou para voltar ao trabalho, Boaz deu ordem aos seus servos: “Deixem que ela ajunte onde ainda há bastante espiga no chão. Facilitem o trabalho para ela. Aliás, deixem para trás algumas das boas espigas, para ela ajuntar. Quero que deem a ela um tratamento especial.”

    17-18 Rute recolheu espigas no campo até a tarde. Ela debulhou o que havia colhido, e chegou a quase uma arroba de cevada. Ela juntou tudo, voltou para a cidade e mostrou para a sogra o resultado do seu dia de trabalho. Ela também trouxe o que sobrou do almoço.

    19 Noemi perguntou: “Onde você colheu hoje? No campo de quem você esteve? Bendito seja aquele que cuidou tão bem de você!” Rute contou à sua sogra: “O homem com quem trabalhei hoje se chama Boaz.”

    20 Noemi disse à sua nora: “O Eterno o abençoe! Afinal, Deus ainda não nos abandonou! Ele nos ama, tanto na hora difícil quanto nos bons momentos!” Noemi prosseguiu: “Rute, aquele homem é nosso parente. Ele é um de nossos resgatadores.”

    21 Rute, a moabita, disse: “E tem mais. Ele também me disse: ‘Fique com minhas trabalhadoras até o fim da colheita.”

    22 Noemi disse a Rute: “Que notícia maravilhosa, minha filha! Faça isso! Você estará protegida na companhia dessas moças; agora não há perigo de você ser molestada no campo de um estranho.”

    23 Assim, Rute continuou a recolher espigas nos campos todos os dias, com as trabalhadoras de Boaz, até o fim da colheita do trigo e da cevada. Ela continuava morando com sua sogra.

  • Rute, 1

    1-2 Houve uma época, quando os juizes eram os líderes de Israel, em que uma fome assolou a terra. Um homem de Belém de Judá deixou sua casa e foi morar em Moabe. Ele levou a mulher e dois filhos. O homem chamava-se Elimeleque, sua mulher, Noemi, e seus filhos, Malom e Quiliom. Eram efrateus, de Belém de Judá. Os quatro mudaram-se para Moabe.

    3-5 Elimeleque morreu, deixando Noemi e seus dois filhos. Os filhos se casaram com mulheres moabitas: a primeira se chamava Orfa, e a outra, Rute. Eles viveram ali dez anos. Mas os irmãos Malom e Quiliom também morreram, e Noemi ficou sem seus filhos e sem marido.

    6-7 Certo dia, ela resolveu deixar Moabe e voltar para a sua terra, pois ficou sabendo que o Eterno tinha se agradado em visitar seu povo e tinha mandado alimento. Por isso, ela e as duas noras deixaram a cidade em que estavam morando para retomar à terra de Judá.

    8-9 Quando estavam a caminho, Noemi disse às noras: “É melhor que vocês voltem para a casa de sua mãe. Que o Eterno tenha compaixão de vocês pelo que fizeram ao meu falecido marido e a mim. Que o Eterno dê a cada uma de vocês um novo lar e outro marido!” Ela as beijou e choraram alto.

    10 Elas responderam: “Não faremos isso. Iremos com você de volta para o seu povo.”

    11-13 Mas Noemi insistiu: “Voltem, minhas filhas! Por que vocês querem ir comigo? Acham que ainda vou ter filhos e que eles vão se casar com vocês no futuro? Voltem, minhas filhas! Vão para casa! Estou muito velha para ter marido. Mesmo que eu dissesse: Ainda há esperança!’, e hoje mesmo me casasse e tivesse filhos, vocês esperariam até eles crescerem? Aguardariam tanto tempo para casar novamente? Não, minhas filhas, para mim, essa é uma experiência muito amarga, mais do que para vocês. O Eterno foi severo comigo.”

    14 Elas começaram a chorar outra vez. Orfa beijou a sogra e se despediu, mas Rute abraçou Noemi e ficou com ela.

    15 Noemi disse: “Veja, sua concunhada voltou para casa para morar com seu povo e seus deuses. Volte com ela.”

    16-17 Mas Rute disse: “Não me force a abandoná-la. Não me faça voltar para casa. Aonde você for, eu também irei. Onde você viver, eu viverei. O seu povo será o meu povo, e o seu Deus, o meu Deus. Onde você morrer, também eu morrerei, e ali serei sepultada. Que o Eterno me ajude. Nem a morte nos separará!”

    18-19 Quando Noemi percebeu que Rute estava determinada a acompanhá-la, desistiu de tentar convencê-la a ficar. Então, as duas foram para Belém. Quando chegaram a Belém, a cidade inteira comentou: “Será que é mesmo Noemi? Depois de tanto tempo, ela está de volta!”

    20-21 Ela respondia: “Não me chamem de Noemi, mas de Amarga. O Todo-poderoso foi severo comigo. Saí daqui cheia de vida, mas o Eterno me fez voltar sem nada, apenas com a roupa do corpo. Por que vocês me chamariam de Noemi? O Eterno não o faria. O Todo-poderoso arrasou comigo.”

    22 Foi assim que Noemi voltou de Moabe, com Rute, a moabita. Elas chegaram a Belém no início da colheita da cevada.