Categoria: Marcos

O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS
Introdução
O Evangelho de Marcos, considerado o mais antigo de todos os Evangelhos, anuncia a boa notícia a respeito de Jesus Cristo, dando atenção especial à sua atividade constante e à sua autoridade. Jesus vai de um lugar para outro, anunciando a vinda do Reino de Deus, ensinando multidões, fazendo milagres e curando doentes. Para ajudá-lo, ele escolhe doze homens, a quem chama de “apóstolos”. Estes acompanham Jesus por toda parte, aprendem o mistério do Reino de Deus e depois saem para anunciar a mensagem da salvação e curar pessoas.
A autoridade de Jesus vem de Deus. Ele é o Filho do Homem, aquele que Deus escolheu e enviou para ser o Salvador de todos (10.45). Portanto, ele tem autoridade para expulsar demônios, curar doentes e perdoar pecados.
Este Evangelho começa com o batismo de Jesus no rio Jordão por João Batista (1.9-11) e termina com a ressurreição de Jesus (16.1-8).

  • Marcos, 6

    APENAS UM CARPINTEIRO

    1-2Quando partiu dali, Jesus voltou para sua cidade. Seus discípulos o acompanharam. No sábado, ele começou a ensinar na sinagoga. Os ouvintes ficaram impressionados. “Ele é muito bom!”, comentavam. “De onde vem tanta sabedoria, tanta capacidade?”, perguntavam-se.

    3Não demorou, porém, já estavam falando mal dele: “Ora, ele é apenas um carpinteiro — o filho de Maria. Nós o conhecemos desde menino. Conhecemos também seus irmãos, Tiago, José, Judas e Simão, e suas irmãs. Quem ele pensa que é?” Mesmo sem conhecê-lo direito, eles o desprezavam.

    4-6Jesus declarou: “Um profeta só não é importante em sua terra e em sua família, nas ruas em que brincou quando criança”. Jesus não pôde fazer muita coisa ali — impôs as mãos sobre uns poucos doentes e os curou; nada mais. Não pôde vencer a resistência deles. Assim, decidiu visitar as outras cidades, ensinando o povo.

    OS DOZE

    7-8Jesus convocou os Doze e enviou-os em duplas. Deu-lhes autoridade e poder para enfrentar a oposição maligna, além das seguintes instruções:

    8-9“Não pensem que precisarão de muito equipamento para cumprir a missão. Vocês são o equipamento. Nada de depender do dinheiro. Sejam simples.

    10“Nada de hospedagem de luxo. Hospedem-se num lugar simples e contentem-se com isso.

    11“Se não forem bem recebidos e se não os ouvirem, retirem-se sem estardalhaço, sem fazer cena. É hora de dar de ombros e continuar o caminho”.

    12-13Então, eles partiram. Em alegre tom de urgência, anunciaram uma mudança – radical de vida. Por onde passaram, expulsaram demônios e levaram saúde aos doentes, ungindo o corpo e curando a alma.

    A MORTE DE JOÃO

    14Herodes tinha conhecimento de tudo isso porque o nome de Jesus estava na boca de todo mundo. O rei dizia: “Esse deve ser João, o Batista, que voltou dos mortos, por isso é capaz de fazer milagres”.

    15Outros discordavam: “Não, é Elias”. Outros ainda opinavam: “É um profeta, exatamente como os profetas dos tempos antigos”.

    16Herodes, porém, insistia: “Tenho certeza de que é João. Eu o decapitei, e agora ele está de volta — vivo!”

    17-20Esse Herodes foi aquele que mandara que João fosse preso e acorrentado, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe. Pois João havia irritado Herodes por denunciar o adultério do rei. Fervendo de raiva, ela queria matá-lo, mas não ousou fazê-lo porque Herodes respeitava João. Convencido de que ele era um homem santo, o rei dispensava-lhe um tratamento especial. Sempre que o ouvia, sentia-se culpado; mesmo assim, apreciava a palavra de João.

    21-22Entretanto, chegou um dia especial: o aniversário de Herodes. Ele convidou toda a elite da Galiléia, toda a nobreza. A filha de Herodias entrou no salão do banquete e dançou para os convidados. Ela encantou Herodes e todos os convidados.

    22-23O rei disse à moça: “Peça-me qualquer coisa. Darei o que você quiser”. Entusiasmado, acrescentou: “Juro que divido meu reino com você, se me pedir”.

    24Ela foi consultar sua mãe: “O que devo pedir?” “Peça a cabeça de João, o Batista”, foi a resposta.

    25Empolgada, ela correu até o rei e pediu: “Quero a cabeça de João, o Batista, numa bandeja. E quero agora!”

    26-29O pedido deixou o rei abalado, mas, para não perder o prestígio diante dos convidados, concedeu o que ela desejava. Ordenou que o carrasco fosse à prisão e trouxesse a cabeça de João. Ele cortou a cabeça de João e trouxe-a numa bandeja; entregou-a à moça, que a levou para sua mãe. Quando os discípulos de João souberam do fato, foram buscar o corpo e lhe deram um sepultamento digno.

    COMIDA PARA CINCO MIL

    30-31Os apóstolos voltaram de sua missão e relataram a Jesus tudo que haviam feito e ensinado. Jesus disse: “Venham! Vamos parar e descansar um pouco”. Era tanta gente indo e vindo que eles não tinham tempo nem para comer.

    32-34Eles entraram no barco e foram para um lugar mais tranquilo. Entretanto, alguém os viu partindo, e a notícia se espalhou. Muita gente saiu correndo das cidades vizinhas, e chegou ao lugar de destino antes deles. Quando Jesus saiu do barco, uma multidão imensa o aguardava. Ao ver todo aquele povo, ele ficou comovido. Afinal, eram como ovelhas sem pastor. Ele imediatamente pôs-se a ensiná-los.

    35-36Já no cair da tarde, os discípulos viram que Jesus estava se alongando e o interromperam: “Estamos no meio do nada, e está ficando tarde. Despede o povo para que eles saiam e consigam o que comer nas redondezas”.

    37Jesus respondeu: “Vocês vão dar comida a eles”. Eles perguntaram: “É sério? Mesmo que gastemos uma fortuna?”

    38Mas ele não estava brincando. “Quantos pães vocês têm? Verifiquem”. Não demorou para saberem. “Cinco pães e dois peixes”, informaram.

    39-44Jesus mandou que todos se assentassem em grupos de cinquenta ou de cem na grama verde. Ele tomou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu, orou, abençoou o pão, partiu-o e entregou tudo aos discípulos, que por sua vez o repartiram com o povo. Ele fez o mesmo com o peixe. Todos comeram e ficaram satisfeitos. Os discípulos recolheram doze cestos de sobras. E os que participaram da refeição foram cerca de cinco mil.

    ANDANDO SOBRE O MAR

    45-46Terminada a refeição, Jesus insistiu em que os discípulos entrassem no barco e fossem para Betsaida enquanto ele despedia o povo. Em seguida, ele subiu a uma montanha para orar.

    47-49Tarde da noite, o barco já estava longe, e Jesus ainda estava em terra. Ele podia ver a dificuldade de seus companheiros com os remos, pois o vento estava contra o barco. Por volta das quatro horas da madrugada, Jesus foi na direção deles, andando sobre o mar. E, quando se aproximou e eles o viram, pensaram que fosse um fantasma e gritaram, apavorados.

    50-52Jesus tratou de tranquilizá-los: “Calma! Sou eu. Não tenham medo”. Assim que ele entrou no barco, o vento cessou. Eles ficaram perplexos, coçando a cabeça e tentando entender tudo que havia acontecido. Não haviam entendido o que ele fizera na hora da refeição. Estavam com o coração endurecido.

    53-56Concluíram a travessia, ancoraram o barco em Genesaré e lá o deixaram. Assim que pisaram em terra, a notícia rapidamente se espalhou. O povo correu até onde eles estavam, trazendo doentes em macas. Para onde quer que ele fosse, aldeia, cidade ou rota de comércio, os doentes eram levados até um local público. Eles imploravam que Jesus lhes permitisse tocar pelo menos na orla de sua roupa. E todos que a tocavam eram curados.


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  • Marcos, 5

    O HOMEM LOUCO

    1-5Eles chegaram ao outro lado do mar, na terra dos gerasenos. Assim que Jesus saiu do barco, um louco, vítima de demônios, saiu do cemitério e correu para ele. O homem vivia no meio das sepulturas. Ninguém conseguia prendê-lo. Era impossível acorrentá-lo ou amarrá-lo. Ele fora amarrado muitas vezes com cordas e correntes, mas quebrava as correntes e arrebentava as cordas. Ninguém era forte o bastante para subjugá-lo. Noite e dia, vagava entre as tumbas e pelas colinas, gritando e cortando o próprio corpo com pedras pontiagudas.

    6-8Quando ele viu Jesus, correu na direção dele e curvou-se reverentemente — depois rugiu em protesto: “O que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Em nome de Deus, não me perturbes!”. (Jesus havia ordenado ao espírito maligno: “Fora! Saia deste homem!”.)

    9-10Jesus perguntou: “Diga-me seu nome”. Ele respondeu: “Meu nome é Multidão. Pois somos muitos”. Em desespero, implorou a Jesus que não o expulsasse daquela região.

    11-13Uma grande manada de porcos estava pastando numa colina perto dali. Os demônios, então, suplicaram a Jesus: “Manda-nos para os porcos, permita que vivamos neles”. Jesus permitiu. Mas aos porcos aconteceu pior do que ao homem. Enlouquecidos, correram, pularam de um penhasco, caíram no mar e se afogaram.

    14-15Aterrorizados, os que cuidavam dos porcos saíram em disparada e contaram o incidente na cidade e na região. Todos queriam ver de perto o que havia acontecido. Eles encontraram Jesus e viram o louco assentado, usando roupas decentes e em perfeita saúde não mais como alguém fora do juízo.

    16-17Os que haviam presenciado a cena contaram aos outros o que acontecera ao endemoninhado e aos porcos. No princípio, os curiosos ficaram impressionados. Depois ficaram revoltados por causa dos porcos que haviam perdido e imploraram a Jesus que saísse dali e nunca mais voltasse.

    18-20Jesus estava indo para o barco, e o homem que fora liberto dos demônios pediu para acompanhá-lo, mas o Mestre não o permitiu. Em vez disso, aconselhou: “Vá para casa, para seu povo. Conte-lhes o que o Mestre, num gesto de misericórdia, fez por você”. O homem voltou e, na área das Dez Cidades, dava testemunho do que Jesus havia feito por ele. Ele se tornou o assunto da cidade.

    ARRISCANDO-SE PELA FÉ

    21-24Após a travessia, uma imensa multidão formou-se à beira-mar. Um dos líderes da sinagoga, chamado Jairo, foi falar com Jesus. Ajoelhou-se diante dele e suplicou: “Minha filhinha está à beira da morte. Vem comigo e impõe as mãos sobre ela para que melhore”. Jesus foi com ele, e a multidão inteira os acompanhou, apertando-o e empurrando-o.

    25-29Uma mulher que estava sofrendo de hemorragia havia doze anos ouviu falar de Jesus. (Muitos médicos haviam tratado dela, mas sem sucesso; levaram todo o seu dinheiro e a deixaram pior que antes.) Ela esgueirou-se por trás dele e tocou sua roupa. Ela pensava: “Basta eu tocar em sua roupa para ficar boa”. No momento em que o tocou, a hemorragia parou. Ela pôde sentir a mudança. Sabia que estava livre daquele mal.

    30No mesmo instante, Jesus sentiu que dele saíra poder. Voltou-se para a multidão e perguntou: “Quem tocou minha roupa?”

    31Os discípulos disseram: “Como assim? A multidão empurra e aperta de todo lado, e o senhor quer saber quem o tocou?”

    32-33Mas ele insistiu, olhando ao redor para ver quem o tocara. A mulher, sabendo o que havia acontecido e que o havia tocado, tremendo de medo ajoelhou-se diante dele e contou toda a história.

    34Jesus lhe disse: “Filha, você se arriscou por causa da sua fé, e agora está curada. Tenha uma vida abençoada! Seja curada da sua doença!”

    35Enquanto ele ainda falava, algumas pessoas chegaram da casa do líder da sinagoga e informaram: “Sua filha morreu. Por que continuar incomodando o Mestre?”.

    36Ouvindo o que diziam, Jesus tranquilizou o homem: “Não dê atenção a eles, apenas confie em mim”.

    37-40Ele não permitiu que ninguém fosse com ele, exceto Pedro, Tiago e João. Entraram na casa, abrindo caminho entre os fofoqueiros, sempre ávidos por uma novidade, e pelos vizinhos, que haviam trazido comida. Jesus foi ríspido com eles: “Por que todo esse falatório e essa choradeira sem sentido? A criança não está morta; está dormindo!” As pessoas na casa zombavam dele, achando que ele não sabia o que estava dizendo.

    40-43Contudo, Jesus dispensou todos eles, chamou o pai e a mãe da criança e seus companheiros e entrou no quarto da menina. Segurando a mão dela, ordenou: “Talita cumi”, que significa: “Menina, levante-se!” Ela se levantou e começou a andar! A menina tinha

    12anos de idade. Os pais, obviamente, não continham a alegria, mas Jesus deu ordens estritas para que não contassem nada a ninguém e ordenou: “Deem a ela alguma coisa para comer”.


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  • Marcos, 4

    A HISTÓRIA DA SEMENTE

    1-2Ele voltou a ensinar à beira da praia. A multidão que se formou em torno dele era tão grande que ele entrou num barco, perto da praia, e assentou-se. Jesus usou o barco como púlpito, enquanto o povo se acotovelava perto da água. Ele ensinava por meio de histórias, muitas histórias.

    3-8“Ouçam. O que vocês acham? Um agricultor estava semeando. Enquanto fazia seu trabalho, algumas sementes caíram pelo caminho, e aves as comeram. Outras caíram no meio dos pedregulhos. Brotaram rapidamente, mas não aprofundaram raízes. Com o calor do Sol, secaram tão rapidamente quanto haviam brotado. Outras ainda caíram no meio das ervas daninhas. As sementes chegaram a brotar, mas foram sufocadas. Nenhuma sobreviveu. Por fim, algumas, porém, caíram em boa terra e floresceram, produzindo uma colheita que superou todas as expectativas.

    9“Vocês estão entendendo?”

    10-12Quando eles ficaram sozinhos, os que eram mais chegados a ele, além dos Doze, pediram que ele explicasse a história. Ele disse: “Vocês têm o privilégio de conhecer melhor o Reino de Deus. Conhecem as suas verdades. Mas, para aqueles que ainda não podem ver, tudo é dito por meio de histórias, a fim de guiá-los a discernimentos mais profundos. Essas pessoas são assim— Seus olhos estão abertos, mas não veem nada; Seus ouvidos estão abertos, mas não entendem uma palavra; Recusam-se a voltar-se para Deus para receber perdão”.

    13Ele continuou: “Entenderam o objetivo da história? Todas as minhas histórias têm o mesmo propósito.

    14-15“O agricultor planta a Palavra. Alguns são como a semente que cai à beira do caminho. Assim que ouvem a Palavra, Satanás arranca o que foi plantado neles.

    16-17“Outros são como a semente que cai no meio dos pedregulhos. Ouvem a Palavra e a recebem com grande entusiasmo. Mas, assim como a Palavra não cria raízes, a emoção passa ou surge alguma dificuldade, não sobra nada.

    18-19“A semente lançada no meio das ervas daninhas é aquele que ouve a mensagem do Reino, mas é vencido pela preocupação e pela ilusão de manter o que tem e de ganhar mais. A mensagem é sufocada, e não sobra nada.

    20“A semente lançada na terra boa é a pessoa que ouve a Palavra e a abraça, e a colheita supera todas as expectativas”.

    GENEROSIDADE

    21-22Jesus continuou: “Alguém compra uma lâmpada para pôr debaixo do tanque ou debaixo da cama? O que síffaz não é colocá-la numa prateleira? Nós não estamos guardando segredos. Nós os estamos revelando; não estamos escondendo nada, mas tornando público.

    23“Vocês estão entendendo?

    24-25“Ouçam bem o que estou dizendo. Fiquem atentos quando algum espertalhão ensinar que vocês podem vencer na vida por vocês mesmos. Dar é o caminho, não ganhar. Generosidade produz generosidade. A avareza empobrece”.

    NUNCA SEM UMA HISTÓRIA

    26-29Então, Jesus disse: “O Reino de Deus é como sementes lançadas num campo por um homem. Ele vai dormir e se esquece do que fez. A semente brota e cresce, mas ele nem imagina como isso ocorre. A terra dá conta de tudo, sem a ajuda dele: primeiro o caule, depois a espiga e por fim o grão. Quando o grão está maduro, ele o colhe — é o tempo da colheita!

    30-32“Como podemos descrever o Reino de Deus? Que ilustração podemos usar? É como a semente de mostarda. É uma das menores sementes, mas, uma vez plantada, germina e cresce tanto que os pássaros fazem ninhos em seus ramos e abrigam-se à sua sombra”.

    33-34Com outras histórias semelhantes, ele apresentava sua mensagem ao povo, aplicando as histórias à experiência e compreensão deles. Ele sempre contava uma história. Quando estava sozinho com seus discípulos, explicava tudo, desfazendo o emaranhado. Todos os nós eram desatados.

    O VENTO VIROU BRISA

    35-38Naquele dia, ao cair da tarde, ele decidiu: “Vamos para o outro lado do mar”. Eles entraram no barco em que ele estava. Outros barcos foram atrás deles. De repente, uma tempestade violenta os envolveu. As ondas invadiam a embarcação, ameaçando afundá-la, enquanto Jesus, com a cabeça sobre um travesseiro, dormia na popa do barco! Os discípulos o acordaram, implorando: “Mestre, não vais fazer nada? Nós vamos morrer!”

    39-40Jesus acordou e ordenou ao vento que se acalmasse. Ele disse ao mar: “Quieto! Sossegue!” O vento virou brisa, e o mar ficou em plena calmaria. Jesus repreendeu os discípulos: “Por que tanto medo? Vocês não têm fé?”

    41Eles estavam apavorados e confusos. “Afinal, quem é este homem?” se perguntavam. “Até o vento e o mar se acalmam quando ele ordena!”


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  • Marcos, 3

    FAZENDO O BEM NO SÁBADO

    1-3Depois disso, ele voltou à sinagoga e estava ali um homem que tinha uma das mãos aleijada. Os fariseus estavam de olho, para ver se ele iria curá-lo, quebrando o sábado. Ele disse ao homem da mão aleijada: “Fique aqui, onde todos possam vê-lo”.

    4Então, ele perguntou aos presentes: “Que atitude é coerente com o sábado: fazer o bem ou o mal? Ajudar as pessoas ou deixá-las sem ajuda?”. Ninguém disse nada.

    5-6Ele os encarou um a um, indignado com a religiosidade inflexível deles, e, então, ordenou ao homem: “Estenda a mão!” Ele a estendeu — ela ficou perfeita! Os fariseus se retiraram imediatamente, discutindo como unir forças com os partidários de Herodes para acabar com Jesus.

    OS DOZE APÓSTOLOS

    7-10Jesus partiu com seus discípulos para o mar, só para sair dali, mas uma multidão imensa foi atrás dele, gente da Galiléia, da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, da região próxima do Jordão e das vizinhanças de Tiro e Sidom — um mundaréu de gente desejosa de conhecer ao vivo aquele de quem tanto tinham ouvido falar. Ele recomendou aos discípulos que tivessem um barco preparado, assim não seria atropelado pela multidão. Pelo fato de ele haver curado muitas pessoas, todos os que sofriam de algum mal se acotovelavam para chegar o mais perto possível dele e tocá-lo.

    11-12E, no caso dos espíritos malignos, quando o reconheciam, caíam e gritavam: “Você é o Filho de Deus!”. Mas Jesus não dava atenção a eles. Fazia-os calar, proibindo-os de dizer em público quem ele era.

    13-19Ele subiu a uma montanha e convidou alguns para o acompanhar. Foram juntos, e ah ele escolheu doze e os designou apóstolos. Jesus os reuniu para enviá-los a proclamar a Palavra. Também lhes daria autoridade para expulsar demônios. Os Doze são: Simão (Jesus, mais tarde, chamou-o Pedro, que significa “Rocha”); Tiago, filho de Zebedeu; João, irmão de Tiago (Jesus passou a chamar os irmãos Zebedeu de Boanerges, que significa “Filhos do Trovão”); André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote; Judas Iscariotes (que o traiu).

    SATANÁS CONTRA SATANÁS

    20-21Jesus foi para casa e, como sempre, uma multidão se formou em volta. Era tanta gente pedindo ajuda que ele não tinha tempo nem para comer. Alguns parentes, informados da situação, foram tirá-lo de lá — até pela força, se necessário. Eles suspeitavam que Jesus estava perdendo o juízo.

    22-27Os líderes religiosos de Jerusalém espalharam o boato de que ele estava praticando magia negra, fazendo truques diabólicos para impressionar o povo, mostrando poder espiritual. Jesus contestou a calúnia: “Faz sentido um demônio lutar contra outro demônio? Satanás expulsaria o próprio Satanás? Uma família que vive brigando se desintegrará. Se Satanás expulsa Satanás, não irá se destruir? Acham que é possível, em plena luz do dia, entrar na casa de um homem forte e acordado e roubar seus bens, sem amarrá-lo primeiro? Amarrem-no, e, então, poderão roubá-lo.

    28-30“Faço aqui uma advertência. Não há nada dito ou feito que não possa ser perdoado. Mas, se vocês persistirem nas calúnias contra o Espírito Santo de Deus, estarão deliberadamente rejeitando aquele que perdoa, rompendo relações com aquele que os sustenta”. Ele fez essa advertência porque era acusado por eles de ter ligação com o Maligno.

    MAIS VALE A OBEDIÊNCIA QUE LAÇOS DE SANGUE

    31-32Naquele momento, sua mãe e seus irmãos apareceram. Estando do lado de fora, mandaram um recado, dizendo que queriam falar com ele, Ele estava cercado pela multidão quando recebeu o recado: “Sua mãe e seus irmãos estão lá fora à sua procura”.

    33-35Jesus respondeu: “Quem vocês acham que são minha mãe e meus irmãos?” Olhando ao redor, para cada um dos que estavam sentados à sua volta, ele declarou: “Estão bem aqui, na frente de vocês. Estes são minha mãe e meus irmãos. Mais vale a obediência que laços de sangue. Quem faz a vontade de Deus é meu irmão, irmã e mãe”.


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  • Marcos, 2

    A CURA DO PARALÍTICO

    1-5Passados alguns dias, Jesus voltou para Cafarnaum, e a notícia de que ele havia voltado logo se espalhou. Uma multidão se formou, bloqueando a entrada da casa, de modo que ninguém podia entrar ou sair. Ele estava ensinando a Palavra, quando quatro homens apareceram, carregando um paralítico. Eles não conseguiram entrar por causa da multidão, por isso removeram parte do telhado e desceram o paralítico em sua maca. Impressionado com tanta fé, Jesus disse ao paralítico: “Filho, eu perdoo seus pecados”.

    6-7Alguns líderes religiosos que estavam presentes começaram a cochichar entre si: “Ele não pode falar assim. Que blasfêmia! Só Deus pode perdoar pecados!”

    8-12Jesus sabia o que eles estavam pensando e perguntou: “Por que se mostram céticos? O que acham que é mais fácil: dizer ‘Eu perdoo seus pecados’ ou ‘Levante-se, pegue sua maca e comece a andar’? Pois bem, para que fique claro que sou o Filho do Homem e estou autorizado a fazer uma coisa e outra — voltou-se para o paralítico e ordenou: —, “Levante-se! Pegue sua maca e vá para casa!”. E o homem assim fez — levantou-se, pegou sua maca e saiu andando diante de todos. Eles esfregaram os olhos, custando a acreditar no que viam, mas, então, louvaram a Deus: “Nunca vimos nada igual!”.

    O COBRADOR DE IMPOSTOS

    13-14Jesus foi uma vez mais caminhar à beira-mar, e, de novo, uma multidão foi atrás dele, para ouvir seu ensino. Caminhando, ele viu Levi, filho de Alfeu, que era cobrador de impostos. Jesus convidou: “Venha comigo”. Ele se levantou e passou a segui-lo.

    15-16Mais tarde, Jesus e os discípulos estavam jantando na casa de Levi, e seus convidados eram pessoas de má reputação. Surpreendentemente, alguns deles se tornaram seguidores de Jesus. Os líderes religiosos e os fariseus, vendo Jesus na companhia daquela gente, foram tomar satisfação com os discípulos: “Que exemplo ele está dando, andando com essa gente desonesta e essa ralé?”.

    17Jesus escutou a crítica e reagiu: “Quem precisa de médico: quem é saudável ou quem é doente? Estou aqui para dar atenção aos de fora, não para mimar os da casa, que se acham justos”.

    FESTEJAR OU JEJUAR

    18Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus tinham o costume de jejuar, por isso alguns foram perguntar a Jesus: “Por que os seguidores de João e os fariseus adotam a disciplina do jejum, mas os seus seguidores não?”.

    19-20Jesus respondeu: “Numa festa de casamento, vocês não economizam no bolo nem no vinho, porque estão festejando. Depois, poderão até precisar economizar, mas não durante a festa. Enquanto o noivo e a noiva estão com vocês, é tudo alegria. Depois que os noivos forem embora, o jejum pode começar. Ninguém joga água fria na fogueira enquanto tem gente em volta. Essa é a vinda do Reino!”.

    21-22Ele continuou: “Ninguém corta um cachecol de seda para remendar uma roupa velha. Usa-se um remendo que combine. Ninguém guarda vinho em garrafas rachadas”

    23-24Num sábado, Jesus atravessava uma plantação de cereal. Enquanto caminhavam, os discípulos descascaram algumas espigas. Os fariseus reclamaram com Jesus: “Seus discípulos estão quebrando as regras do sábado!”.

    25-28Jesus reagiu: “É mesmo? Vocês nunca leram o que Davi e seus companheiros fizeram quando estavam com fome? Ele entrou no santuário e comeu o pão fresco do altar, na frente do sacerdote principal Abiatar — o pão santo, que ninguém podia comer, senão os sacerdotes —, e o repartiu com os companheiros”. Jesus acrescentou: “O sábado foi feito para o nosso benefício; não somos escravos do sábado. O Filho do Homem não é escravo do sábado: é o Senhor dele!”.


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  • Marcos, 1

    JOÃO, O BATISTA

    1-3 As boas notícias acerca de Jesus Cristo — a Mensagem! — começam aqui; seguindo ao pé da letra o livro do profeta Isaías: Observem com atenção: Enviei meu mensageiro adiante de vocês; Ele preparará a estrada para vocês. Trovão no deserto! Preparem-se para a chegada de Deus! Tornem o caminho plano e reto!

    4-6 João, o Batista, apareceu no deserto pregando um batismo de mudança de vida que leva ao perdão dos pecados. As pessoas se atropelavam para ir a ele, desde a Judeia e Jerusalém e, enquanto confessavam seus pecados, eram batizadas por ele no rio Jordão, como sinal de uma vida transformada. João vestia uma túnica de pelo de camelo, amarrada à cintura por um cinto de couro. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.

    7-8 Sua pregação era esta: “O mais importante está por vir: O protagonista deste drama, perante o qual sou um simples figurante, mudará a vida de vocês. Eu os batizo aqui no rio, mudando a velha vida de vocês pela vida no Reino. O batismo dele — com o Espírito Santo — irá mudá-los de dentro para fora”.

    9-11 Nessa época, Jesus de Nazaré apareceu na Galiléia e foi batizado por João no Jordão. Assim que saiu da água, Jesus viu o céu aberto e o Espírito de Deus, à semelhança de uma pomba, descendo sobre ele. Com a visão do Espírito, ouviu-se uma voz: “Você é o meu Filho, escolhido e marcado pelo meu amor, a alegria da minha vida”.

    O REINO DE DEUS ESTÁ AQUI

    12-13 Imediatamente, o Espírito guiou Jesus ao deserto. Durante quarenta dias e noites ele foi testado por Satanás. Animais selvagens eram sua companhia, e os anjos tomavam conta dele.

    14-15 Depois que João foi preso, Jesus mudou-se para a Galiléia e ali pregava: “O tempo é agora! O Reino de Deus está aqui. Mudem de vida e creiam na Mensagem”.

    16-18 Caminhando pela praia do mar da Galiléia, Jesus avistou Simão e seu irmão André pescando com redes. Era nisso que trabalhavam. Jesus convidou-os: “Venham comigo! Vou fazer de vocês um novo tipo de pescadores. Vou mostrar como pescar pessoas, em vez de peixes”. Sem fazer uma pergunta, eles simplesmente largaram as redes e foram com ele.

    19-20 Alguns metros adiante, perto da praia, ele viu os irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu, que estavam no barco, consertando as redes. Jesus fez aos dois a mesma proposta. Imediatamente, eles deixaram seu pai, Zebedeu, o barco e os empregados, e o acompanharam.

    ENSINO COM AUTORIDADE

    21-22 Eles entraram em Cafarnaum. Quando o sábado chegou, Jesus logo foi para a sinagoga e passou o dia lá, ensinando. O povo ficou admirado com seu ensino objetivo e confiante, sem os sofismas e as citações usados pelos líderes religiosos.

    23-24 De repente, estando ele ainda na sinagoga, a reunião foi interrompida por um homem extremamente perturbado, que gritava: “O que você veio fazer aqui conosco, Jesus? Sei o que você veio fazer aqui, Nazareno. Você é o Santo de Deus, e veio aqui para nos destruir”.

    25-26 Jesus ordenou: “Quieto! Saia dele!” O espírito perturbador agitou o homem, protestou em voz alta — e saiu.

    27-28 Os ouvintes, impressionados, cochichavam entre si: “O que está acontecendo aqui? Um novo ensinamento, com demonstração prática? Ele consegue calar espíritos demoníacos imundos e ainda os expulsa!” A notícia correu rapidamente, e todos na Galiléia ficaram sabendo do incidente.

    29-31 Jesus saiu da sinagoga e foi para a casa de Simão e André, acompanhado por Tiago e João. A sogra de Simão estava de cama, ardendo em febre. Informado disso, Jesus foi até onde ela estava, pegou-a pela mão e a fez levantar-se. Tão logo a febre a deixou, ela foi preparar o jantar para eles.

    32-34 Ao anoitecer, depois do pôr do sol, foram trazidas a ele pessoas doentes e afligidas por espíritos malignos. A cidade inteira fez fila na porta da casa! Ele curou os corpos doentes e as almas atormentadas. Os demônios conheciam sua verdadeira identidade, mas ele não permitia que se pronunciassem.

    O LEPROSO

    35-37 Ainda não havia amanhecido, quando ele se levantou e retirou-se para orar num lugar isolado. Simão e os que estavam com ele foram procurá-lo. Eles o encontraram e disseram: “Todos estão à tua procura”.

    38-39 Jesus decidiu: “Vamos a outras cidades para que eu possa pregar ali também. Faz parte da minha missão”. Assim, por toda a Galiléia ele visitou sinagogas, que era um lugar de reunião, pregando e expulsando demônios.

    40 Um leproso aproximou-se dele, ajoelhou-se e implorou: “Se o senhor quiser, pode me purificar”.

    41-45Emocionado, Jesus estendeu a mão, tocou o leproso e disse: “Quero! Fique limpo!” A lepra desapareceu na hora. A pele do homem ficou lisa e saudável. Jesus o despediu com ordens estritas: “Não diga nada a ninguém. Apenas se apresente ao sacerdote e leve a oferta de purificação, como Moisés prescreveu, para validar a cura diante da comunidade”. Mas, assim que se afastou de Jesus, o homem saiu contando a cura que recebera, espalhando a notícia por toda a cidade. Jesus, então, passou a entrar na cidade de modo mais discreto, pois já não podia fazer isso publicamente. No entanto, ele logo foi encontrado, e o povo corria para ele, vindo de todos os lugares.


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