Categoria: João

O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO
Introdução
No Evangelho de João, Jesus é apresentado como o Verbo de Deus que existiu desde a eternidade com Deus e que se fez um ser humano, mostrando assim o amor e a verdade de Deus. O autor diz que o propósito deste Evangelho é fazer com que os leitores creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e com que, por meio dessa fé, tenham vida (20.31).
Na primeira parte do Evangelho, o autor trata principalmente dos milagres que Jesus fez (caps. 1—11). Esses milagres são sinais, isto é, eles mostram quem é Jesus e qual a razão por que ele veio ao mundo. O maior desses milagres é a ressurreição de Lázaro, pela qual Jesus mostra que ele é a ressurreição e a vida (cap. 11). Outros milagres demonstram que Jesus é o pão da vida (6.22-71), é a luz do mundo (8.12-20) e é aquele que dá vida às pessoas (11.25-26). Os milagres provam também que ele recebeu autoridade de Deus para julgar todos os seres humanos (5.19-30).
A segunda parte deste Evangelho (caps. 12—21) fala da ligação que existe entre Jesus e os seus seguidores. Fala também dos ensinamentos que ele lhes deu e da promessa de que, depois que ele fosse embora, viria o Espírito Santo para ensinar-lhes toda a verdade a respeito de Jesus. E o Evangelho termina contando o julgamento, a morte, a ressurreição e as aparições de Jesus.

  • João, 11

    A MORTE DE LÁZARO

    1-3Havia um homem chamado Lázaro. Ele estava doente. Era de Betânia, cidade de Maria e sua irmã, Marta. Essa era a mesma Maria que ungiu os pés do Senhor com óleos aromáticos e depois os enxugou com os cabelos. Lázaro, que estava doente, era irmão dela. As irmãs mandaram um recado para Jesus: “Senhor, aquele a quem o senhor ama está muito doente”.

    4Quando Jesus recebeu a mensagem, comentou: “Essa doença não é fatal. Será uma boa ocasião para demonstrar a glória de Deus, na glorificação do Filho de Deus”.

    5-7Jesus amava os três: Marta, a irmã dela e Lázaro. Mas, estranhamente, quando soube que Lázaro estava doente, permaneceu onde estava mais dois dias. Só, então, disse aos seus discípulos: “Vamos voltar para a Judeia!”

    8Eles disseram: “Rabi, o senhor não pode fazer isso! Os judeus querem vê-lo morto, e o senhor quer voltar?”

    9-10Jesus respondeu: “Não são doze as horas da luz do dia? Qualquer um que anda na luz do dia não tropeça, porque há muita luz. Andando de noite, pode tropeçar, porque mal enxerga o caminho”.

    11Após esse comentário, ele anunciou: “Nosso amigo Lázaro está dormindo. Vou acordá-lo”.

    12-13Os discípulos disseram: “Senhor, se está dormindo, vai ter um bom descanso e se levantar bem disposto”. Jesus falava da morte, enquanto os discípulos pensavam numa simples soneca.

    14-15Então, Jesus resolveu falar claramente: “Lázaro morreu. Estou feliz por causa de vocês, porque eu não estava lá. Vocês logo terão novos motivos para crer. Agora vamos a ele!”.

    16Tomé, chamado Gêmeo, suspirou e disse aos seus companheiros: “Vamos. Bem que podemos morrer com ele!”

    17-20Quando Jesus finalmente chegou, Lázaro estava morto havia quatro dias. Betânia ficava perto de Jerusalém, distante cerca de três quilômetros, e muitos dos judeus davam apoio a Marta e Maria, compadecidos delas por causa do irmão. Marta soube que Jesus estava chegando e saiu ao encontro dele. Maria ficou em casa.

    21-22Marta, então, lhe disse: “Se o senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido. Mesmo agora, sei que tudo que o senhor pedir a Deus será concedido”.

    23Jesus consolou-a: “Seu irmão vai ressuscitar”

    24Marta respondeu: “Sei que vai, na ressurreição do fim dos tempos”.

    25-26“Você não precisa esperar pelo fim. Eu, aqui e agora, sou a Ressurreição e a Vida. Quem crer em mim, ainda que morra, viverá. Qualquer um que vive crendo em mim não irá morrer em definitivo. Acredita nisso?”

    27“Sim. Sempre acreditei que o senhor é o Messias, o Filho de Deus que veio ao mundo.”

    28Depois de ter dito isso, ela foi até onde estava sua irmã, Maria, e sussurrou ao seu ouvido: “O Mestre está aqui e perguntou por você”.

    29-32Assim que ouviu isso, ela deu um salto e correu até ele. Jesus ainda não havia entrado na cidade e continuava no lugar em que Marta o havia encontrado. Quando os judeus, amigos dela, viram Maria passar correndo, foram atrás dela, pensando que ela ia ao túmulo para chorar. Maria foi até onde Jesus estava e caiu aos pés dele, dizendo: “Se o senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido!”

    33-34Quando Jesus a viu chorando e os judeus chorando com ela, sentiu grande indignação e perguntou: “Onde vocês o puseram?”

    34-35“Senhor, vem e vê”, disseram. Naquele momento, Jesus chorou.

    36Os judeus disseram: “Ele o amava muito”.

    37Outros discordaram: “Bem, se ele o amasse tanto assim, por que o deixou morrer? Afinal, ele abriu os olhos de um cego”.

    38-39Mal contendo a indignação, Jesus chegou ao local do túmulo. Era uma caverna simples na colina com uma placa de pedra que a fechava. Ele ordenou: “Removam a pedra!” Marta, a irmã do falecido, disse: “Senhor, a esta altura já está com mau cheiro. Ele morreu há quatro dias!”.

    40Jesus a olhou bem nos olhos. “Eu não disse que, se acreditasse, você veria a glória de Deus?”.

    41-42Dirigindo-se aos demais, insistiu: “Vão em frente, tirem a pedra!” Eles a removeram. Jesus ergueu os olhos para os céus e orou: “Pai, sou grato, porque até aqui tens me ouvido. Sei que sempre me ouves, mas, por causa da multidão aqui presente, oro assim para que eles possam crer que me enviaste”.

    43-44Então, ele bradou: “Lázaro, venha para cá!” Lázaro saiu, ainda enrolado nos panos, da cabeça aos pés, e com um lenço sobre o rosto. Jesus lhes ordenou: “Desamarrem-no, para que possa ir”.

    O HOMEM QUE REALIZA OS SINAIS DE DEUS

    45-48O fato causou uma reviravolta entre muitos dos judeus que estavam com Maria. Eles viram o que Jesus fez e creram nele. Mas alguns procuraram os fariseus para denunciá-lo. Os principais sacerdotes e os fariseus convocaram uma reunião da liderança judaica. “O que faremos?”, perguntaram. “Esse homem insiste em seus feitos, criando sinais divinos. Se deixarmos, logo todos crerão nele, e os romanos virão e removerão o pouco poder e prestígio que ainda nos resta”.

    49-52Então, um deles — Caifás, designado sacerdote principal naquele ano — se pronunciou: “Vocês não enxergam? Não percebem que é preferível um homem morrer pelo povo que uma nação inteira ser destruída?” Ele não disse isso de si mesmo. Na condição de sacerdote principal naquele ano, sem saber profetizou que Jesus estava para ser sacrificado pela nação, e não somente pela nação, mas para que todos os filhos de Deus dispersos pudessem ser reunidos num só povo.

    53-54Daquele dia em diante, ficou decidido que iriam matá-lo. Então, Jesus não arriscou mais aparecer em público no território dos judeus. Retirou-se para o interior, na região fronteiriça com o deserto, hospedando-se numa cidade chamada Efraim. Ali isolou-se com seus discípulos.

    55-56A Páscoa se aproximava. Multidões vinham do interior para Jerusalém, a fim de se preparar para a festa. Eles estavam curiosos a respeito de Jesus. Ele era o assunto dos que estavam ao redor do templo: “O que vocês acham? Será que ele vai aparecer na festa?”

    57Enquanto isso, os principais sacerdotes e fariseus publicaram uma nota: quem soubesse o paradeiro dele deveria informá-los. Eles estavam a postos para prendê-lo.


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  • João, 10

    ELE CHAMA SUAS OVELHAS PELO NOME

    1-5“Vou tentar ser o mais claro possível: se alguém pula ou arromba o aprisco das ovelhas, em vez de passar pela porta, não é para fazer boa coisa — é um ladrão de ovelhas. O pastor passa pela porta. O porteiro abre a porta para ele, e as ovelhas reconhecem sua voz. Ele chama as ovelhas pelo nome e é o guia delas. Quando estão fora do aprisco, ele as conduz, e elas o seguem, porque conhecem sua voz. Elas não seguem a voz de um estranho: vão se dispersar, porque não estão acostumadas a essa voz”.

    6-10Jesus contou essa história simples, mas eles não tinham ideia do que ele estava falando. Então, tentou de novo: “Vou ser explícito, então. Eu sou a Porta para as ovelhas. Os outros são de má índole — ladrões de ovelhas, todos eles. Mas as ovelhas não os ouvem. Eu sou a Porta. Quem passar por mim será bem cuidado — entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir. Eu vim para que eles tenham uma vida verdadeira e eterna, uma vida melhor e mais rica que qualquer outra com que tenham sonhado.

    11-13Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá mais valor às ovelhas que a si mesmo e se sacrifica, se for necessário. O empregado não é um pastor de verdade. As ovelhas nada significam para ele. Ele vê um lobo se aproximar e sai em disparada, deixando as ovelhas desprotegidas. Ele está ali apenas por dinheiro. As ovelhas nada representam para ele.

    14-18Eu sou o Bom Pastor. Conheço minhas ovelhas, e minhas ovelhas me conhecem. Da mesma forma, o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Tenho mais consideração pelas ovelhas que por mim mesmo. Sacrifico-me se for necessário. Vocês também precisam saber que tenho outras ovelhas, além das que estão neste aprisco. Preciso trazê-las e ajuntá-las também. Elas também reconhecerão minha voz. Então, haverá um único rebanho e um só Pastor. É por isto que o Pai me ama: porque entrego minha vida de livre vontade. Assim, sou livre para reavê-la. Ninguém a toma de mim. Eu a entrego porque quero. Tenho o direito de entregá-la, mas também de reavê-la. Recebi essa autoridade do meu Pai”.

    19-21Esse discurso provocou outra divisão entre os judeus. Alguns diziam: “Ele é maluco. Está na cara que não tem juízo. Por que perder tempo em ouvi-lo?” Outros não estavam assim tão seguros: “Essas não são palavras de um louco. Por acaso um louco pode abrir os olhos de um cego?’”.

    22-24Eles estavam celebrando a festa da Dedicação, chamada em hebraico Hanucá, em Jerusalém. Era inverno, e Jesus passeava no templo, no pórtico de Salomão. Rodeando-o, os judeus disseram: “Por quanto tempo você vai nos deixar curiosos? Se você é o Messias, diga-nos diretamente!”

    26-30Jesus respondeu: “Eu já disse, mas vocês não acreditaram. Tudo que fiz foi autorizado por meu Pai, ações que falam mais alto que palavras. Vocês não acreditam porque não são minhas ovelhas. Minhas ovelhas reconhecem minha voz. Eu as conheço, e elas me seguem. Dou a elas vida real e eterna. Elas estão protegidas do Destruidor o tempo todo. Ninguém consegue roubá-las de mim. O Pai, que as pôs sob minha responsabilidade, é muito maior que o Destruidor, que o Ladrão. Ninguém pode tirá-las dele. Eu e o Pai somos um só coração e uma só mente”.

    31-32Mais uma vez, os judeus estavam a ponto de apedrejá-lo. Mas Jesus lhes disse: “Tenho feito muitas boas ações da parte do Pai. Por qual delas vocês querem me apedrejar?”

    33Os judeus responderam: “Não o apedrejaremos por nada de bom que você fez, mas sim pelo fato de ter dito essa blasfêmia de chamar você mesmo de Deus”.

    34-38Jesus reagiu: “Estou apenas citando um texto das Escrituras, em que Deus diz: ‘Digo a vocês — vocês são deuses’. Se Deus chama os antepassados de vocês de ‘deuses’ — e as Escrituras não mentem —, por que vocês gritam: ‘Blasfemador! Blasfemador!’ para o único a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo, só porque eu disse: ‘Sou o Filho de Deus’? Se não faço as obras que meu Pai faz, não precisam crer em mim. Mas, se faço as obras do Pai, esqueçam um momento o que eu disse a meu respeito e considerem a simples evidência das ações que estão diante dos seus olhos. Talvez assim as coisas se esclareçam, e vocês consigam entender que não apenas fazemos as mesmas coisas, mas também somos o mesmo — Pai e Filho. Ele está em mim. Eu estou nele”.

    39-42Eles ainda tentaram prendê-lo, mas ele conseguiu escapar. Voltou para a região do Jordão, onde João batizava, e ficou ali. Muitos se tornaram seus seguidores. Diziam: “João não realizou milagres, mas tudo que ele disse a respeito deste homem é verdade”. Assim, muitos creram nele.


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  • João, 9

    A REAL CEGUEIRA

    1-2Caminhando pela rua, Jesus viu um homem cego de nascença. Seus discípulos perguntaram: “Rabi, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?”.

    3-5Jesus disse: “Vocês estão fazendo a pergunta errada, procurando a quem culpar. Não há nenhuma relação de causa e efeito aqui. Em vez disso, olhem para o que Deus pode fazer. Precisamos trabalhar com energia por aquele que me enviou,

    6-7enquanto o Sol está brilhando. Quando a noite chega, o expediente acaba. Mas enquanto estou no mundo, há bastante luz. Eu sou a Luz do mundo”. Dito isso, ele cuspiu no chão, fez uma mistura de barro com a saliva, esfregou a

    8mistura nos olhos do cego e disse: “Vá! Lave-se no tanque de Siloé”. (Siloé significa “Enviado”.) O homem foi, lavou-se — e passou a enxergar. Momentos depois, a cidade estava em alvoroço. Os parentes do homem e aqueles

    9que ano após ano o conheciam como um mendigo cego, perguntavam: “Esse não é o homem que conhecemos, que se sentava aqui e mendigava?” Outros diziam: “É ele mesmo!”

    10Mas alguns duvidavam: “Não pode ser o mesmo homem, de jeito nenhum! É só alguém parecido com ele”. Mas o homem confirmou: “Sou eu mesmo”. Eles o interrogaram: “Como você conseguiu enxergar?”

    11“Um homem chamado Jesus fez uma mistura, esfregou-a nos meus olhos e disse:

    12‘Vá a Siloé e lave-se ali’. Eu fiz o que ele disse. Lavei-me e comecei a enxergar”. “Então, onde ele está?”

    13-15“Eu não sei”. Eles levaram o homem aos fariseus, porque o dia em que Jesus fez a mistura e

    16curou a cegueira dele era sábado. Os fariseus o interrogaram de novo, para saber como ele havia conseguido enxergar. Ele respondeu: “Ele pôs uma mistura em meus olhos, eu me lavei e agora vejo”. Alguns dos fariseus resmungaram: “Obviamente, esse homem não pode ser de

    17Deus. Ele não guarda o sábado!” Outros argumentaram: “Como um homem mau pode realizar milagres, atos que revelam o próprio Deus?”. Assim, houve divisão entre eles. Eles voltaram a interrogar o cego: “Você é o perito aqui. Ele abriu os seus olhos.

    18-19O que você tem a dizer sobre isso?”. Ele disse: “Ele é um profeta”. Os judeus se recusavam a acreditar que aquele homem havia sido cego a vida

    20-23toda. Então, chamaram os pais do homem que agora enxergava muito bem e perguntaram: “Este é o filho de vocês, o que vocês dizem que nasceu cego? Então, como ele pode ver agora?”. Seus pais disseram: “Sabemos que ele é nosso filho e sabemos que ele nasceu

    24cego. Mas não sabemos como veio a enxergar — não temos a menor ideia de quem abriu os olhos dele. Por que não perguntam a ele? Já é adulto, pode falar por si”. (Os pais dele falaram assim porque tinham medo dos líderes judeus, que haviam determinado que quem afirmasse que Jesus era o Messias seria expulso da sinagoga. Foi por isso que os pais disseram: “Perguntem a ele. Já é adulto”.) Eles convocaram o ex-cego segunda vez e disseram: “Dê o crédito a Deus. Sabe-

    25mos que aquele homem é um impostor”. Ele replicou: “Não sei nada sobre isso. Mas de uma coisa eu tenho certeza: eu era cego… e agora vejo”.

    26Eles perguntaram: “Como ele fez isso a você? Como ele abriu seus olhos?”.

    27“Já contei mais de uma vez, e vocês não ouviram. Por que querem ouvir de novo? Querem se tornar discípulos dele?”.

    28-29A resposta deixou-os furiosos: “Discípulo dele é você; nós somos discípulos de Moisés! Temos certeza de que Deus falou a Moisés, mas não temos ideia de onde saiu esse homem”.

    30-33O homem respondeu: “Impressionante! Vocês alegam não saber nada a respeito dele, mas o fato é que ele abriu meus olhos! É fato bem conhecido que Deus não age por meio de pecadores, mas ouve quem vive em reverência e cumpre sua vontade. Ninguém jamais ouviu falar de alguém que tivesse aberto os olhos de um homem que nasceu cego. Se esse homem não viesse de Deus, não seria capaz de fazer nada”.

    34Eles disseram: “Você não passa de um zé-ninguém! Como ousa querer nos ensinar?” Então, correram com ele dali.

    35Jesus soube que eles o haviam expulsado. Procurou por ele e o achou. Então, perguntou: “Você acredita no Filho do Homem?”

    36O homem disse: “Senhor, mostre-o para mim, para que eu possa crer nele”.

    37Jesus disse: “Você está olhando para ele. Não reconhece minha voz?”

    38“Senhor, eu creio!” exclamou o homem, e o adorou.

    39Jesus, então, disse: “Vim ao mundo para pôr tudo às claras, para estabelecer as distinções, de modo que quem nunca viu possa ver e os que têm a pretensão de ver pareçam cegos”.

    40Alguns fariseus casualmente ouviram a conversa e indagaram: “Você está nos chamando de cegos?”

    41Jesus disse: “Se vocês fossem realmente cegos, não teriam culpa, mas a partir do momento que se declaram capazes de enxergar se tornam responsáveis por seus erros”.


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  • João, 8

    A PONTO DE SER APEDREJADA

    1-2Jesus retirou-se para o monte das Oliveiras, mas logo voltou para o templo. O mundaréu de gente estava à sua volta, e ele se sentava e começava a ensiná-los.

    3-6Os mestres religiosos e os fariseus apareceram com uma mulher que fora apanhada em adultério. Eles a puseram à vista de todos e disseram: “Mestre, esta mulher é adultera, foi apanhada em flagrante. Moisés, na Lei, ordena o apedrejamento de quem comete esse crime. O que o senhor diz?”. Eles tentavam apanhá-lo numa armadilha. Queriam induzi-lo a dizer algo incriminador, que pudessem depois usar contra ele.

    6-8Jesus limitou-se a ficar escrevendo com o dedo na terra. Mas eles não desistiram. Por fim, ele se levantou e disse: “Quem de vocês não tiver pecado seja o primeiro a atirar a pedra”. Encurvando-se novamente, continuou a escrever na terra.

    9-10Ouvindo isso, eles começaram a deixar o local, um após o outro, a começar pelos mais velhos. A mulher foi deixada ali. Jesus levantou-se e perguntou: “Mulher, onde eles estão? Ninguém condenou você?”

    11“Ninguém, Senhor”, foi a resposta. “Nem eu”, disse Jesus. “Siga seu caminho. Mas, de agora em diante, não volte a pecar”.

    PERDENDO DEUS

    12Mais uma vez Jesus discursou para o povo: “Eu sou a Luz do mundo. Quem me segue não ficará tateando no escuro. A minha luz é para a vida toda”.

    13Os fariseus fizeram objeção: “Tudo que temos é a sua palavra. Precisamos de algo mais concreto”.

    14-18Jesus replicou: “Vocês estão certos quando dizem que têm apenas minha palavra. Mas estejam certos de que ela é verdadeira. Sei de onde vim e para onde vou. Vocês não sabem de onde sou nem para onde serei levado. Vocês decidem de acordo com o que podem ver e tocar. Eu não faço esse tipo de julgamento. Ainda que fizesse, seria um julgamento verdadeiro porque não iria se basear na estreiteza da minha experiência, mas na grandeza daquele que me enviou, o Pai. Isso preenche as condições estabelecidas na Lei de Deus: vocês devem confiar no depoimento de duas testemunhas, e é o que vocês têm: minha palavra e a palavra do Pai, que me enviou”.

    19Eles perguntaram: “Onde está esse a quem você chama de Pai?” Jesus respondeu: “Vocês olham para mim e não me veem. Como esperam ver meu Pai? Se me conhecessem, iriam conhecer o Pai também”.

    20Ele fez esse discurso na Tesouraria, enquanto ensinava no templo. Ninguém o prendeu, porque sua hora ainda não havia chegado.

    21Ele continuou: “Estou partindo, e vocês vão me procurar, mas estão perdendo Deus ao fazer isso, entrando num beco sem saída. Vocês não poderão ir comigo”.

    22Os judeus se perguntavam: “Será que ele vai se matar? Foi isso que ele quis dizer quando falou: ‘Vocês não podem vir comigo’?”.

    23-24Jesus explicou: “Vocês estão presos ao que é mundano. Eu estou em contato com algo que está além dos seus horizontes. Vocês vivem de acordo com o que veem e tocam. Eu tenho outros parâmetros. Já disse que vocês perderam Deus agindo assim. Estão num beco sem saída. Se vocês não crerem que sou quem digo que sou, estão encurralados pelos seus pecados. Repito: vocês estão perdendo Deus”.

    25-26Eles perguntaram: “Então, quem é você?”. Jesus respondeu: “O que tenho dito desde o princípio? Tenho coisas a dizer que os deixarão preocupados, julgamentos que irão afetá-los, mas, se vocês não aceitam a veracidade daquele que ordenou minhas palavras e atos, nada disso importa. Portanto, vocês estão questionando não a mim, mas aquele que me enviou”.

    27-29Eles ainda não haviam entendido que ele se referia ao Pai. Então, Jesus tentou de novo: “Quando vocês levantarem o Filho do Homem, então vão saber quem eu sou, que não estou inventando nada, mas falando apenas aquilo que o Pai me comunicou. Aquele que me enviou permanece comigo. Ele não me abandona. Ele vê a alegria que tenho em agradar-lhe”.

    30Depois que ele se expressou dessa forma, muitos decidiram acreditar.

    SE O FILHO VOS LIBERTAR

    31-32Então, Jesus dirigiu a palavra aos judeus que diziam crer nele: “Se vocês permanecem comigo, vivendo o que eu ensino, sem dúvida são meus discípulos. Então, irão experimentar a verdade, e a verdade vai libertá-los”.

    33Surpresos, retrucaram: “Mas somos descendentes de Abraão! Nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer: ‘A verdade vai libertá-los?”.

    34-38Jesus respondeu: “Declaro solenemente a vocês que quem escolheu uma vida de pecado caiu numa armadilha, num beco sem saída. Assim, é de fato um escravo. Um escravo é um hóspede temporário, que não pode ir nem vir quando quer. Já o Filho tem uma posição estabelecida e o controle da casa. Portanto, se o Filho os libertar, vocês serão livres. Sei que são descendentes de Abraão, mas também sei que vocês estão tentando me matar porque minha mensagem ainda não entrou na cabeça dura de vocês. Estou falando de coisas que vi enquanto estava na companhia do Pai, e vocês teimam em fazer o que ouviram do pai de vocês”.

    39-41Eles ficaram indignados: “Nosso pai é Abraão!”. Jesus contestou: “Se vocês fossem mesmo filhos de Abraão realizariam as obras de Abraão. Mesmo assim, aqui estão vocês, tentando me matar, um homem que fala a verdade que recebeu diretamente de Deus! Abraão nunca fez nada parecido. Vocês insistem em repetir as obras do pai de vocês”. Eles disseram: “Não somos bastardos! Temos um pai legítimo: o Deus único”.

    42-47“Se Deus fosse o pai de vocês”, Jesus prosseguiu, “vocês iriam me amar, pois vim de Deus e aqui cheguei. Não vim por conta própria. Ele me enviou. Por que, então, não entendem uma palavra do que digo? Eis a razão: vocês não suportam a verdade. Vocês são do Diabo, que é o pai de vocês, e tudo que querem é agradar a ele. Ele foi assassino desde o princípio e não podia permanecer na verdade porque nele não havia um resquício de verdade. Quando o Mentiroso fala, ele o faz com base em sua natureza mentirosa e enche o mundo com mentiras. Então, eu chego, declaro toda a verdade, e vocês não querem nada comigo. Será que algum de vocês pode provar que eu disse uma só palavra enganosa ou cometi um simples pecado? Mas, se digo a verdade, por que não creem em mim? Quem está do lado de Deus ouve o que ele diz. É por isso que vocês não ouvem. Vocês não estão do lado de Deus!”

    EU SOU O QUE SOU

    48Os judeus, então, disseram: “Faz sentido. Estávamos certos quando dissemos que você é um samaritano louco, possuído por demônio!”.

    49-51Jesus reagiu: “Não sou louco. Apenas honro meu Pai, enquanto vocês me desonram. Não estou querendo nada para mim. Deus planeja algo glorioso e grandioso aqui e está a ponto de realizar esse plano. Falo com absoluta confiança, Se vocês praticarem o que digo, não terão de encarar a morte”.

    52-53Nesse ponto, os judeus o interromperam: “Agora temos certeza de que você é louco. Porque Abraão morreu. Os profetas morreram. E você aparece, dizendo: ‘Se vocês praticarem o que eu disser, não terão de encarar a morte. Você, por acaso, é maior que nosso pai Abraão, que morreu? E quanto aos profetas que morreram! Quem você pensa que é?”

    54-56Jesus disse: “Se eu apontasse os holofotes para mim mesmo, nada conseguiria. Mas meu Pai, o mesmo que vocês dizem ser o Pai de vocês, aqui me pôs neste tempo, em lugar de glória. Vocês não reconheceram sua ação, mas eu sim. Se eu, por falsa modéstia, dissesse que não sabia o que está acontecendo, seria tão mentiroso quanto qualquer um de vocês. Mas eu sei e estou fazendo o que ele diz. Abraão — o ‘pai’ de vocês — com fé jubilosa olhou para o futuro e viu meu dia chegando. Ele viu e se alegrou”.

    57Os judeus estranharam: “Você não tem nem cinquenta anos — e Abraão viu você?!”.

    58“Acreditem em mim”, disse Jesus. “Eu sou o que sou muito antes que Abraão fosse alguma coisa”.

    59Era provocação demais para eles. Por isso, pegaram pedras para apedrejá-lo. Mas Jesus se afastou dali, retirando-se do templo.


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  • João, 7

    1-2Mais tarde, Jesus retomou suas atividades na Galiléia. Ele não queria viajar pela Judeia porque os judeus estavam procurando uma oportunidade para matá-lo. Estava próxima outra festa celebrada anualmente pelos judeus, a dos Tabernáculos.

    3-5Seus irmãos disseram: “Por que você não vai para a festa, para que seus discípulos possam ver as obras que você faz? Quem quer ser conhecido não pode ficar escondido num canto. Se você leva a sério o que faz, mostre-se ao mundo”. Seus irmãos o pressionavam porque não criam nele.

    6-8Jesus respondeu: “Não me pressionem. Minha hora não chegou. É a hora de vocês. Aliás, sempre é a hora de vocês, porque não têm nada a perder. O mundo não tem nada contra vocês, mas sim contra mim. Está contra mim porque denuncio a maldade que escorem. Quanto a vocês, vão em frente, vão para a festa! Não esperem por mim. Ainda não estou pronto. Meu tempo não chegou”. Ele disse isso e ficou na Galiléia. Só que mais tarde, depois de a família ter ido para a festa, ele também foi. Mas se manteve incógnito, evitando ao máximo chamar atenção para si. Os judeus já estavam procurando por ele, perguntando a todos: “Onde está aquele homem?” Havia muita controvérsia a respeito dele. Seu nome circulava na boca do povo. Alguns diziam: “Ele é um homem bom”. Outros contestavam: “Nada disso! Ele engana o povo!” Entretanto, as conversas eram discretas, porque o povo tinha medo dos líderes judeus.

    SERIA ELE O MESSIAS

    14-15Lá pela metade da festa, Jesus se manifestou no templo: estava ensinando. Os judeus ficavam impressionados, mas estavam confusos: “Como ele sabe tanto sem ter estudado?”.

    16-19Jesus disse: “Não inventei nada disso. O que ensino vem daquele que me enviou. Quem quiser fazer sua vontade pode testar esse ensinamento e saberá se é de Deus ou se eu o inventei. Quem inventa ideias próprias está sempre tentando impressionar, mas quem quer honrar aquele que o enviou apega-se aos fatos: não altera a realidade. Foi Moisés que deu a Lei de Deus, não foi? Mas nenhum de vocês a cumpre. Então, por que estão tentando me matar?”

    20A multidão protestou: “Você está louco! Quem está tentando matá-lo? Você está possuído por demônio”.

    21-24Jesus reagiu: “Fiz um milagre meses atrás, e vocês ainda estão todos preocupados, imaginando o que estou para fazer. Moisés prescreveu a circuncisão (que não veio de Moisés, mas dos seus antepassados), e vocês circuncidam um homem, operando parte do seu corpo, mesmo num sábado. Fazem isso para preservar um item da Lei de Moisés. Então, por que estão preocupados por eu haver restaurado a saúde de um homem no sábado? Não fiquem procurando defeitos. Usem a cabeça — e o coração! — para discernir o que é certo, para testar o que é de fato correto”.

    25-27Foi quando alguns habitantes de Jerusalém disseram: “Esse não é o homem que estavam querendo matar? Olhem ele aí, dizendo o que quer diante de todos, e ninguém o detém! Será que os líderes pensam que ele é, de fato, o Messias? Nós sabemos de onde ele veio. Mas, no caso do Messias, ninguém sabe de onde ele virá”.

    28-29Então, Jesus, que estava ensinando no templo, gritou para eles: “Vocês pensam que me conhecem e que sabem de onde eu vim, mas minha origem não é essa. Não estou nesta missão por conta própria. Minha verdadeira origem está naquele que me enviou, e vocês não o conhecem. Venho da parte dele — é por isso que o conheço. Ele me enviou aqui”.

    30-31Eles procuravam ocasião para prendê-lo, mas ninguém tocou nele, pois sua hora ainda não havia chegado. Muitos de seus ouvintes passaram a segui-lo, mas diziam: “Será que quando o Messias vier vai apresentar provas superiores ou mais convincentes que essas?”

    32-34Os fariseus, alarmados com a onda de rebelião que perpassava a multidão, confabularam com os principais sacerdotes e enviaram os guardas do templo para prender Jesus. Mas ele os enfrentou, dizendo: “Vou ficar pouco tempo com vocês. Depois vou para aquele que me enviou. Vocês vão me procurar, mas não vão me encontrar e para onde vou vocês não podem ir”.

    35-36Os judeus perguntaram uns aos outros: “Para onde será que ele vai, que não poderemos encontrá-lo? Será que ele vai para o mundo grego, para ensinar os judeus que vivem lá? O que ele quer dizer com: ‘Vocês vão me procurar, mas não vão me encontrar?’; e com: ‘Para onde vou vocês não podem ir’?”.

    37-39No último dia da festa, o mais importante, Jesus se pôs de pé e discursou: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Rios de água viva irão jorrar e brotar do íntimo de quem crer em mim, como dizem as Escrituras”. (Ele fazia referência ao Espírito, a ser recebido por aqueles que cressem nele. O Espírito ainda não tinha sido dado porque Jesus ainda não havia sido glorificado.)

    40-44Os que ouviram essas palavras comentavam: “Este deve ser o Profeta”. Outros diziam: “Ele é o Messias!” Outros ainda argumentavam: “O Messias não vem da Galiléia, não é mesmo? As Escrituras não dizem que ele vem da linhagem de Davi, e de Belém, a Cidade de Davi?” Então, houve- contenda na multidão por causa dele. Os mais exaltados queriam prendê-lo, mas ninguém encostou a mão nele.

    45Foi quando os guardas do templo se apresentaram aos principais sacerdotes e fariseus, que os questionaram: “Por que vocês não o prenderam?”

    46Os guardas responderam: “Vocês ouviram como ele fala? Nunca ouvimos ninguém falar como esse homem”.

    47-49Os fariseus retrucaram: “Vocês se deixaram enganar, como o resto dessa gentalha? Não percebem que nem um líder do povo creu nele? Não vêem que nenhum fariseu? É só essa multidão ignorante, que não sabe nada da Lei de Deus, que é enganada por ele e acaba condenada”.

    50-51Nicodemos, o homem que havia se encontrado com Jesus e que era um dos líderes e fariseu, interferiu: “A Lei decide sobre a culpa de um homem sem primeiro ouvi-lo e descobrir o que ele está fazendo?”

    52-53Mas eles o interromperam: “Você também está a favor do galileu? Examine as evidências. Veja se já surgiu algum profeta da Galiléia”. A reunião terminou, e todos foram para casa.


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  • João, 6

    PÃO E PEIXE PARA TODOS

    1-4Depois disso, Jesus navegou pelo mar da Galiléia (também chamado de Tiberíades). Uma imensa multidão o seguia, atraída pelos milagres que o tinham visto realizar entre os doentes. Quando chegou ao outro lado, ele subiu a uma colina e sentou-se, cercado por seus discípulos. A festa da Páscoa, celebrada anualmente pelos judeus, se aproximava.

    5-6Jesus percebeu que uma grande multidão estava se aproximando e comentou com Filipe: “Onde poderíamos comprar pão para alimentar toda essa gente?” Ele queria apenas testar a fé de Filipe, porque já sabia o que fazer.

    7Filipe respondeu: “Duzentas moedas de prata não seriam suficientes para que cada um ganhe apenas um pedaço de pão”.

    8-9Um dos discípulos — André, irmão de Simão Pedro disse: “Há um menino aqui com cinco pedaços de pão e dois peixes. Mas para uma multidão como esta isso é como uma gota num balde”.

    10-13Jesus disse: “Façam o povo se assentar”. A grama verde formava um belo tapete natural, e eles se acomodaram ali, cerca de cinco mil pessoas. Então, Jesus tomou o pão e, tendo dado graças, mandou que fosse distribuído. Em seguida, fez o mesmo com os peixes. Todos comeram à vontade. Depois que o povo comeu até se fartar, ele disse aos discípulos: “Ajuntem as sobras, para que nada seja desperdiçado”. Eles: obedeceram e encheram doze cestos grandes com as sobras dos cinco pedaços de pão.

    14-15O povo compreendeu que Deus estava agindo no meio deles. O que Jesus havia acabado de fazer era a prova. Eles disseram: “Este, com certeza, é o Profeta. O Profeta de Deus, aqui na Galiléia!” Jesus percebeu que, no entusiasmo deles, já cogitavam a ideia de fazê-lo rei; por isso, afastou-se dali e voltou para a montanha, para ficar sozinho.

    16-21Ao entardecer, os discípulos voltaram para o mar, entraram no barco e navegaram em direção a Cafarnaum. Já estava escuro, e Jesus ainda não havia voltado. Um vento forte soprou, e o mar ficou agitado. Eles estavam uns cinco quilômetros mar adentro quando viram Jesus caminhando sobre a água, bem perto do barco. Ficaram apavorados, mas Jesus os tranquilizou: “Sou eu, está tudo bem! Não fiquem com medo!” Então, eles o receberam no barco e pouco depois chegaram a terra — no lugar exato a que pretendiam chegar.

    22-24No dia seguinte, a multidão que havia ficado para trás percebeu que havia só um barco e que Jesus não tinha voltado com os discípulos. Eles tinham visto o barco sair sem Jesus, mas havia barcos de Tiberíades por perto na hora em que eles comiam o pão abençoado pelo Senhor. Assim, quando perceberam que não havia voltado, entraram nos barcos de Tiberíades e foram para Cafarnaum, à procura Dele.

    25Quando o encontraram, no outro lado do mar, disseram: “Rabi, quando o senhor chegou aqui?”

    26Jesus respondeu: ‘Vocês vêm à minha procura não porque viram Deus no que eu fiz, mas porque enchi a barriga de vocês — e de graça!”

    O PÃO DA VIDA

    27“Não gastem energia, lutando por comida perecível como aquela. Trabalhem pela comida que permanece, comida que sustenta a vida eterna, comida que o Filho do Homem providencia. Ele e o que ele faz são permanentes, porque têm a garantia de Deus, o Pai”.

    28Eles disseram: “Muito bem, o que temos de fazer, então, para realizar as obras de Deus?”.

    29Jesus respondeu: “Confiem naquele que Deus enviou. Se passarem a segui-lo os envolverá na obra de Deus”.

    30-31Eles pediram: “Dá-nos um sinal que diga quem és, uma pista sobre o que está acontecendo. Então, seremos teus seguidores. Mostre-nos o que podes fazer. Moisés alimentou nossos antepassados com pão no deserto, e as Escrituras dizem: ‘Ele deu a eles pão do céu para comer’”.

    32-33Jesus respondeu: “O real significado dessa passagem não é que Moisés deu pão do céu ao povo, mas que meu Pai está agora oferecendo a vocês pão do céu, o pão verdadeiro. O Pão de Deus desceu do céu para dar vida ao mundo”.

    34Eles pediram: “Então, queremos esse pão, agora e sempre!”.

    35-38Jesus disse: “Eu sou o Pão da Vida. Quem vem a mim não terá mais nem sede nem fome. Digo isso com toda clareza porque vocês, ainda que me tenham visto em ação, não acreditam em mim. Aquele que o Pai me dá virá correndo para mim. E, uma vez que essa pessoa esteja comigo, eu a guardarei. Não permitirei que ela se vá. Desci do céu não para seguir meus caprichos, mas para cumprir a vontade daquele que me enviou.

    39-40“Posso resumir assim essa vontade: toda tarefa de que o Pai me incumbiu será concluída, sem a omissão de um único detalhe, para que no fim dos tempos tudo esteja como deve ser. É isto que o meu Pai quer: que quem vir o Filho, acreditar nele e no que ele faz e tornar-se seu seguidor entre na vida verdadeira, a vida eterna. Minha tarefa é mantê-los vivos e intactos até o fim dos tempos”.

    41-42Pelo fato de ele ter dito: “Sou o Pão que desceu do céu”, os judeus começaram a discutir com ele: “Este não é o filho de José? Não conhecemos seu pai? Não conhecemos sua mãe? Como pode ele agora dizer: ‘Desci do céu’ e esperar que alguém acredite nele?”.

    43-46Jesus disse: “Não briguem por minha causa. Vocês não estão no comando, mas sim o Pai, que me enviou. Ele traz a mim as pessoas — é o único modo de vir a mim. Só assim realizo o meu trabalho, reunindo as pessoas e preparando-as para o fim. Foi o que os profetas quiseram dizer quando escreveram: ‘Eles todos serão pessoalmente ensinados por Deus’. Quem quer que tenha passado algum tempo ouvindo o Pai, ouvindo de verdade e aprendendo, vem a mim para ser ensinado pessoalmente — para ver com os próprios olhos e ouvir de mim com seus ouvidos, pois tudo recebi diretamente do Pai. Ninguém viu o Pai a não ser aquele que convivia com ele — e vocês agora podem ver a mim.

    47-51“Digo isso agora da maneira mais sóbria e solene: quem crer em mim tem vida verdadeira, vida eterna. Eu sou o Pão da Vida. Seus antepassados comeram pão do céu no deserto e morreram. Mas agora está aqui um Pão que verdadeiramente veio do céu. Quem comer desse Pão jamais morrerá. Eu sou o Pão — o Pão vivo! — que desceu do céu. Qualquer um que comer desse Pão viverá — e para sempre! O Pão que dou ao mundo, para que possam comer e viver, sou eu mesmo, um ser de carne e sangue”.

    52Os judeus ficaram alvoroçados outra vez: “Como pode este homem servir sua carne numa refeição?”.

    53-58Mas Jesus não deu confiança a eles e prosseguiu: “Só depois que comerem e beberem carne e sangue, a carne e o sangue do Filho do Homem, vocês terão vida interior. Quem tiver um desejo sincero por essa comida e bebida obterá a vida eterna e estará pronto para o dia final. Minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Ao comer minha carne e beber meu sangue, vocês vão estar em mim e eu em vocês. O Pai, que é vivo, me enviou aqui. Assim, vivo por causa dele, para que quem fizer de mim uma refeição possa viver por minha causa. Esse é o Pão do céu. Os antepassados de vocês comeram pão e, mais tarde, morreram. Quem come desse Pão viverá para sempre”.

    59Tudo isso foi dito enquanto ele ensinava na sinagoga de Cafarnaum.

    DURO DE ENGOLIR

    60Muitos de seus discípulos ouviram isso e disseram: “É um discurso duro demais de engolir”.

    61-65Jesus percebeu que eles estavam tendo dificuldade com o assunto e disse; “Ficaram arrasados com o que disse? O que aconteceria se vocês vissem o Filho do Homem subindo para o lugar de onde veio? O Espírito pode criar vida. Músculos e força de vontade nada fazem acontecer. Cada palavra que lhes digo provém do Espírito, e é capaz de criar vida. Mas alguns de vocês são resistentes e se recusam ater parte nisso”. (Jesus sabia desde o início que alguns não iriam segui-lo de fato. Sabia também quem iria traí-lo.) Ele continuou: “Foi por isso que antes eu disse a vocês que ninguém é capaz de vir a mim por conta própria. Vocês vêm a mim apenas como uma dádiva do Pai”.

    66-67Depois disso, muitos discípulos o abandonaram. Não queriam mais nenhuma ligação com ele. Então, Jesus deu aos Doze a mesma oportunidade: “Vocês também querem me abandonar?”

    68-69Pedro respondeu: “Senhor, para onde iríamos? Só o senhor tem as palavras de vida verdadeira, de vida eterna. Já decidimos segui-lo de fato e acreditamos que és o Santo de Deus”.

    70-71Jesus respondeu: “Eu não, escolhi vocês, os Doze? Mesmo assim, um de vocês é um diabo”. Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes. Esse homem — um dos Doze! — já estava se preparando para traí-lo.


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  • João, 5

    MESMO NO SÁBADO

    1-6Tempos depois, houve outra festa, e Jesus estava de volta a Jerusalém. Perto da Porta das Ovelhas, havia um tanque chamado Betesda em aramaico, com cinco pavilhões. Centenas de doentes — cegos, aleijados, paralíticos — ocupavam esses pavilhões. Um homem inválido estava ali havia trinta e oito anos. Quando o viu estendido ao lado do tanque, sabendo por quanto tempo ele estava ali, Jesus lhe disse: “Você quer ficar bom?”

    7O homem respondeu: “Senhor, quando a água é agitada, não tenho quem me ponha no tanque. Tento chegar, mas sempre alguém chega antes”.

    8-9Jesus disse: “Levante-se, pegue sua maca e comece a andar!” O homem ficou curado imediatamente, pegou a maca e saiu dali.

    9-10Mas era sábado. Alguns judeus pararam o homem curado e disseram: “É sábado. Você não pode carregar sua maca por aí. É contra a Lei!”

    11Ele respondeu: “O homem que me curou me mandou fazer isso. Ele disse: ‘Pegue sua maca e comece a andar”.

    12-13Eles perguntaram: “Quem deu essa ordem?” Mas o homem não sabia, e Jesus havia sumido por entre a multidão.

    14Mais tarde, Jesus encontrou o homem no templo e comentou: “Você está com ótima aparência! Está muito bem! Mas não volte para a velha vida de pecado, ou algo pior poderá acontecer”.

    15-16O homem, então, foi contar aos judeus que a pessoa que o havia curado era Jesus. Por isso, os judeus passaram a perseguir Jesus por ele ter curado no sábado.

    17Jesus defendeu-se: “Meu Pai trabalha o tempo todo, mesmo no sábado, e eu também”.

    18A resposta irritou os judeus, que agora queriam não apenas denunciá-lo: queriam matá-lo. Ele não estava apenas quebrando o sábado, mas estava dizendo que Deus era seu Pai, pondo-se no nível do próprio Deus.

    O QUE O PAI FAZ O FILHO FAZ

    19-20Jesus finalmente se explicou: “Digo a verdade para vocês. O Filho não pode fazer algo de forma independente, mas apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz o Filho faz. O Pai ama o Filho e o inclui em todos os seus planos.

    20-23“Mas vocês ainda não viram nem a metade, pois, assim como o Pai levanta os mortos e cria vida, assim também o Filho faz. O Filho dá vida a quem quiser. Nem ele nem o Pai rejeitam ninguém. O Pai concedeu ao Filho toda autoridade para julgar, de modo que o Filho seja honrado igualmente com o Pai. Quem desonra o Filho desonra o Pai, pois foi decisão do Pai pôr o Filho no lugar da mais alta honra.

    24“Ouçam com atenção, que é importante: quem crê no que eu digo e entra em sintonia com o Pai, que também me pôs nessa posição, recebe agora a vida plena e eterna, não está mais condenado a ser um estranho. É um passo gigante: do mundo dos mortos para o mundo dos vivos.

    25-27“Vocês precisam entender isto já: a hora chegou — quero dizer, agora mesmo! — em que os mortos irão ouvir a voz do Filho de Deus, e, ao ouvi-la, viverão. Assim como o Pai tem vida em si mesmo, ele conferiu ao Filho vida nele mesmo. E, por ser ele o Filho do Homem, o Pai concedeu também a ele autoridade para decidir e executar tudo que se refere ao juízo divino.

    28-29“Não fiquem surpresos. Está chegando o tempo em que todos os mortos ouvirão sua voz. Os que viveram no caminho reto ressuscitarão para a Vida; os que viveram no caminho errado ressuscitarão para o juízo.

    30-33“Não faço nada por minha conta: ouço primeiro e, depois, decido. Vocês podem confiar em minha decisão porque não estou seguindo um caminho próprio, mas apenas cumprindo ordens. Se eu agisse por conta própria, meu testemunho seria vazio e egocêntrico. Mas um testemunho independente me confirma, o Testemunho mais confiável de todos. Além disso, vocês todos já viram e ouviram João, e ele deu testemunho abalizado e confiável a meu respeito, não foi?

    34-38“Além disso, meu objetivo não é ganhar a simpatia de vocês nem apelar para um simples testemunho humano. Estou falando com vocês deste modo para que vocês sejam salvos. João foi uma tocha, e vocês ficaram contentes em festejar um pouco debaixo daquela luz brilhante. Mas o testemunho que confirma o que faço supera em muito o testemunho de João. É a tarefa que o Pai me mandou executar, e, enquanto a executo, confirmo que o Pai, de fato, me enviou. O Pai que me enviou me confirma, só que vocês não percebem isso. Nunca ouviram sua voz nem viram sua aparência. Nada da sua Mensagem restou na memória de vocês, porque não levaram a Mensagem a sério”.

    39-40“Vocês se dedicam a estudar as Escrituras porque acham que vão encontrar ali a vida eterna. Mas vocês olham para a árvore e não veem a floresta! Afinal, as Escrituras falam de mim! E aqui estou, diante de vocês, e vocês não querem receber de mim a vida que afirmam desejar.

    41-44“Não estou interessado na aprovação da maioria. Sabem por quê? Porque conheço vocês e as multidões. Sei que o amor, especialmente o amor de Deus, não está na agenda de vocês. Apresentei-me com a autoridade do meu Pai, e alguns de vocês me desprezam, outros me evitam. Se outro viesse, dizendo-se importante, vocês o receberiam de braços abertos. Como esperam receber algo de Deus se desperdiçam o tempo disputando posições, alimentando rivalidades e ignorando Deus?

    45-47“Mas não pensem que eu vou acusar vocês diante do Pai. Moisés, a quem vocês dão tanta importância, é quem os acusa. Se acreditassem de verdade no que Moisés disse, vocês creriam em mim. Ele escreveu a meu respeito. Se vocês não levam a sério o que ele escreveu, como posso esperar que deem atenção ao que eu falo?”.


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  • João, 4

    A MULHER À BEIRA DO POÇO

    1-3Jesus percebeu que os fariseus se deram conta dos batismos que ele e João realizavam (se bem que não era Jesus quem de fato batizava, mas seus discípulos). Eles perceberam que Jesus estava batizando mais pessoas que João, criando uma rivalidade aos olhos do povo. Jesus, então, deixou a Judeia e voltou para a Galiléia.

    4-6Para chegar lá, tinha de passar por Samaria. Ele caminhou até Sicar, uma aldeia samaritana que divisava com as terras que Jacó tinha dado ao seu filho José. O poço de Jacó ainda estava lá. Jesus, cansado da viagem, assentou-se perto do poço. Era cerca de meio-dia.

    7-8Uma mulher, uma samaritana, veio buscar água. Foi, então, que Jesus lhe pediu: “Poderia me dar um pouco de água?”. (Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida para o almoço.)

    9A samaritana, surpresa, perguntou: “Como pode um judeu, pedir alguma coisa a mim, uma samaritana?” (Na época, os judeus se recusavam a falar com os samaritanos.)

    10Mas Jesus respondeu: “Se você conhecesse a generosidade de Deus e soubesse quem sou eu, pediria água a mim, e eu lhe daria água pura, água da vida”.

    11-12A mulher disse: “O senhor não tem um balde para tirar água, e o poço é fundo. Então, de onde vai tirar essa agua viva’? Por acaso o senhor tem mais recursos que nosso antepassado Jacó, que cavou este poço e bebeu dele, e também seus filhos e seus rebanhos, e o deixou para nós?”.

    13-14Jesus disse: “Quem beber desta água vai ficar com sede outra vez. Quem beber da água que eu der nunca mais terá sede — nunca! A água que ofereço é como um poço artesiano interior, jorrando vida para sempre”.

    15Então, a mulher lhe pediu: “Senhor, dê-me dessa água, de modo que eu nunca mais tenha sede, nem tenha de voltar a este poço!”.

    16Ele disse: “Vá chamar seu marido e volte aqui”.

    17-18“Não tenho marido”, foi a resposta. “Você disse bem: ‘Não tenho marido’. A verdade é que você já teve cinco maridos, e o homem com quem vive agora não é seu marido. Você falou a verdade”.

    19-20“Ah! O senhor é profeta! Então, tire a minha dúvida: nossos antepassados adoraram a Deus neste monte, mas vocês, judeus, insistem em que Jerusalém é o único lugar para adorar. Quem está certo?”.

    21-23“Mulher, acredite, está chegando a hora em que vocês, samaritanos, irão adorar o Pai, mas não neste monte nem em Jerusalém. Vocês adoram como que tateando no escuro. Nós, judeus, adoramos na clara luz do dia. O caminho de Deus para a salvação veio por meio dos judeus. Mas chegará o momento na verdade, já chegou — em que não importará como vocês são chamados ou onde irão adorar.

    23-24O que conta para Deus é quem você é e como vive. Seu culto deve envolver o seu espírito na busca da verdade. Este é o tipo de gente que o Pai está procurando: aquele que é simples e honesto na presença dele, em seu culto. Deus é Espírito, e quem o adora deve fazê-lo de maneira genuína, algo que venha do espírito, do mais íntimo do ser”.

    25A mulher disse: “Não entendo bem sobre isso! O que sei é que o Messias está vindo. Quando ele chegar, vai nos esclarecer tudo”.

    26“Eu sou o Messias”, declarou Jesus. “Você não precisa esperar nem procurar mais.

    27Naquele momento, os discípulos chegaram e ficaram escandalizados. Não podiam acreditar que o Mestre estivesse conversando com uma mulher daquele povo. Ninguém disse nada, mas a fisionomia deles dizia tudo.

    28-30A mulher aproveitou a oportunidade para se retirar. Um pouco confusa, deixou o jarro de água para trás. De volta à cidade, anunciou ao povo: “Venham ver um homem que sabe tudo a meu respeito, que me conhece como ninguém! Será que ele não é o Messias?” Eles foram verificar.

    É TEMPO DE COLHEITA

    31Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus: “Rabi, come. Não vais comer?”

    32Mas ele respondeu: “Tenho uma comida que vocês nunca provaram”.

    33Os discípulos não entenderam e disseram: “Quem te trouxe comida?”

    34-35Jesus explicou: “A comida que me mantém ativo é fazer a vontade daquele que me enviou, concluir a obra que ele começou. Quando olham ao redor, vocês não dizem que em quatro meses será o tempo da colheita? Muito bem, agora digo eu: abram os olhos e vejam o que está diante de vocês. Os campos samaritanos estão maduros. É tempo da colheita!

    36-38“O Ceifeiro não espera. Vai logo pegar o que é seu, ajuntando os grãos maduros para a vida eterna. Agora o Semeador e o Ceifeiro estão juntos. O clima é de triunfo, e sobressai a verdade contida no ditado: ‘Um semeia, o outro colhe’. Eu os enviei para colher num campo em que nunca trabalharam. Sem mover um dedo, vocês trabalharam num campo cultivado por outros desde muito tempo e com muito sacrifício”.

    39-42Muitos dos samaritanos daquela cidade passaram a seus seguidores por causa do testemunho da mulher: “Ele sabe tudo a meu respeito, me conhece como ninguém!”. Eles imploraram a Jesus que permanecesse com eles, e ele ficou dois dias ali. Muitos outros confiaram a vida a ele depois de ouvi-lo. Eles disseram à mulher: “Nós cremos não mais por causa do que você disse, mas pelo que ouvimos. Agora temos certeza: ele é o Salvador do mundo!”.

    43-45Dois dias depois, Jesus foi para a Galiléia. Ele sabia, por experiência própria, que um profeta não é respeitado no lugar onde cresceu. Quando chegou a Galiléia, o povo dali o recebeu, mas apenas por terem ficado impressionados com o que ele havia feito em Jerusalém durante a Páscoa, não por saber quem ele era ou o que estava para fazer

    46-48Jesus estava de volta a Caná da Galiléia, lugar onde havia transformado a água em vinho. Enquanto isso, em Cafarnaum, o filho de um oficial da corte do rei estava doente. Quando ele soube que Jesus estava na Galiléia, foi procurá-lo e implorou que ele fosse à sua casa e curasse seu filho, que estava quase morrendo. Jesus declarou: “Vocês se recusam a crer se não presenciarem um milagre”.

    49Mas o oficial da corte não se deu por vencido. “Por favor, é a vida do meu filho!”.

    50-51Jesus simplesmente respondeu: “Vá para casa. Seu filho está vivo”. O homem creu na palavra de Jesus e foi para casa. No caminho, seus empregados o encontram e deram a notícia: “Seu filho está vivo!”

    52-53Ele lhes perguntou a que hora seu filho começara a se sentir melhor. Eles disseram: “A febre baixou ontem, por volta da uma hora da tarde” — era exatamente a hora em que Jesus tinha dito: “Seu filho está vivo”.

    53-54Foi o suficiente. Não apenas ele, mas todos os de sua casa creram. Esse foi o segundo sinal realizado por Jesus após seu regresso para a Galiléia.


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  • João, 3

    NASCER DO ALTO

    1-2Havia um homem do partido dos fariseus chamado Nicodemos, um desta-cado líder entre os judeus. Certa vez, ele visitou Jesus, tarde da noite, e disse: “Rabi, sabemos que o senhor é um mestre que vem de Deus. Ninguém poderia realizar esses atos que revelam a realidade de Deus se Deus não fosse com ele”.

    3Jesus disse: “Você está absolutamente correto. Preste atenção: a não ser que alguém nasça do alto, não é possível ver aquilo que estou apresentando — o Reino de Deus”.

    4“Como pode alguém nascer, se já nasceu e cresceu?”, estranhou Nicodemos. “Não é possível entrar de novo no útero materno e nascer outra vez. E que história é essa de nascer do alto’?”.

    5-6Jesus respondeu: “Você não entende. Deixe-me dizer de novo. A não ser que alguém se submeta a essa criação original, a criação na qual o vento pairava por sobre as águas’, o invisível movendo o visível, um batismo para uma nova vida, não lhe será possível entrar no Reino de Deus. Quando você olha para um bebê, vê apenas isto: um corpo que se pode contemplar e tocar. Mas a pessoa que tem um nascimento interior é formada por algo que você não pode ver nem tocar — o Espírito — e se torna um espírito vivo.

    7-8“Portanto, não fique surpreso quando digo que você tem de nascer do alto’ — de fora desse mundo, por assim dizer. Você sabe muito bem que o vento sopra pra lá e pra cá. Você o ouve sussurrando pelas árvores, mas não tem ideia de onde ele vem nem para onde vai. O mesmo acontece com aquele que é nascido do alto’ pelo vento de Deus, o Espírito de Deus”

    9Nicodemos perguntou: “O que o senhor quer dizer com isso? Como acontece?”.

    10-12Jesus disse: “Você é um mestre respeitado em Israel e não conhece o básico? Ouça com atenção. Esta é a pura verdade. Falo apenas a respeito do que conheço por experiência. Dou testemunho apenas do que tenho visto com os próprios olhos. Não me baseio em boatos. Mas, em vez de encarar as evidências e aceitá-las, você as evita com perguntas. Se, quando digo coisas claras como o dia você não acredita em mim, por que eu falaria de coisas que você não pode ver, das coisas de Deus?

    13-15“Ninguém jamais esteve na presença de Deus senão aquele que veio daquela Presença, o Filho do Homem. Assim como Moisés levantou a serpente no deserto para que o povo pudesse vê-la e crer, é necessário que o Filho do Homem seja levantado — para que todos os que olharem para ele com confiança e com esperança legítima recebam a vida real, a vida eterna.

    16-18“Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho, seu único filho, pela seguinte razão: para que ninguém precise ser condenado; para que todos, crendo nele, possam ter vida plena e eterna. Deus não se deu ao trabalho de enviar seu Filho apenas para poder apontar um dedo acusador e dizer à humanidade como ela é má. Ele veio para ajudar, para pôr o mundo nos eixos outra vez. Quem confiar nele será absolvido, mas quem não confiar terá sobre si, sem o saber, uma sentença de condenação; E por quê? Porque não foi capaz de crer no único Filho de Deus quando este lhe foi apresentado.

    19-21“Esta é a situação: a luz de Deus invadiu o mundo, mas a humanidade inteira correu para as trevas. Fugiram porque não estavam interessados em agradar a Deus. Aquele que pratica o mal, é viciado em negar a realidade e iludir-se e odeia a luz de Deus não vai querer se aproximar dela, para não ser submetido a uma exposição dolorosa. Mas quem crê e vive na verdade e na realidade recebe de coração a luz de Deus, de modo que sua obra pode ser vista, pois é a obra de Deus”.

    O AMIGO DO NOIVO

    22-26Depois dessa conversa, Jesus foi com seus discípulos para o interior da Judeia e descansou um pouco com eles ali. Ele também batizava. Ao mesmo tempo, João batizava em Enom, perto de Salim, onde há muita água. Isso foi antes de João ser preso. Os discípulos de João tiveram uma discussão com a elite judaica a respeito da natureza do batismo e foram perguntar a ele: “Rabi, o senhor conhece aquele que estava contigo do outro lado do Jordão? Aquele a quem o senhor confirmou com seu testemunho? Pois bem, ele agora está competindo conosco. Ele está batizando também, e todos estão se tornando seguidores dele em vez de se unir a nós!”.

    27-29João respondeu: “É impossível alguém ter sucesso — falo de sucesso eterno — sem ajuda celestial. Vocês mesmos estavam lá quando deixei muito claro que não sou o Messias, mas apenas aquele enviado adiante dele, para preparar o caminho. Aquele que recebe a noiva é, por definição, o noivo. E o amigo do noivo, seu ‘padrinho’ — no caso, eu —, a postos ao seu lado, de onde pode ouvir cada palavra, está feliz de verdade. Como poderia sentir inveja, se sabe que a festa acabou e que o casamento terá um bom começo?

    29-30“É por isso que meu cálice está transbordando. Chegou a hora de ele ocupar o centro das atenções e de eu chegar para o lado.

    31-33“Aquele que vem de cima é muito superior aos outros mensageiros de Deus. Quem nasceu na terra é terreno e fala uma língua da terra, enquanto ele apresenta a evidência do que viu e ouviu nos céus. Ninguém quer enfrentar esses fatos. Mas qualquer um que examinar essa evidência poderá apostar sua vida nisto: o próprio Deus é a verdade.

    34-36“Aquele que Deus enviou nos comunica a própria Palavra de Deus. E não pensem que ele divide o Espírito como se partisse um pão. O Pai ama o Filho de modo imensurável e tudo entregou a ele, para que ele passasse tudo adiante — uma generosa distribuição de dons. É por isso que quem aceita o Filho e confia nele tem tudo: vida plena e eterna! Também preciso dizer que quem rejeita o Filho e não confia nele vive na escuridão e não vê a vida. Tudo que experimenta de Deus são trevas e ira tenebrosa no final”.


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  • João, 2

    DA ÁGUA PARA O VINHO

    1-3Passados três dias, houve uma festa de casamento na cidade de Caná, na Galiléia. A mãe de Jesus estava lá. Jesus e seus discípulos também foram convidados. Quando o vinho estava quase no fim, a mãe de Jesus comentou com ele: “O vinho está acabando”.

    4Jesus respondeu; “E isso é da nossa conta, mãe? Minha hora não chegou ainda. Não me apresse”.

    5Mesmo assim, ela orientou os empregados: “Façam exatamente o que ele disser”.

    6-7Havia ali seis grandes potes de pedra, usados pelos judeus para as lavagens rituais, A capacidade de cada pote era de oitenta a cento e vinte litros. Jesus ordenou aos empregados: “Encham os potes de água”. E eles os encheram até a borda.

    8“Agora, encham suas taças e levem-nas ao mestre de cerimônias”, disse Jesus, e eles obedeceram.

    9-10Quando o mestre de cerimônias provou a água transformada em vinho (ele não sabia o que tinha acontecido, mas os empregados sabiam), ele disse ao noivo: “Todas as pessoas que conheço começam com os vinhos melhores e, depois que os convidados já beberam bastante, servem os inferiores. Mas você guardou o melhor até agora!”.

    11Esse ato de Jesus, em Caná da Galiléia, foi o primeiro sinal, o primeiro vislumbre de sua glória. E os seus discípulos creram nele.

    12Depois disso, ele voltou para Cafarnaum com a mãe, os irmãos e os discípulos e ficou ali um bom tempo.

    DERRUBEM ESTE TEMPLO…

    13-14A festa da Páscoa, celebrada pelos judeus na primavera, estava para acontecer, e Jesus viajou para Jerusalém. Ele encontrou o templo infestado de vendedores de gado, ovelhas e pombas. Os agiotas também estavam ali, trabalhando a todo vapor.

    15-17Jesus fez um chicote com tiras de couro e os expulsou do templo. O gado e as ovelhas fugiram. Ele virou as mesas dos agiotas, e as moedas rolavam para todo lado. Aos vendedores de pombas, ele ordenou: “Peguem suas coisas e caiam fora daqui! Não transformem a casa do meu Pai em mercado!”. Foi nessa hora que os discípulos dele se lembraram de um texto das Escrituras: “O zelo pela tua casa me consome”.

    18-19Mas os judeus estavam incomodados e perguntaram: “Com que autoridade você faz isso?” Jesus respondeu: “Derrubem este templo, e em três dias eu o reconstruirei”.

    20-22Eles ficaram indignados: “Foram necessários quarenta e seis anos para edificar o templo, e você vai reconstruí-lo em três dias?!”. Mas Jesus estava falando do seu corpo. Mais tarde, depois que ele se levantou dos mortos, seus discípulos se lembraram dessa declaração. Então, ajuntaram as peças do quebra-cabeça e creram nas Escrituras e no que Jesus tinha dito.

    23-25Durante o tempo em que ele permaneceu em Jerusalém, nos dias da festa, muitos observaram os sinais que ele realizava e, percebendo que apontavam diretamente para Deus, entregaram sua vida a ele. Mas Jesus não confiava neles. Ele os conhecia muito bem, por dentro e por fora, e sabia que não eram dignos de confiança. Não precisava de nenhuma ajuda para conhecê-los por dentro.


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